Empresa deve construir 10 novas fábricas de fertilizantes no Brasil

Com aporte de até R$ 250 milhões de fundo americano, empresa planeja construir 10 novas fábricas de fertilizantes; acordo foi feito com o Fundo Verde do Clima da ONU

A Agrion Fertilizantes Especiais e a gestora americana Pegasus Capital Partners selaram acordo de investimento que pode ultrapassar R$ 250 milhões. Os recursos, aportados pelo Global Fund for Coral Reefs, serão utilizados na construção de dez novas fábricas de fertilizantes especiais e no desenvolvimento de outros produtos. O fundo americano tem como principal cotista o Green Climate Fund da ONU (Organização das Nações Unidas).

Ernani Judice, CEO e fundador da Agrion, permanecerá como acionista majoritário, controlador e responsável pela gestão da companhia. “Esse relevante investimento de um fundo norte-americano nos trará uma chancela global ESG da ONU, além de permitir nossa expansão, já que temos mais de dez memorandos assinados para novas fábricas. Permitirá também o desenvolvimento de novas linhas de produtos, sempre com produção integrada, economia circular e com foco no aumento da produtividade com redução dos impactos ambientais no segmento de nutrição de plantas”, afirmou.

Atualmente, a Agrion produz cerca de 60 mil toneladas de fertilizantes em sua fábrica localizada em Tupaciguara (MG), junto à Companhia Bioenergética da Aroeira. O fertilizante é feito a partir da vinhaça e da torta de filtro, resíduos da cana-de-açúcar gerados pela usina e vendido para a própria usina e para o mercado. De acordo com Judice, a meta é replicar o modelo com 20 novas plantas ao longo dos próximos 10 anos.

Temos um potencial de crescimento enorme para os próximos anos”, avalia ele, lembrando que o Brasil conta hoje com mais de 400 usinas de cana. A expectativa é de que as duas próximas unidades sejam instaladas no estado de São Paulo. O foco da companhia é atuar principalmente nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e também na região Nordeste.

O Global Fund for Coral Reefs, gerido pela Pegasus Capital Advisors, é o único fundo que apoia investimentos que beneficiam habitats marinhos costeiros e a saúde dos recifes de coral no Sul Global.

De acordo com Dale Galvin, diretor-executivo do Fundo, entre os setores de impacto financiados pela iniciativa estão a economia circular e a gestão de poluição. “O uso excessivo de fertilizantes químicos e pesticidas na agricultura pode fazer com que esses insumos sejam levados para os cursos d’água, que por sua vez os carregam para o mar, ameaçando habitats costeiros e recifes de coral. Ao fornecer um destino para os resíduos de cana-de-açúcar, altamente poluentes, a Agrion contribui para a resiliência dos ecossistemas marinhos. Este modelo de negócio também apoia a economia circular, já que o produto da Agrion será utilizado nas plantas onde o resíduo é gerado”, explicou Galvin.

A Agrion produz fertilizante organomineral, de liberação gradual, feito a partir de matéria orgânica proveniente da filtragem do caldo de cana (torta de filtro). Ela ainda produz quatro outros tipos de adubos: o fertilizante em farelo; o organomineral líquido (feito a partir da vinhaça, outro subproduto da cana); os insumos biológicos; e está em fase de desenvolvimento dos fertilizantes foliares.

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Foto: Divulgação

Brasil quer destravar US$ 10 bilhões de fundos verdes

O Brasil tem discutido nos últimos meses com integrantes do G20 uma proposta para desburocratizar e facilitar o acesso a recursos que estão parados nos quatro principais fundos globais que financiam projetos de combate às mudanças climáticas.

“Houve uma acolhida maciça dos membros do G20 à proposta brasileira, de ampliar o acesso, fazer com que haja menos burocracias, e também ampliar os recursos e a capacidade de mobilização de recursos públicos e privados, dos quatro principais fundos multilaterais climáticos ou fundos verdes climáticos”, afirmou a embaixadora Tatiana Rosito, que é secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda

Os quatro fundos mencionados por Rosito são o Fundo Verde para o Clima (GCF, na sigla em inglês), o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), o Fundo de Adaptação (FA) e os Fundos de Investimentos Climáticos (CIFs).

Segundo a embaixadora, juntos, os fundos apresentam empoçamento de recursos que chegam ao montante de US$ 11 bilhões, ou seja, financiamento que não chega aos destinatários, especialmente projetos em países pobres e em desenvolvimento.

Em termos econômicos, o empoçamento financeiro ocorre quando, apesar de haver recursos disponíveis, por questões burocráticas ou outros problemas, eles não são efetivamente gastos ou investidos nas finalidades que deveriam.

“São fundos importantes, porque são concessionais [não reembolsáveis]. Estamos falando de doações e empréstimos que podem alavancar um volume muito maior de recursos. O que a gente está propondo é que, ao longo desse ano, haja uma revisão independente desses fundos. Isso exigiu uma grande costura com os membros e com os próprios fundos. Há um consenso geral de que os processos são muito burocráticos e demorados, sobretudo diante da emergência que a gente vive, de mobilizar números que passam de US$ 3 ou US$ 4 trilhões [pelas próximas décadas].”

Tatiana Rosito lembrou, por exemplo, que durante a última Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, uma nota assinada pelos quatro fundos já apoiava a iniciativa brasileira de revisar os atuais critérios de concessão de recursos, com vistas à desburocratização no acesso.

“O G20 é um fórum adequado para a gente encaminhar essas mudanças justamente porque a maior parte dos doadores desses fundos fazem parte do grupo”, observou.

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