O Departamento de Defesa dos EUA não está mais buscando projetos de proteínas cultivadas em laboratório para consumo humano; entenda melhor o que está acontecendo
Volta e meia o assunto carne de laboratório invade os noticiários dos jornais brasileiros. A Associação Nacional de Produtores de Carne dos Estados Unidos (NCBA) divulgou um comunicado que seus esforços para evitar que proteínas ultraprocessadas e cultivadas em laboratório apareçam na dieta das forças armadas americanas foram bem-sucedidos, após notícias de que o Departamento de Defesa dos EUA não está buscando projetos de proteínas cultivadas em laboratório para consumo humano.
Segundo informações publicadas pela associação nesta semana a entidade foi o primeiro e único grupo a descobrir sobre a intenção do Departamento de Defesa dos EUA em direcionar orçamento para projetos de proteína cultivada em laboratório e foi o primeiro e único grupo a revidar.
“Após semanas de engajamento com o Congresso e de lutar contra esse plano, estamos entusiasmados em ter a confirmação do departamento de defesa de que a proteína cultivada em laboratório não estará no menu dos militares da nossa nação. Esses homens e mulheres fazem os maiores sacrifícios todos os dias a serviço do nosso país e merecem alimentos de alta qualidade, nutritivos e saudáveis, como carne bovina de verdade cultivada por fazendeiros e fazendeiros americanos” – disse o presidente da NCBA e fazendeiro de Wyoming, Mark Eisele.
A NCBA trabalhou com aliados do agronegócio no Congresso para garantir a introdução de várias emendas ao projeto de lei que tentava introduzir a proteína produzida em laboratório na orçamento do departamento de defesa em 2025, visando evitar que os alimentos ultraprocessados apareçam nos pratos dos militares americanos.
“O Departamento de Defesa pode e deve estar na vanguarda da ciência, e respeitamos seu trabalho para investigar aplicações de defesa para novas ferramentas e tecnologias. No entanto, há uma grande diferença entre aplicações industriais ou de defesa e os alimentos que colocamos em nossos corpos. Os fazendeiros e pecuaristas dos EUA são mais do que capazes de atender à necessidade militar de proteína de alta qualidade”, disse a Diretora Sênior de Assuntos Governamentais da NCBA, Sigrid Johannes.
“A NCBA aprecia a capacidade de resposta do exército sobre esta questão, e agradecemos aos nossos aliados no Congresso, incluindo o Senador Fischer, o Congressista Davidson e o Congressista Bacon, por agirem rapidamente para garantir que apenas os produtos mais saudáveis e não processados acabem no prato de nossos militares” – finalizou Sigrid Johannes.
Carne cultivada gera debate no Brasil
No Brasil, a discussão sobre carne cultivada em laboratório ainda está nos estágios iniciais em termos regulatórios e legislativos. Apesar da inovação tecnológica prometer revolucionar a indústria alimentícia ao produzir carne de maneira mais sustentável e ética, o produto ainda não recebeu aprovação do governo brasileiro para ser comercializado, enquanto já obteve aprovações iniciais nos Estados Unidos.
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A crescente onda da “carne cultivada em laboratório” tem trazido grandes preocupações, já que esse tipo de “carne”, também chamada de sintética, cultivada, carne de laboratório ou carne de cultura, é produzida pela reprodução in vitro de células de animais — o produto final, portanto, não requer criação e abate de gado. Diante de tal situação, o Deputado Federal Tião Medeiros (PP-PR) protocolou na Câmara um projeto o PL 4616/2023 onde, se aprovado, fica proibida a pesquisa privada, produção, reprodução, importação, exportação, transporte e comercialização de carne animal cultivada em laboratório sob qualquer técnica e seus subprodutos.
Ultraprocessados são saudáveis?
Cientistas americanos, australianos e europeus fizeram a maior revisão mundial dos estudos sobre os malefícios dos alimentos ultraprocessados e chegaram à conclusão de que eles estão diretamente associados a 32 doenças. Estão na lista dos efeitos nocivos doenças cardíacas, câncer, diabetes tipo 2, problemas de saúde mental e morte precoce.
Os cientistas fizeram uma revisão guarda-chuva – que é um resumo de evidências de alto nível – de 45 diferentes meta-análises provenientes de 14 artigos de revisão. Um artigo de revisão é um resumo das evidências científicas sobre um tema específico.
A cientista brasileira Fernanda Rauber, doutora em ciências da Saúde e pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde Pública da USP, resume o motivo deste tipo de alimento fazer tão mal à saúde: “A maior parte dos ultraprocessados não é comida. É uma substância comestível produzida industrialmente.”
O consumo de alimentos ultraprocessados é responsável por aproximadamente 57 mil mortes prematuras de pessoas entre 30 e 69 anos por ano no Brasil, segundo um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade de Santiago de Chile e publicado no “American Journal of Preventive Medicine”.
Mais de 80 cientistas, representantes de governo e da sociedade civil, produziram documento em que sintetizam evidências científicas sobre os malefícios dos alimentos ultraprocessados à saúde humana e planetária.
Compre Rural traduziu informações do Drovers
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