O que, na prática, representam todos esses conceitos e o que é importante atentar-se ao consultar as informações genéticas dos animais?
Por Fernanda Varnieri Brito* – A DEP (Diferença Esperada na Progênie) é uma ferramenta bem conhecida dos produtores, porém a sua interpretação ainda desperta dúvidas, principalmente quando entram as informações de base genética, decas e percentis, ou, de outra forma, quando essas informações não estão disponíveis. O que, na prática, representam todos esses conceitos e o que é importante atentar-se ao consultar as informações genéticas dos animais?
Para começar, vamos conceituar tecnicamente a DEP: é uma estimativa da metade do valor genético aditivo de um indivíduo. Porque “metade”? Simplesmente porque é uma estimativa para a progênie futura do indivíduo e, sendo assim, ele aporta metade de seu valor genético, a outra metade virá do outro progenitor. É importante ressaltar que estamos falando de genética quantitativa, então as estimativas representam valores médios a serem obtidos por um grande número de filhos. A DEP é estimada com base nos dados (fenótipos) coletados de uma determinada população utilizando algoritmos estatísticos específicos. Mais recentemente, a genômica entrou em cena para complementar o cálculo da DEP, mas isso é assunto para um outro artigo.
Para uma correta interpretação deve-se ter sempre em mente que apenas as diferenças entre as DEPs são relevantes, não os valores absolutos. Em remates em que uma lista de touros do mesmo programa de melhoramento genético está disponível, fica fácil a comparação e a escolha dos melhores animais ofertados naquele momento. Mas quando o produtor está interessado na compra de sêmen de determinado touro e, ao consultar o catálogo de venda, por exemplo, lá encontra DEPs para várias características e fica a dúvida, qual a base para comparação? Aí que entra a importância das informações de base genética, decas e percentis que vamos abordar a seguir.
BASE GENÉTICA
A base genética é a “régua” das DEPs, ou mais especificadamente, é o zero da régua. Durante o processo de estimação, é necessário definir o centro da curva de distribuição, ou seja, a base genética. Independentemente da escolha que for, a diferença entre os indivíduos que estão participando da análise não se altera. Mas a interpretação de um resultado para um único animal só fará algum sentido se soubermos qual a base utilizada no cálculo das DEPs.
Existem dois tipos de bases, a fixa e a móvel. A fixa é quando se escolhe um critério pré-determinado como a média dos animais nascidos em um determinado ano, ou as DEPs de determinado touro muito conhecido, ou qualquer outro critério fixo que seja definido como a base. Já a móvel é quando as DEPs são centradas na média de toda a população que participa da análise, por exemplo. Como essa população vai aumentando sistematicamente, a média vai se “movendo”. Ao escolher como base a média dos últimos 5 anos, também é considerada móvel, pois sempre entra um novo ano e sai um antigo do cálculo da base. Assim, ao sabermos qual base foi utilizada, já teremos uma noção se nos for apresentada uma DEP positiva ou negativa, ou seja, acima ou abaixo da base indicada.
DECAS E PERCENTIS
Entram também em cena as decas e percentis, que são “marcas” de separação definindo um ranking. Decas são separações em classes de 10% e percentis em classes de 1%. São obtidas a partir das DEPs padronizadas (subtraída a média e dividida pelo desvio padrão da característica). Estes indicadores permitem classificar rápida e objetivamente as DEPs e Índices de um determinado touro em relação aos demais touros participantes da análise. A Deca 1 indica que o touro está entre os 10% melhores; a Deca 2 indica que o touro está entre os 11 e os 20% melhores e assim por diante.
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O que é igualmente importante saber é que as decas e percentis estão relacionadas à base genética. Conforme a base genética utilizada, pode-se ter mais animais nas decas superiores e menos nas inferiores e vice-versa, ainda que a diferença entre eles se mantenha. Portanto, reforça-se que a informação da base genética é imprescindível quando se trata da divulgação de dados genéticos.
A seguir apresentamos um exemplo com 2 touros e 2 bases genéticas para a característica ganho de peso do nascimento ao desmame, em Kg:
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