Comportamento dos consumidores diante do isolamento social refletiu na alta demanda pelo leite UHT e queda nas vendas de queijos em março
As dificuldades frente ao cenário econômico atual, devido à pandemia do novo coronavírus, acenderam o sinal de alerta entre produtores e indústrias de leite. O comportamento atípico nas comercializações durante o mês de março foi o assunto que permeou a reunião do Conseleite-PR, realizada nesta terça-feira (14), por meio de videoconferência, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.
No panorama geral, em comparação ao período de fevereiro e março do ano passado, é possível verificar uma alta brusca no volume de produtos comercializados. Segundo a professora Vânia Guimarães, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), isso é explicado pelas “compras de pânico”, que levaram muitos consumidores a estocar alimentos no início do período de isolamento social. Nesse sentido, o leite UHT foi o produto que obteve maior crescimento no volume de vendas, com alta nos preços entre o final de março e início de abril. “Esse movimento é compreensível pelo pânico de estocagem, que gera demanda a curto prazo, mas é algo que provavelmente não se sustentará nas próximas semanas. Tudo indica que haverá reversão de preço”, explica.
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Outros produtos não tiveram o mesmo comportamento, como é o caso do queijo muçarela, que apresenta uma reação completamente oposta. O mercado de queijos, de forma geral, foi o que mais sofreu impactos negativos, com redução brutal do volume comercializado. “São movimentos de queda nunca antes vistos, o que causa preocupação. Isso está relacionado à elasticidade-renda da demanda, ou seja, o cenário de recessão traz uma queda na renda da população e, consequentemente, há diminuição do consumo. Além disso, por causa do isolamento social, todo o setor de food service, que inclui restaurantes, pizzarias, lanchonetes, entre outros, estão com as vendas prejudicadas”, aponta a professora Vânia.
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O professor José Roberto Canziani, da UFPR, destaca, ainda, a preocupação em relação ao nível de estoque das empresas. Uma das alternativas foi a aposta no leite em pó, que teve aumento mais expressivo no preço e na comercialização do mercado interno. Mas o alerta em relação ao cenário de incertezas permanece o mesmo. “O favorecimento aconteceu nessa situação inicial de aumento de demanda, mas não significa que tenha sustentação. Vale lembrar também que esse produto ainda está em estoque e não foi comercializado”, complementa Canziani.
Por definição do Conseleite-PR, o valor de referência do leite entregue em março (a ser pago em abril) ficou estabelecido em R$ 1,3377, aumento de 3,33% em relação ao valor final de fevereiro. O valor de projeção para o leite entregue em abril (a ser pago em maio) não será divulgado, visto que, devido às incertezas ocasionadas pela pandemia do novo coronavírus, o levantamento não reflete o cenário real de mercado. A divulgação irá ocorrer após realização de reunião extraordinária no dia 28 de abril.
Análise é do Sistema FAEP/SENAR-PR