Nova tecnologia facilita a entrada de grãos na renovação do canavial, protege o solo da erosão e mostra potencial na geração de biocombustível
Com o período chuvoso a demanda acaba se tornando maior já que a cana plantada no período chuvoso tem baixa produtividade recebe o nome de “cana de ana” em comparação a cana de março que recebe o nome de “cana alimento”.
A mudança estratégica de manejo da tecnologia pode influenciar na colheita, apresentando diferença entre o produtor de grãos para o produtor da cana. Primeiro plantio de março demanda o maquinário para produtor de cana, já o produtor de grão não tem a pressão nessa época para colheita da produção grãos. Portanto, a estratégia de manejo pode apresentar produtividade e intensificação do uso da terra.
Para a Embrapa “adotamos uma estratégia de trabalho intenso de experimentação, primeiro dentro das unidades da Embrapa, localizadas no Distrito Federal e outra no Mato Grosso do Sul, e em São Paulo. Despois partimos para segunda etapa de validação da tecnologia em usinas.”
Em ambas as situações, os experimentos dentro das usinas, percebeu-se que o milho não perdeu a produtividade, nem no consórcio nem quando plantado sozinho. O Milho se apresentou muito bem, sem competir com a cana, por outro lado a cana se plantada sozinha, no inicio do período chuvoso, a produtividade despenca. Com a nova tecnologia proposta pela Embrapa em março no momento da colheita do milho, a cana já estará plantada. Essa mudança de logística traz muitas vantagens amplia a janela de plantio, facilita a entrada de grãos na renovação do canavial, protege o solo da aerosão e ainda mostra como potencial na geração de biocombustível.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados, João de Deus dos Santos, “comprovamos a teoria que podemos antecipar o plantio de março, mesmo com período chuvoso, transformamos a cana em uma cana que se comporta igual uma cana de um ano e meio, com produtividade equivalente. Fora, que você intensifica o uso da terra, e diminui, plantando na entrelinha não deixando o solo exposto nessa, produzindo o milho nessas entrelinhas, então você fecha o solo mais rápido e diminui a questão da erosão.
O produtor rural Rogério Fêner e seu sócio Rona Figueiredo são produtores de cana e cachaça nos arredores de Brasília, e ambos confirmaram que desde que conheceram a tecnologia em outubro de 2021, que os custos na implantação do canavial cairam e o rendimento com a cultura do milho cresceu. “Em relação as dificuldades da implantação da tecnologia, nós pequenos produtores, sentimos a falta da experiência no cultivo de milho em maior escala, assim como a inexistência na propriedade de uma plantadeira, dificuldade essa, que foi superada com a adoção de plantio manual, através de uma traca e coviamento manual. Uma outra dificuldade, mesmo não ligada diretamente a implantação da tecnologia, foi no sucamento do canavial, pois na falta de um sucador tivemos que adaptar um arado de 3 discos com a retirada de 2 discos. Assim foi possivel utilizarmos o mesmo como um sucador. Com relação ao retorno da implantação da tecnologia foi menos de 50 a 60% do nosso custo de implantação do canavial, considerando os lucros advindos pela venda do milho. Gastamos atualmente de 12 a 13 mil reais, inclusive chegamos quase a zerar, se não, zerar os custos de implantação do canavial com os lucros advindos da colheita do milho.” observa o produtor.
O consórcio estabelecido entre as duas culturas vão sendo observados e avaliados desde o início para que a cana não cresça mais que o milho e abafe e interfira na produção do grão.