EPMURAS: Técninca de avaliação visual do gado

O melhoramento genético animal obteve grande sucesso a partir do início da década de 80, com o surgimento do primeiro Sumário de Touros Desenvolvido pela ABCZ em parceria com a Embrapa, conheça a técnica EPMURAS.

No entanto, as avaliações de morfologia mostraram-se não menos importantes neste processo de evolução, onde surgiram várias metodologias que vêm sendo aperfeiçoadas durante este período, sempre na busca do animal com biotipo funcional, onde sejam contempladas as características ligadas a produtividade, fixando a idéia que este, é um método de seleção que deve estar sempre inserido no contexto do melhoramento animal.

O melhoramento genético efetivo das raças zebuínas teve início no ano de 1968 com a implantação da prova zootécnica do Controle de Desenvolvimento Ponderal (CDP) pela ABCZ. A década de 80 é marcada pelo lançamento do primeiro Sumário Nacional de Touros avaliado pela metodologia de modelos mistos, elaborado pela ABCZ e EMBRAPA.

A primeira avaliação genética da raça nelore, utilizando a metodologia de modelo animal pela USP em Ribeirão Preto. Mesmo com o uso de alta tecnologia na produção animal, o olho humano ainda é uma ferramenta indispensável e uma das principais formas de avaliação animal. A avaliação visual empírica continua sendo utilizada em inúmeras situações como: critério de compra e descarte dos animais; concessão de registros genealógicos por técnicos de associações das mais diversas raças bovinas; em julgamentos comparativos nas pistas de exposições agropecuárias e em acasalamentos dirigidos, em que muitos profissionais analisam o exterior dos animais em complemento a dados de genealogia, desempenho fenotípico e em avaliações genéticas, quando existentes.

Ao longo dos anos foram desenvolvidas várias técnicas, com a finalidade de facilitar a interpretação destas características de interesse produtivo, com diferentes metodologias nos mais variados programas de melhoramento genético existentes. O objetivo deste estudo é descrever os métodos de avaliação visual realizados nos principais Programas de Melhoramento Genético existentes no país.

EPMURAS
Foto: Divulgação

Avaliação do tipo e variáveis do EPMURAS

  • Estrutura Corporal (E);
  • Precocidade (P);
  • Musculosidade (M);
  • e Umbigo (U);
  • Caracterização Racial (R);
  • Aprumos (A);
  • Sexualidade (S).

Estrutura Corporal (E)

Prediz visualmente a área que o animal abrange visto de lado, olhando-se basicamente para o comprimento corporal e a profundidade de costelas. A área que o animal abrange está intimamente ligada aos seus limites em deposição de tecido muscular, tem uma escala de 1 a 6, tendo nota 1 o de menor estrutura e 6 o de maior estrutura.

Precocidade (P)

Nesta avaliação as maiores notas recaem sobre animais de maior profundidade de costelas em relação à altura de seus membros. Na prática, principalmente em idades mais jovens, onde muitas vezes os animais ainda não apresentam gordura de cobertura, o objetivo é identificar o desenho que corresponda a indivíduos que irão depositar gordura de acabamento mais precocemente, e que, via de regra, são os indivíduos com mais costelas em relação à altura de seus membros. Vale ressaltar que indicativos de deposição de gordura subcutânea somam para a avaliação do tipo precoce. Por exemplo,a musculatura, quanto mais definida, menor a capa de gordura que a recobre, a virilha baixa ou pesada e também a observação de pontos específicos, tais como a inserção da cauda, a maçã do peito, a paleta e a coluna vertebral são elementos adicionais que auxiliam na observação dessa característica.

Musculosidade (M)

A musculosidade será avaliada através da evidência das massas musculares. Animais mais musculosos e com os músculos bem distribuídos pelo corpo, além de pesarem mais na balança, apresentam melhor rendimento e qualidade da carcaça. Os escores atribuídos às características E, P e M nos permitem ter uma concepção espacial do animal, pois E estima a área que este abrange lateralmente e que, de forma bastante rudimentar, irá formar um retângulo. A característica E, analisada em conjunto com a característica P, irá indicar as proporções dos lados desse retângulo. Ao incluirmos o escore da característica M, daremos a terceira dimensão.

Esse paralelepípedo formado será a estimativa do volume do indivíduo. Vale ressaltar que essa concepção se torna mais precisa ao acrescentar os dados de peso e altura.

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FIGURA 1: representação do EPM. Fonte: Brasilcomz – Zootecnia Tropical, 2012.

Umbigo (U)

É avaliado a partir de uma referência do tamanho e do posicionamento do umbigo, bainha e prepúcio, devendo ser penalizado os indivíduos que apresentarem prolapso de prepúcio. Indica-se como nota 1 umbigos e bainhas muito reduzidas e nota 6 umbigo e bainha muito pendulosos. É conveniente a eliminação do plantel reprodutivo, dos exemplares que apresentam prepúcio longo, que ultrapasse a linha do jarrete, tendo em vista a alta herdabilidade genética desta característica.

FIGURA 2: Referência de escala de escores para a característica umbigo na raça Nelore. Fonte: Brasilcomz - Zootecnia Tropical, 2012.
Referência de escala de escores para a característica umbigo na raça Nelore. Fonte: Brasilcomz – Zootecnia Tropical, 2012.

As demais características relacionadas com a funcionalidade e expressão racial devem ser utilizadas no complemento da descrição de um indivíduo em provas de ganho de peso ou seleção, e são importantes para identificar animais que cumpram os pré-requisitos como matriz ou reprodutor:

Caracterização Racial (R)

Todos os itens previstos nos padrões raciais das respectivas raças usadas devem ser considerados. O tipo racial é um distintivo comercial forte e tem valor de mercado, o que, por si só, justifica sua inclusão em um programa de melhoramento.

Aprumos (A)

Serão avaliadas através das proporções, direções, angulações e articulações dos membros anteriores e posteriores. Na reprodução, bons aprumos são fundamentais para o macho efetuar bem a monta e para a fêmea suportá-la, além de estarem diretamente ligados ao período de permanência do indivíduo no rebanho.

Sexualidade (S)

Busca-se masculinidade nos machos e feminilidade nas fêmeas, sendo que estas características deverão ser tanto mais acentuadas quanto maior a idade dos animais avaliados. Avaliam-se os genitais externos, que devem ser funcionais, de desenvolvimento condizente com a idade cronológica. Para se avaliar dimorfismo sexual evidente, touro tem que ter cara de macho – chanfro curto e robusto, olhos enrugados e goteira evidente no caso do Nelore, além de escurecimento da tábua do pescoço e porção anterior do cupim, que deve ter a forma característica de castanha de caju e ser bem apoiado sobre o dorso sendo desenvolvido de acordo com a idade. Ter testículos bem conformados e desenvolvidos de acordo com a idade cronológica. A matriz tem que ter cara de fêmea, cabeça mais leve, delicada, pregueamento de úbere e desenvolvimento de vagina – de acordo com a idade.

Isto é, ambos os sexos devem apresentar características sexuais secundárias evidentes, pois tudo o que ocorre fisiologicamente no animal é exteriorizado na morfologia, evidenciando equilíbrio ou desequilíbrio na produção dos hormônios sexuais. Características sexuais do exterior do animal parecem estar diretamente ligadas à eficiência reprodutiva, e a reprodução é a característica de maior impacto financeiro na atividade.

A Tabela abaixo representa o resumo dos escores avaliados pelo método EPMURAS.

TABELA 1, escore de notas. Fonte: Brasilcomz - Zootecnia Tropical, 2010.
TABELA 1, escore de notas.
Fonte: Brasilcomz – Zootecnia Tropical, 2010.

A avaliação do tipo EPMURAS é realizada pelo Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ), mostra-se uma avaliação muito completa, tendo em vista que leva em consideração algumas características não avaliadas em outros métodos, como por exemplo, as características relacionadas com a funcionalidade e expressão racial, que serão utilizadas em provas de ganho de peso ou seleção, sendo importantes para descrição e identificação de indivíduos que cumpram os pré-requisitos como matriz ou reprodutor.

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