Instituições do setor, manifestaram a sua preocupação com o risco eminente de paralisação da cadeia produtiva do leite
Segundo informa, Geraldo Borges, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Leite (ABRALEITE), algumas decisões isoladas de gestores públicos podem interferir na fluidez do abastecimento da matéria prima e impedir que esta chegue até a indústria. “Pudemos presenciar nos últimos dois dias, prefeitos de diversas cidades do país publicando decretos que obrigam o fechamento de fábricas, comércio e restringem o transporte, o que nos preocupou muito, pois inviabilizam o funcionamento de nossa cadeia produtiva do leite.“, esclarece Geraldo.
Na coletiva de imprensa que aconteceu na tarde de ontem (20), o próprio presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, chegaram a criticar ações individuais adotadas pelos estados, como o fechamento de estradas e aeroportos implementado pelo Governo do RJ.
“Há algum tempo já venho falando que não devemos entrar em pânico. Queremos evitar uma histeria porque o problema econômico agrava a questão do coronavírus“, enfatiza Bolsonaro.
O ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, informou que já existe um comitê gestor de crise e pretende uniformizar procedimentos de enfrentamento ao coronavírus em todos os estados, mas não disse como isso será feito.
Muito mais do que leite
Em entrevista ao portal Agronews, o presidente da ABRALEITE alerta que esta eminente paralisação não compromete apenas os produtores de leite, mas toda a cadeia do setor lácteo e consequentemente o abastecimento nacional. “Para o leite e seus derivados chegar até a mesa, existe uma logística mais exigente do que em outros setores. Nós temos um processo de transporte para a coleta e outro depois de passar pela indústria. Se a livre circulação for afetada nos municípios, o leite não chegará a indústria para beneficiamento e isso pode ocorrer também depois de industrializado.”, explica Borges.
Neste período de quarentena, podemos observar um aumento significativo de pedidos via Delivery, como por exemplo, um simples pedido de pizza. Mas temos que lembrar que para se fabricar uma pizza, o queijo (que é um derivado) é um artigo fundamental no preparo. Além disso, sanduíches, iogurtes, manteigas, entre outros itens da nossa cesta básica podem não chegar a nossa mesa.
Segundo avaliação da ABRALEITE, nos últimos dias, com a evolução do Coronavírus, as lideranças do setor tem se dedicado a garantir a viabilidade da atividade leiteira, conversando e solicitando ao Governo ações que mantenham a continuidade:
- Da produção de leite em todas propriedades produtoras de leite do Brasil;
- Da logística de captação nas propriedades e entregas das indústrias ao comércio;
- Da atividade da indústrias de laticínios em todo o país.
A ABRALEITE e outras instituições demonstraram a preocupação ao grande risco de paralisação da cadeia produtiva nacional e ao abastecimento de alimentos à população. Em nota, Geraldo Borges informa que as solicitações foram atendidas pela ministra Tereza Cristina e pelo presidente Bolsonaro, com o Decreto 10.282 publicado ontem (20) no Diário Oficial da União.
Entre os itens descritos como atividades essenciais, podemos destacar:
- Produção, distribuição, comercialização e entrega, realizadas presencialmente ou por meio do comércio eletrônico, de produtos de saúde, higiene, alimentos e bebidas;
- Transporte e entrega de cargas em geral;
- Também são consideradas essenciais as atividades acessórias, de suporte e a disponibilização dos insumos necessários a cadeia produtiva relativas ao exercício e ao funcionamento dos serviços públicos e das atividades essenciais.
Além dos serviço essenciais atendidos no Decreto 10.282, a ABRALEITE solicita ao Governo Federal uma trégua em impostos e suspensão temporária de encargos como FGTS e INSS (Funrural). “Seguiremos atentos a essa crise provocada pela pandemia do Covid 19, trabalhando em prol da nossa classe produtora de leite e de toda cadeia produtiva do leite do Brasil, garantindo o leite e derivados nas mesas de todos os brasileiros. “, finaliza Geraldo Borges Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite.