A produção deste composto causa diminuição do pH do meio (mais ácido), que inibe o crescimento de outros microrganismos que poderiam deteriorar a forragem
A produção de silagem de milho é muito comum e bastante utilizada por pecuaristas por apresentar uma série de vantagens. A principal delas é a possibilidade de armazenar o alimento para fornecê-lo em períodos de baixa produção de forragem, permitindo o planejamento da alimentação no gado para este período. Além disso, esse processo permite a conservação da forragem excedente produzida nos períodos das águas. Este procedimento para conservação garante características e qualidade semelhantes à forrageira não conservada.
A técnica de ensilagem consiste no acondicionamento do milho em um meio anaeróbio, ou seja, sem oxigênio, visando o desenvolvimento de microrganismos com capacidade de converter os carboidratos presentes na planta em ácidos orgânicos, principalmente ácido lático. A produção deste composto causa diminuição do pH do meio (mais ácido), que inibe o crescimento de outros microrganismos que poderiam deteriorar a forragem, como clostrídios, bacilos, enterobactérias, fungos filamentosos e leveduras. Dessa forma, o material ensilado é conservado por meio da acidificação.
É importante destacar que o processo de ensilagem depende da estabilização rápida do pH. Para que isso ocorra, é preciso que a forragem tenha açúcares prontamente fermentáveis, pois isso favorece o crescimento de bactérias do gênero Lactobacilo, que produzem o ácido lático (composto de interesse para o processo de acidificação).
O processo de ensilagem pode ser dividido em quatro etapas: fase de pré-fechamento do silo, fase de fermentação ativa, fase de fermentação estável e fase de abertura do silo.
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A fase aeróbica deve ser feita o mais rápido possível e consiste no tempo entre o início do enchimento do silo até seu fechamento. Nesta fase, como o oxigênio ainda está presente, o processo dominante que afeta a qualidade da forragem é a respiração da planta. Sendo assim, ocorre nesta fase uma elevação da temperatura da forragem, podendo causar perdas de matéria seca e levar a processos comandados pela temperatura, como, por exemplo, a reação de Maillard, onde há uma reação entre as proteínas e os carboidratos da planta, tornando parte do nitrogênio indisponível.
Após o fechamento do silo, em pouco tempo ocorre o esgotamento do oxigênio devido à respiração da planta. Assim, quando há a prevalência das condições anaeróbias, inicia-se a fase de fermentação. Nesta fase, ocorre a quebra das células das plantas que fornecem substrato para o crescimento microbiano anaeróbio.
Durante as primeiras 24 a 72 horas após o fechamento do silo, prevalecem neste ambiente as enterobactérias (que produzem principalmente ácido acético) e as bactérias ácido láticas. Porém, quando o pH cai para menos de 5, ocorre queda do número de enterobactérias e as bactérias ácido láticas predominam na silagem. Durante 1 a 4 semanas ocorre o crescimento ativo das bactérias ácido láticas até que o pH alcance um nível que seja suficiente para inibir o crescimento bacteriano ou que ocorra a exaustão dos substratos. Com isso, essas bactérias tornam-se inativas e há queda em sua população.
Uma das grandes preocupações na produção de silagem é o crescimento da bactéria anaeróbica Clostridium, que causam importantes danos na qualidade da silagem caso o pH não seja suficientemente reduzido, o que pode levar à produção de ácido butírico e aminas. A fermentação por esta bactéria pode levar à perda considerável de matéria seca e os produtos formados reduzem a aceitabilidade do alimento pelos animais.
A fase estável se inicia após o término da atividade microbiana, que se prolonga até que o silo seja aberto e a silagem volte a ter contato com o oxigênio. Os nutrientes são mais preservados quanto mais rápido for o processo fermentativo. Para isso é importante o predomínio do ácido lático, garantindo silagens de boa qualidade. Este ácido é praticamente inodoro, portanto, o cheiro de vinagre na silagem indica a presença de maior quantidade de ácido acético. Nestes casos, o que ocorreu é que demorou mais para que o pH da silagem caísse, não gerando o predomínio de bactérias ácido láticas.
O final do processo se inicia quando o silo é aberto. Deve-se ter cuidado com o correto armazenamento e vedação da silagem, pois o oxigênio presente na face do silo poderá entrar na massa e levar ao crescimento de bactérias aeróbicas, causando aquecimento da silagem e perdas de matéria seca.
Fonte: MilkPoint