Embrapa participa da Conferência Internacional de Gases de Efeito Estufa e Pecuária

A Embrapa vem desenvolvendo tecnologias para produzir carne bovina com menor emissão de carbono e tem como base os sistemas de integração lavoura-pecuária

Os resultados da primeira Unidade de Referência Tecnológica (URT) da Embrapa com aplicação do protocolo Carne Baixo Carbono (CBC) serão apresentados durante a 8ª Conferência Internacional de Gases de Efeito Estufa e Pecuária – (GGAA, sigla em inglês), evento científico itinerante que ocorre a cada dois anos. Em 2022, a conferência será realizada dos dias 5 a 10 de junho na Flórida (EUA) e a Embrapa será representada pela pesquisadora Flávia Cristina dos Santos, da Embrapa Milho e Sorgo, coordenadora do Projeto Trijunção, que leva o nome da fazenda em que os experimentos foram realizados, localizada no município de Jaborandi, Bahia.

A crescente demanda global por alimentos traz o desafio de neutralizar ou mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) para conter as mudanças climáticas. A Embrapa vem desenvolvendo tecnologias para produzir carne bovina com menor emissão de carbono, parte do protocolo CBC, que tem como base os sistemas de integração lavoura-pecuária. O protocolo recomenda manejo adequado de lavouras, pastagens e do gado, bem como o monitoramento da evolução dos teores de carbono no solo.

No evento, ela vai apresentar estudo sobre mitigação de gases de efeito estufa intitulado “Low carbon beef: a case study in a sandy soil from Brazilian Cerrado”. O estudo, realizado de 2019 a 2021, tem liderança da pesquisadora Márcia Cristina Teixeira da Silveira (Embrapa Pecuária Sul) e a participação dos pesquisadores Antônio Carlos Reis de Freitas (Embrapa Cocais), Flávia Cristina dos Santos, Manoel Ricardo de Albuquerque Filho e João Herbert Moreira Viana (Embrapa Milho e Sorgo), Roberto Giolo de Almeida, Manuel Claudio Motta Macedo, Mariana de Aragão Pereira e Gelson Luís Dias Feijó (Embrapa Gado de Corte) e Lourival Vilela (Embrapa Cerrados), além do apoio do gerente da Fazenda Trijunção, Allan Bruno Almeida de Figueiredo.

O objetivo da pesquisa foi avaliar estratégia para intensificar a pecuária de corte em áreas de uso consolidado em solo arenoso do bioma Cerrado brasileiro, Oeste do estado da Bahia, avaliando as produções de forragem, cobertura do solo, emissões entéricas, o Ganho de Peso Vivo (LWG) e as mudanças nos estoques de Carbono do Solo (dSOC) na camada de 0 a 40 cm.

Os cálculos de estimativas dos estoques de carbono no solo foram realizados pelo pesquisador Antônio Carlos Freitas, da Embrapa Cocais, utilizando o modelo DNDC – “Desnitrificação e Decomposição” de adubos orgânicos/fertilizantes. “Esse modelo é baseado em processos que possibilitam simular cenários contrastantes de fluxos de carbono, nutrientes, água e biomassa, por meio da coleta e calibração de dados, alteração de parâmetros das variações e simulações de possibilidades para reflexão e tomada de decisões, considerando a realidade de mudanças climáticas”.

Também foi avaliado, pelos pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, o estoque de carbono do solo pela metodologia proposta por Urquiaga et al. (2016), em que o total de carbono acumulado por hectare (estoque) em cada camada dos perfis do solo é calculado multiplicando-se a sua massa pelo teor de carbono total contido nela, tendo como referência a massa de solo contida em uma área coberta por vegetação nativa.

Em maio de 2019, a área experimental foi montada com três tratamentos: pastagem utilizando protocolo de carne baixo carbono, pastagem utilizando manejo convencional da fazenda e vegetação nativa do Bioma Cerrado. Com a adoção do protocolo de CBC foi possível triplicar a produção de carne a pasto, sem aumento nas emissões de gases de efeito estufa per capita, e ainda gerar o efeito “poupa terra”. Além disso, a tecnologia proporciona maior acúmulo de carbono no solo em comparação com o manejo convencional.

Quem deve comparecer

A 8ª conferência GGAA é o principal local para os cientistas da área de Gases de Efeito Estufa da Pecuária apresentarem trabalhos recentes. Além disso, é uma oportunidade para compartilhar mudanças e avanços nas políticas governamentais sobre as emissões de gases de efeito estufa pela pecuária. Os participantes da conferência incluem cientistas acadêmicos e pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, instituições e agências governamentais de pesquisa, formuladores de políticas governamentais e reguladores no setor agrícola, indústrias privadas, entre outros.

Fonte: Embrapa

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