Entenda e saiba como identificar a doença que faz a laranja desaparecer

Os danos dessa doença têm impactos expressivos na produção e na qualidade das frutas, levando à redução da vida útil dos pomares, diminuição da área cultivada e um aumento nos custos de produção além de pode tornar inviável 100% da produção do pomar: Conheça mais

A produção de laranjas no Brasil e no mundo enfrenta uma ameaça séria devido a uma doença chamada greening, também conhecida como huanglongbing (HLB). Essa enfermidade ataca todas as árvores de citrus e não há cura conhecida. Ela é transmitida por um inseto chamado psilídeo Diaphorina citri.

No Brasil, cerca de 77,2 milhões de árvores estão contaminadas e precisam ser removidas para conter a propagação da doença. O Brasil é um grande produtor de frutas cítricas, sendo responsável por 56% da produção mundial de suco de laranja e 80% das exportações globais, de acordo com a Fundecitrus e a CitrusBR.

A indústria citrícola movimenta anualmente cerca de 14 bilhões de dólares, contribui com 190 milhões de dólares em impostos e gera cerca de 200 mil empregos diretos e indiretos no país. No entanto, o greening representa uma ameaça significativa para esse setor.

Como e causado

O greening é causado pela bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus e provoca sintomas como amarelamento dos ramos, manchas nas folhas, frutas assimétricas e sementes abortadas. Isso resulta em perda de frutos e alteração na qualidade do suco de laranja.

Esses danos têm impactos expressivos na produção e na qualidade das frutas, levando à redução da vida útil dos pomares, diminuição da área cultivada e um aumento nos custos de produção, variando de 5% a 15%, dependendo da região. Além disso, em um curto período, o greening pode tornar inviável 100% da produção do pomar.

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Foto: Divulgação

Segundo dados do Fundecitrus, a prevalência da doença aumentou de 24,42% em 2022 para 38,06% em 2023 em todo o cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro. Nos Estados Unidos, na Flórida, que já foi o principal produtor mundial de laranjas, a doença causou uma queda significativa na produção. Passou de 170 milhões de caixas na safra 2007/2008 para 40 milhões de caixas na safra 2021/2022, mesmo com investimentos consideráveis de cerca de US$ 2 bilhões no combate à doença.

Entenda o Greening

O desafio fitossanitário do greening impacta severamente as laranjeiras, provocando a queda precoce dos frutos e uma redução significativa na qualidade, resultando, por conseguinte, em uma produção comprometida. Este inseto pode carregar a bactéria proveniente de uma planta já afetada pela doença, contaminando assim um pomar saudável. Em alguns casos, a contaminação também pode acontecer por meio do enxerto de mudas infectadas. Vale ressaltar que não há cura para esse mal, portanto, é fundamental ficar atento aos sintomas caso alguma árvore do pomar os apresente.

Como reconhecer o Greening

Os sinais de contaminação começam a se manifestar nas folhas da laranjeira, que começam a perder a coloração verde e adquirem tonalidade amarelada, um processo conhecido como clorose. Posteriormente, as folhas se deformam, apresentando nervuras mais espessas, até eventualmente caírem.

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Foto: Mais agro

Os frutos também são afetados, tornando-se pequenos, assimétricos e de qualidade inferior. Apresentam coloração irregular na casca, sementes mortas e caem prematuramente. O sabor da fruta torna-se mais ácido. Essa combinação de sintomas resulta no declínio gradual da laranjeira, que pode definhar e chegar ao fim de sua vitalidade.

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Foto: Divulgação

Se uma planta é contaminada, é imperativo removê-la do pomar. Todas as plantas afetadas pelo greening devem ser eliminadas, independentemente de sua idade. Essa medida é compulsória por lei (Portaria Nº 317, de 21 de maio de 2021, seção III, inciso 1º), e a multa varia conforme a legislação estadual. Recomenda-se que, antes da erradicação, o produtor rural pulverize o pomar com bioinseticidas.

Como gerenciar o Greening

A seguir, apresentamos seis dicas sobre como manter as plantações saudáveis, produtivas e sustentáveis.

Escolha do local de plantio

Os produtores devem optar por terrenos com baixa incidência de greening e que estejam distantes de pomares onde o controle da doença não é realizado de maneira adequada.

Investimento em mudas de qualidade

Ao selecionar mudas de qualidade, os citricultores asseguram uma produção precoce das árvores e a obtenção de frutos de excelência. Mudas saudáveis abrangem três aspectos: sanidade, genética (variedade e porta-enxerto) e vigor.

Redução do período de exposição a psilídeos

Os cinco primeiros anos após o plantio dos citros representam a fase em que as plantas são mais suscetíveis ao greening. Assim, é fundamental adotar medidas como adubação, irrigação e práticas culturais para acelerar o crescimento das árvores.

Atenção à faixa de borda

A faixa de borda das plantações, situada a aproximadamente 100 a 200 metros da divisa da propriedade, requer a pulverização com inseticidas em intervalos de 7 a 14 dias, dependendo do risco de contato com o psilídeo.

Identifique e elimine plantas infectadas

Os citricultores devem realizar inspeções regulares em todo o pomar, especialmente durante o período entre fevereiro e julho, quando os sintomas da doença estão mais evidentes. Plantas que exibem sinais da praga devem ser prontamente removidas para evitar que se tornem focos de transmissão do problema.

Foto: Divulgação

Acompanhe e controle

Além de observar os sintomas da doença nas plantas, os produtores também precisam monitorar a presença de psilídeos na região. Isso permitirá estabelecer a frequência das pulverizações no pomar e eliminar possíveis focos do problema, utilizando produtos que estejam em conformidade com a lista de Produção Integrada de Citros (PIC).

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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