O impasse no Porto de Santos, que já se arrasta por quase uma semana, tem causado discussões em diversas esferas da sociedade e governo.
Infelizmente, o país está repleto de “impasses” políticos, sociais e o maior deles, o cultural. E como era de se esperar, uma hora, todo esse “caos” iria chegar até o agronegócio.
Na última semana, um embarque de carga viva que seguiria rumo a Turquia, que alias é um grande importador do Brasil, acabou sendo barrado pela justiça de São Paulo. Com alegações de maus-tratos, o juiz Djalma Moreira Gomes, da 25ª Vara Civil Federal de São Paulo, obtida pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal mandou suspender a operação.
Duas outras ordens judiciais, mas do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinaram a suspensão dos embarques dos animais, mesmo após a operação já ter sido concluída, e, ainda, o desembarque de todos os bois que estão a bordo do navio.
Todo esse processo de embargo das operações se deu inicio através de protestos de ativistas que alegam má conduta no que diz respeito ao bem-estar animal, ou seja, eles alegam maus tratos aos animais durante o transporte, embarque e instalações.
Infelizmente, é preciso primeiro entender o processo, para que se possa realizar um movimento em prol desses animais. E segundo os relatórios da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), órgão que regula o setor, e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), afirmaram após inspeção, que ambos não constataram nenhuma irregularidade.
Segundo a Minerva Foods, empresa responsável pelos animais, por meio da assessoria de imprensa, informou que a exportação de bois vivos “é uma atividade regulamentada pelo Mapa e ressalta que, em seu processo, o manejo do gado segue todos os procedimentos adequados para preservar o bem-estar dos animais durante o embarque e no decorrer da viagem”.
A grande questão dentro de todo esse processo é que o momento, talvez, seja o ideal para se discutir a legislação a respeito da operação de carga-viva.
Entretanto, segundo professor Mateus Paranhos, da Unesp de Jaboticabal, “trata-se de um conjunto de decisões conflituosas que causam instabilidade para todos, para quem está envolvido no negócio da exportação e para quem está fazendo campanha contra isso. No fim das contas, quem paga o preço com maior sofrimento são os animais.”
Dessa forma, muitas pessoas, juízes, atores globais e ativistas se aproveitam de tal situação afim de conseguir os seus “5 minutos de fama”. No que parece ser uma ação em prol do animal, acaba na verdade se tornando um jogo de ego para os envolvidos em atividades que tendem a prejudicar o setor que é responsável pelo crescimento do país.
As campanhas contra os abates, transporte de carga viva, consumo de leite e uso de agrotóxicos, tem se tornado cada vez mais comum. O que vale ressaltar é que a maior parte desses “ativistas”, não se preocupam com tal situação na hora da mesa farta ou do consumismo que se instalou na sociedade.
Em resumo, o momento é de cautela e deixarmos o modismo que toma conta da sociedade de lado, para poder se chegar a um consenso através de diálogos construtivos. Deixar de lado os sensacionalistas e nos atentar aos fatos reais, respeitando a cultura e pensamento do próximo, colocando em primeiro lugar o bem-estar do animal.