Entenda como o agro será impactado na Nova era Lula

A vitória de Lula traz consigo um cenário político para que a discussão da demarcação de terras indígenas seja retomada, com o Ministérios do Povos.

Apesar de os principais estados movidos pelo agronegócio terem optado pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro, o resultado final da eleição apontou Lula como vencedor, com quase 51% dos votos. Sendo assim, o PT retornará ao comando do país e o agronegócio está preocupado com os impactos da agenda da esquerda no setor.

A primeira das preocupações é uma possível intervenção nos mercados, seja via taxação de exportações ou uso de estoques públicos reguladores; há também um receio, devido a uma insegurança no campo, com a possibilidade de aumento das invasões de terra do MST e demarcação de terras indígenas; lentidão na aprovação de registros de novas moléculas de defensivos agrícolas, com potencial atraso na modernização do setor; insegurança jurídica e consequente redução de investimentos; além de incerteza sobre rumos da política econômica e os efeitos no ambiente de negócios.

É pouco provável a intervenção nos mercados, por meio de taxação de exportação que ocorra, uma vez que causaria um estrago econômico. Até o final de 2022, os embarques do agro devem trazer ao país mais de R$ 140 bilhões. No caso dos estoques reguladores, consultorias indicam que haverá dificuldade de implementar o plano. Isso porque a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) possui baixa capacidade de armazenagem, o que geraria uma oferta de grãos potencialmente insuficiente para mexer com o mercado.

Já com relação aos riscos às propriedades privadas, este de fato é bastante provável que aumente. A vitória de Lula traz consigo um cenário político para que a discussão da demarcação de terras indígenas seja retomada, por meio de criação do Ministério dos Povos Originários e também no plenário do STF. Conforme a consultoria BMJ, a ministra Rosa Weber ainda neste ano pode colocar o Marco Temporal das Terras Indígenas em pauta. O MST deverá ganhar fôlego na ‘nova era’, como já indicou Pedro Stédile, líder do Movimento Sem Terra (MST).

Outro ponto é que a defesa da agroecologia e agricultura orgânica pelo Partido dos Trabalhadores também pode antagonizar a da agricultura de larga escala e significar atrasos na aprovação de novas tecnologias, o que seria um problema.

Desta forma, há risco de perda de confiança no agro. Os receios, que são legítimos, podem encontrar certo fôlego, seja pela formação de um Congresso de centro-direita, que frearia planos mais intervencionistas, seja pelo esperado aumento da bancada agro no Senado e na Câmara, que favorece uma agenda modernizadora para o setor. Além do quê, Lula começará o governo enfraquecido pela votação apertada que teve e com pouco espaço de manobra, o que poderá inibir o avanço de pautas contrárias ao setor já no começo do governo.

Tem de se ressaltar, contudo, a necessidade de se tornar clara a direção que será adotada em pastas estratégicas, como economia, agricultura e meio ambiente, por exemplo. É esperado que sejam criados novos ministérios e é esperado que haja um risco político-ideológico a ser compreendido para a nova era. Por hoje, o setor esperará para ver.

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