Walter Maciel, uma das vozes mais influentes no pais quando o assunto é economia, falou sobre as expectativas econômicas do Brasil nos próximos anos
Walter Maciel, CEO da AZ Quest, participou do podcast Agro360, dentre os assuntos discutidos o economista citou o erro do mercado em subestimar o potencial de crescimento do Brasil. O agronegócio cresceu 170% nos últimos 10 anos, é o principal pilar que sustenta a economia nacional, o Brasil produz mais do que os Estados Unidos. Walter está confiante que o crescimento do mercado de petróleo é uma peça chave para que o país se torne uma potencia, mundial, irreconhecível nos próximos 5 anos.
No bate-papo concedido ao Agro360, é discutido um Brasil que se tornará irreconhecível em cerca de 10 anos, talvez até em cinco. Sobre esse assunto, há a elaboração de um cenário internacional e local para expressar que ainda enfrentamos desafios. “Atualmente, devemos cerca de 20% a mais do PIB em comparação com nossos pares emergentes. O ano atual é crucial para o governo mostrar sua seriedade. Se houver um déficit de 0,60% do PIB este ano, não será um grande problema, pois nossa dívida está estabilizada, embora não tenha atingido o zero desejado. Existem medidas para contingenciar despesas. Estamos no caminho certo, mas é fundamental cuidar do fiscal para evitar implosões” – disse o economista.
É destacado que estamos entre a cruz e a espada. O cenário fiscal é determinante, e se não houver cuidado, a situação pode se agravar. O entrevistado menciona que não vê um meio-termo. “A taxa de juros este ano deve oscilar entre oito e nove, e a dependência dos Estados Unidos é evidente. Se os juros americanos começarem a diminuir em maio, há uma incerteza sobre a direção que os nossos juros tomarão. Se os americanos reduzirem, os nossos podem chegar a oito; caso contrário, podem atingir nove. A mudança de 3,75 para 9 na taxa de juros já é significativa” – comentou Walter.
Walter diz que a perspectiva positiva do aumento nas exportações devido ao petróleo é realmente excelente. “Já mencionei que essa expansão é irreversível e ocorrerá em todos os países onde isso já aconteceu, resultando em significativo aumento de renda e fortalecimento da moeda. No entanto, na outra entrevista, levantei a questão de que, em cinco anos, o Real pode enfrentar desafios de competitividade, podendo chegar a 2, 2.5. Isso representaria um problema, exigindo a utilização do saldo comercial para criar um fundo soberano e investir no exterior, buscando desvalorizar a moeda novamente. É uma situação complicada” – menciona ele.
Considero o atual caminho do Brasil fabuloso, apesar dos constrangimentos do governo no Congresso, que opera em minoria. Com as eleições à vista, a probabilidade de mudanças significativas é baixa, dada a histórica taxa de reeleição de 65% dos titulares de prefeituras. Portanto, o governo provavelmente continuará sendo de minoria, incapaz de realizar tudo o que deseja. Não acredito que esse governo tenha a capacidade de alterar significativamente a trajetória do país.
Mesmo que eu tenha expressado ceticismo pré-eleição no ano passado, reconheço que o Ministro Haddad apresentou um plano fiscal sólido que, ao contrário, direciona o país para a rota certa. Se isso se concretizar, em cinco anos, o Brasil poderá passar por uma transformação notável, impulsionada pelo setor externo, gerando renda para a economia local e acumulando reservas internacionais de forma significativa, algo observado em diversos países ao redor do mundo.
Ocorreram mudanças significativas no país, e agora há o risco de estragar tudo. O principal ponto a ser observado é o fiscal, é o número um. “É crucial lembrar que em 2013, a popularidade da Dilma estava em 65%. No entanto, essa popularidade despencou para 30%, mesmo durante um período de renda mais elevada na história moderna da população brasileira, após o aumento dos salários nos anos de governo do ex-presidente Lula. As pessoas estavam desfrutando de benefícios como viagens de avião, consumo de picanha, TVs planas, e mesmo um aumento de 20 centavos na tarifa de ônibus desencadeou protestos, incluindo o cerco a Brasília” – bradou o economista.
É importante ter cuidado, pois a população brasileira não tem a mesma consciência política que os europeus. Hoje, vemos manifestações intensas em Bruxelas, com tratores invadindo e bloqueando ruas. Embora todos possam ter pontos de fervura diferentes, brincar com essa dinâmica pode levar a consequências indesejadas.
Eu acredito que a população tem enviado sinais claros de ser conservadora e não enxergar mais empresários ou agricultores como inimigos. O verdadeiro inimigo é o governo, aquele que não proporciona condições de competição, não oferece transporte público de qualidade, não assegura a segurança nas ruas e permite que criminosos sejam soltos após roubos, resultando em tragédias. A falta de educação e saúde de qualidade também é uma preocupação fundamental para o brasileiro comum.
Apesar dos enormes problemas que enfrentamos, sou otimista em relação ao nosso país. Isso não significa ignorar as dificuldades, mas reconhecer que, mesmo diante dos desafios, a vida teria menos graça sem eles. Devemos pedir e rezar para que Deus não atrapalhe nossa jornada, pois acredito que as coisas precisam seguir em frente. Confesso que está melhor agora.
Confira a entrevista completa aqui:
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