Enchentes no RS: setor lácteo sob pressão com possibilidade de elevação nos preços

Alguns laticínios pararam a produção devido a danos em suas instalações industriais, falta de energia elétrica ou impossibilidade de coletar leite nas fazendas.

As enchentes no Rio Grande do Sul têm impactado o setor lácteo brasileiro, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. Com áreas atingidas em todo o estado e interrupções nas estradas, a circulação de insumos, leite cru e lácteos tem sido prejudicada.

Além disso, a falta de energia elétrica e água afeta várias regiões, afetando toda a cadeia produtiva. Os pesquisadores do Cepea também alertam que os preços ao produtor podem sofrer alterações devido ao comportamento sazonal.

Alguns laticínios pararam a produção devido a danos em suas instalações industriais, falta de energia elétrica ou impossibilidade de coletar leite nas fazendas.

Laticínios e cooperativas ativas estão colaborando para viabilizar a coleta de leite cru. Apesar das perdas, estão buscando alternativas para coletar leite de fazendas menos afetadas e distribuir lácteos. No entanto, essas rotas adicionais aumentam os custos logísticos, conforme indicado pelos agentes do mercado.

O Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat) anunciou nesta terça-feira (7/5) que a coleta de leite está sendo retomada em algumas áreas do estado, com a redução do nível das águas em várias regiões, incluindo o Vale do Taquari.

Cerca de 3 milhões de litros de leite deixaram de ser coletados até o domingo, segundo levantamento do sindicato. A situação começou a melhorar na segunda-feira (6/5), em grande parte devido à cooperação entre as indústrias.

A dificuldade de acesso às fazendas está prejudicando a aquisição de ração, resultando em racionamento e menor produção devido à alimentação inadequada do gado. Em algumas situações críticas, o leite está sendo descartado devido à falta de ração, energia elétrica e combustível.

A falta de energia elétrica tem um impacto significativo: no campo, impede a ordenha automatizada e o resfriamento do leite; na indústria, afeta o processamento e a conservação dos lácteos.

Fazendas e laticínios em funcionamento estão utilizando geradores e estoques de combustível. A escassez desses recursos está impedindo a produção de leite cru e lácteos em muitas áreas do estado.

O abastecimento de lácteos para os canais de distribuição está sendo prejudicado, especialmente em Porto Alegre e na região central do estado. Isso está causando dificuldades no escoamento, afetando não apenas o abastecimento no Rio Grande do Sul, mas também em outros estados.

Preços

O Cepea destaca que a produção de leite no Rio Grande do Sul costuma aumentar sazonalmente a partir da metade de abril, com maio, junho e julho sendo meses de oferta elevada devido às pastagens de inverno, o que geralmente resulta em preços mais baixos. Durante esse período, os lácteos do Sul costumam abastecer outros estados, aproveitando a entressafra típica do Sudeste e Centro-Oeste.

No entanto, este ano, os problemas causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul devem impactar essa dinâmica. Com a redução da produção de leite em maio, os preços ao produtor podem se comportar de forma atípica.

Os agentes do mercado consultados pelo Cepea acreditam que os danos estruturais nas fazendas e indústrias podem atrasar a recuperação da oferta de leite cru e lácteos. Como resultado, há uma perspectiva de aumento nos preços ao produtor para os próximos meses.

Além disso, mesmo com muitas famílias desabrigadas, espera-se que as compras institucionais de lácteos ajudem a sustentar a demanda.

No entanto, é provável que os aumentos nos custos logísticos sejam repassados aos preços dos lácteos. Até o momento, no entanto, ainda não há uma projeção precisa da magnitude dessas variações, já que os agentes da cadeia estão calculando os impactos e prejuízos das enchentes no Rio Grande do Sul.

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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