A indicação ainda precisa passar por análise da Casa Civil, mas sua nomeação deve ser publicada até 10 de outubro.
O Conselho de Administração da Embrapa escolheu Sebastião Barbosa, pesquisador de carreira aposentado, como novo presidente da estatal, apurou o Valor com uma fonte graduada do governo.
Na disputa com Barbosa estavam o pesquisador Cléber Soares, atual diretor da Embrapa e que chefiou a unidade Gado de Corte em Campo Grande (MS), e o ex-ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, o único candidato de fora da empresa. Todos foram entrevistados na última segunda-feira.
O Valor apurou que seus concorrentes sofreram resistência interna de servidores da estatal na reta final. Enquanto Soares foi considerado jovem para o cargo, Guedes foi alvo de críticas por parte de segmentos do agronegócio por sua atuação em cargos no governo, na Conab e no Banco do Brasil.
O processo de seleção atendeu às novas regras impostas pela Lei das Estatais, que preza pela transparência e busca blindar as empresas públicas de indicações meramente políticas. Nas últimas três décadas, todos os presidentes da estatal foram servidores de carreira.
Os 16 candidatos na primeira fase foram divulgados pela estatal e tiveram que justificar por que desejavam se inscrever para o cargo. Antes, o conselho apenas enviava uma lista tríplice para o presidente da República, que nomeava o presidente da Embrapa.
Com o currículo mais bem avaliado pela Embrapa entre os postulantes ao cargo, Sebastião Barbosa é agrônomo de formação com grande experiência como pesquisador nas áreas de defesa fitossanitária e controle de pragas, já tendo representado a FAO, Agência para Agricultura e Alimentação da ONU, em foros internacionais sobre esses temas. Essa experiência internacional pesou para sua escolha. Também foi chefe-geral da Embrapa Algodão, em Campina Grande (PB), entre 2014 até este ano.
Nos últimos anos, Barbosa também vinha liderando um movimento para criar condições de retomada da produção do algodão no semiárido nordestino, região que já teve destaque nessa área na década de 1970.
O processo seletivo para a presidência da estatal não escapou de críticas do setor do agronegócio. Em carta ao ministro Blairo Maggi, o Instituto Pensar Agro (IPA), que reúne as 40 principais entidades do segmento agropecuário e é o braço técnico da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), questionou o critério de seleção por currículo, recomendando que os candidatos apresentassem um plano estratégico com metas e iniciativas para a estatal.
Se referendado pelo Planalto, Sebastião Barbosa assumirá a Embrapa em meio a um dos maiores desafios recentes da estatal. A empresa, que passa por uma reestruturação, vem sendo cobrada por segmentos do agronegócio para que tenha maior protagonismo e se modernize.
Em tese, a seleção ocorreria até o fim deste ano, porém Maggi resolveu antecipar o processo. A decisão também foi questionada por pessoas da própria Embrapa e do segmento agropecuário, por acontecer antes da eleição do próximo presidente da República.
Fonte: Valor Econômico.