Escolha da forrageira – Qual a melhor tomada decisão?



O sucesso na gestão da pecuária de corte está diretamente relacionado ao manejo do rebanho e das pastagens. Para determinar a forrageira que vai alimentar o rebanho, é primordial o entendimento sobre o tipo de clima e solo onde será implementado o sistema de produção e o planejamento sobre a escolha da raça e os objetivos da produção e sua utilização (cria, recria ou engorda).

Por Virgilio Antônio Xavier de Abreu* –– Estabelecer a forragem ideal para formação de pastagens em sua empresa rural, parece uma escolha fácil e de alta assertividade, porém tudo inicia-se com a necessidade de conhecimento técnico, sobre os dados climatológicos de sua localização, relevo e disponibilidade de nutrientes que o solo lhe proporciona. Em muitas gestões na produção de rebanhos, os proprietários se apoiam em conhecimentos gerais de criações de sucesso no mercado, sem considerar seus objetivos e a realidade presente em suas propriedades. Isto pode acarretar o efeito “manada” de escolha da forragem em formação, ou manutenção, da pastagem, uma vez que o sucesso de “um” não garante o sucesso do “outro”, que está situado em outras condições e ambiente.

Neste artigo vamos discutir os principais pontos a serem considerados para que tenhamos uma boa tomada de decisão na escolha de qual deve ser a forrageira vamos utilizar na fazenda, e como o clima e solo podem impactar de forma exponencial no lucro de sua fazenda.

Foto Divulgação.

Clima e solo – O primeiro passo para ter uma pastagem de qualidade!

No território brasileiro, 95% da carne bovina é produzida em regime de pastagem. Deste modo, escolher de maneira prudente a forrageira ideal permite que o produtor evite prejuízos significativo, não somente no ciclo de produção do rebanho, mas proporcionando um planejamento nutricional assertivo. Visto que uma forrageira inadequada a categoria do rebanho, pode exigir mais em seu manejo e ainda sim não oferecer o esperado aos animais.

Um ponto extremamente importante, é falta de atenção dos criadores ao estudo relacionado a qualidade do solo. Uma vez que em nenhum projeto de formação e/ou manutenção do pasto, o investimento neste estudo em análises e mensuração precisa dos nutrientes do solo, inviabiliza a atividade ou projeto pecuário. Este estudo somado aos fatores climatológicos da região, faz com que a espécie forrageira determinada não seja vulnerável as situações do ambiente, impedindo que seja selecionado uma espécie inadequada, à ataque de pragas diversas, infestação de plantas daninhas e mudanças climáticas adversas. Lembrando, que muitos consultores, especialistas ao tema, recomendam que é importante haver mais de um único tipo de forrageira na propriedade, diversificando a produção de volumoso durante os períodos de águas, transição e secas, administrando a capacidade de suporte da Fazenda.

Da mesma forma que devemos ter em mãos todo o conhecimento do tipo de solo, incluindo nutrientes disponíveis e relevo, o conhecimento do clima da região, luminosidade, índices de umidade do ar, pluviométricos oferecidos durante o ano é primordial para a escolha da espécie forrageira, visto que muitas delas não se adequam bem aos fatores climáticos da região, diminuindo o seu potencial produtivo.

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Foto: Divulgação

Fatores geográficos – Qual o seu impacto?

De modo geral, existem critérios distintos como temperatura, volume de chuva e tempo de exposição solar, dependendo da região do Brasil onde a propriedade se encontra. Na região Norte, Centro Oeste e Sudeste, são regiões mais quentes e com uma boa luminosidade. Por isso, forrageiras de clima tropical como as do tipo Brachiaria tendem a ser escolhidas pelos pecuaristas.

O Nordeste, em sistemas mais intensivos são normalmente utilizadas plantas do gênero Panicum ou Cenchrus ciliares, contudo, elas precisam de maior umidade e manejo cuidadoso devido às altas temperaturas e baixa umidade natural da região.

A região Sul há dois tipos de indicações, para as partes mais quentes forrageiras perenes de verão como, por exemplo, as Pennisetum e as Brachiaria, já para as regiões que sofrem com um inverno um pouco mais rigoroso. Por isso, as recomendações são para plantas como azevém, aveia e leguminosas. Usualmente, essa divisão por regiões do país já auxilia os proprietários na sua tomada de decisão, mas como os fatos já mencionados como solo e relevo, caso a fazenda esteja numa região mais montanhosa e fria do Sudeste, ou mais árida do centro-oeste, nem sempre o tipo de planta citado é válido. Portanto, essa análise deve ser feita para a propriedade em questão e condições próximas, independente da região do país.

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Fotos Wenderson Araujo

Quais as características de um bom capim?

De maneira universal, poderíamos ouvir a mesma resposta de vários criadores, buscando a característica de pouco talo e muita folha, resistente a seca, produzir muito matéria seca por hectare, folhagem macia, resistente a cigarrinha, que consegue produzir com solos de baixa fertilidade.

Dentre as opções das variedades disponíveis no mercado, são resultados dos investimentos em tecnologias que promoveu o desenvolvimento das forragens, lembrando que a gramínea Brachiaria foi lançado pela Embrapa em 1984, como uma nova cultivar, substituindo o capim Decumbens principal planta da época, devido às incidências de cigarrinha.

Com este acontecimento impulsionou o início de outros ciclos de capim. As principais variedades de capim utilizados em nosso país são: Marandu ou Brachiarão (Brachiaria Brizantha), há mais de 30 anos, sendo o mais implantado no país devido à sua alta flexibilidade de uso e sua grande capacidade adaptativa aos climas e aos diferentes níveis de fertilidade dos solos. É uma forrageira de fácil manejo, que tem um alto índice nutricional, garantindo mais produtividade. Apresenta raízes profundas e vigorosas, que confere tolerância à seca e ao frio, resistente à baixa luminosidade.

Em geral, todas as espécies forrageiras presentes no mercado são de ótima qualidade, apresentando apenas pontos referentes a adaptação de solo e clima que devem ser considerados. Por isso é primordial um ótimo conhecimento do clima, solo e o modelo de produção de sua fazenda. Ou seja, um bom planejamento e elevado conhecimento permitem uma boa tomada de decisão da espécie forrageira.

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Fotos Wenderson Araujo

Bom manejo da pastagem – Uma decisão para qualidade forrageira!

O potencial da cultura está relacionado às boas práticas de manejos. A adubação e correção da acidez do solo é uma operação fundamental, baseada na devolução ao solo dos nutrientes que as plantas absorvem e são exportados pelos animais na forma de proteína animal.

Após estabelecer o manejo correto de entrada e saída de animais no pasto, em caso de formação, após o primeiro corte pode-se realizar a utilização de herbicidas visto que as plantas invasoras estarão expostas, após a saída dos animais do pasto. Caso tenha sido realizado esta pulverização enquanto o capim estivesse com altura elevada, ele serviria como “guarda-chuvas” e não permitindo atingir as folhas largas, por exemplo. Subsequente a operação de pulverização, favorecendo o crescimento e não competição por nutrientes com a forrageira definida, ela irá se desenvolver tornando sua sombra um fator determinante para inibir quaisquer infestações de ervas daninhas indesejadas.

Importante lembrar, que a altura do capim, de forma geral, pode-se definir como a altura de saída, para quase todos as variedades, sendo a metade da altura de entrada. Exemplo do Tanzânia, que a entrada dos animais ideal será com 70 centímetros, terá saída com 35 centímetros.

Por fim, a produção vegetal interfere diretamente na produção animal, impactando na gestão nutricional do rebanho. Por isso a boa gestão das tomadas de decisão é essencial, tornando um dos mais importantes gatilhos para o sucesso do seu negócio. Ao passo que são muitas variáveis a serem analisadas, o uso de tecnologias nos ajuda a realizar esse trabalho de forma mais eficiente e eficaz, permitindo que todo o planejamento e tomadas de decisões sejam assertivas durante o processo de produção forrageira.

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Virgilio Antônio Xavier de Abreu – Gestor de Agronegócio, com Especialização em Economia do Agronegócio

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