Amélio Dall’Agnol e Pedro Moreira da Silva Filho, pesquisadores da Embrapa Soja Produzir mais alimentos é uma necessidade.
A população está aumentando e os já nascidos estão vivendo mais e consumindo mais, dado o aumento generalizado da renda per capita da população, consequência do crescimento global da economia. Mas o Brasil não precisa aumentar a área para produzir mais. Pode fazê-lo aumentando a produtividade, que é o mais desejável. É recorrente a crítica sobre a falta de competitividade da economia brasileira, em razão da baixa produtividade dos seus trabalhadores. Mas esta crítica não procede quando referida ao agronegócio, dada a incontestável eficiência produtiva deste setor, que o destaca das demais áreas da economia nacional.
Parece bastante provável que o Brasil – que já figura como maior exportador global de soja – passe a liderar, também, sua produção. Estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos sinalizam que a produção brasileira de soja na temporada 2019/2020 será de 123 milhões de toneladas (Mt), ante apenas 113 Mt, ou menos, dos norteamericanos. Com estes montantes, o Brasil já é o primeiro produtor mundial da oleaginosa e com tendência de manter esta liderança nos anos vindouros, dadas as imensas áreas ainda disponíveis de pastagens degradadas que o país dispõe para expandir sua área cultivada, se o crescimento da produtividade não for suficiente para atender a demanda global.
Podemos avançar mais?! Sim, podemos. Segundo dados do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), a produtividade média da soja de um selecionado grupo de produtores nos últimos cinco anos, foi 30,1% maior do que a média registrada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indicando ser possível obter produtividades bem superiores à atual média nacional, desde que sejam respeitados certos critérios técnicos. Na safra 2018/2019, a Conab informou ser de 53,4 sc/ha a produtividade média nacional, ao tempo que o CESB registrou produtividades muito maiores no Concurso Nacional de Máxima Produtividade.
Para que a produtividade da soja se estabeleça em patamares superiores aos atuais, tudo o que o produtor precisa fazer é aperfeiçoar seus processos produtivos utilizando as modernas tecnologias disponíveis. Se o selecionado grupo do CESB logrou acrescentar mais de 30% na produtividade das áreas avaliadas, é porque outros também podem. Produtividades de 80 a 90 sc/ha são comuns entre os participantes do concurso do CESB.
Muitos fatores interferem para que uma lavoura de soja obtenha produtividades muito acima da média nacional, dentre os quais destacamos a qualidade das sementes. Também contribui positivamente para a entrega de uma produtividade maior, a época de semeadura e a cultivar selecionada. Existe a melhor época para estabelecer uma lavoura de soja, mas cada cultivar pode apresentar exigências específicas, que precisam ser respeitadas.
O fertilizante é outro fator fundamental para o alcance de altas produtividades, porém, mais importante do que a quantidade de fertilizante utilizado, é sua aplicação em conformidade com as necessidades do solo, identificadas através da análise de uma amostra bem feita do mesmo. Sua distribuição a lanço ou no sulco também pode influenciar na produtividade e no sucesso da lavoura. Via de regra, aplicar no sulco resulta em maior eficiência, embora seja mais trabalhoso.
A população recomendada de plantas/ha pode variar com a cultivar, com o local de semeadura e com a época de plantio. A distribuição das plantas no espaço produtivo também conta para a entrega de uma produtividade mais robusta. Merece destaque, também, o controle eficiente das pragas, das doenças e das plantas daninhas. Para um melhor aproveitamento da água e dos nutrientes por parte das plantas, a realização de uma calagem profunda do solo, previamente ao início do SPD, é recomendada.
Blog da Embrapa Soja