Em 2022, apreensão de defensivos contrabandeados teve aumento de quase 600%

No Paraná, segundo BPFron, contrabandistas também mudaram forma de trazer produto para o país, que são de uso proibido no Brasil.

A apreensão de defensivos contrabandeados teve aumento de quase 600% em 2022 no Paraná, segundo o Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron).

A quantidade de galões e sacos de defensivos apreendidos pelo BPFron saltou de 4,2 mil, em 2021, para 29 mil em 2022. Somente em 2023 já foram apreendidos 1,3 mil produtos ilegais.

Conforme a polícia, além do aumento nas apreensões, também foram observadas mudanças na entrada destes produtos no país através da fronteira entre Brasil e Paraguai, especialmente em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.

Até 2021, o batalhão apreendia mais defensivos contrabandeados nas rodovias e estradas rurais. Atualmente, a maior parte das apreensões acontece no lago de Itaipu, mesmo caminho utilizado para o crime de tráfico de drogas e descaminho de outros produtos.

Apreensão de agrotóxicos contrabandeados teve aumento de quase 600% em 2022 no Paraná — Foto: Reprodução RPC

“A gente visualizou uma mudança desse tipo de transporte, o que preocupa os agentes, inclusive porque vem sendo utilizados portos clandestinos instalados no lago de Itaipu para o transporte desse ilícito. Por onde passa ali o tráfico, o contrabando e descaminho, também passam os defensivos ilegais”, afirmou o comandante do BPFron, Luis Beiger.

O destino dos produtos irregulares é distinto. Parte fica no estado do Paraná, mas conforme o BPFron, a maior parte é enviada para outros estados.

“A gente identificou alguns destinos como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, como sendo destinos finais de produtos. Alguns adentram o Paraná para depois irem pra outros estados”, explicou Beiger.

Apreensão de agrotóxicos contrabandeados teve aumento de quase 600% em 2022 no Paraná — Foto: Reprodução RPC

Produtos proibidos no Brasil são os mais apreendidos

Um estudo do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf) analisou as apreensões na fronteira. A pesquisa mostrou que além do preço, os agricultores se interessam por defensivos que não estão disponíveis no Brasil.

O presidente do Idesf, Luciano Stremel Barros defende que é necessário homogeneizar a legislação no Mercosul para diminuir a incidência deste tipo de crime já que, por exemplo, muitos produtos proibidos no Brasil são comercializados livremente no Paraguai.

“Os princípios ativos que estão proibidos no Brasil e que têm ampla oferta em mercado paraguaio, da Bolívia ou Uruguai, então há uma necessidade urgente de pensarmos em homogeneização em legislação em termos de Mercosul para que o que é bom para o Brasil, seja bom para o Paraguai, Bolívia, Paraguai. Esta oferta de produtos que muitas vezes vem com princípios ativos das mais variadas condições se propõe a ser um principio ativo e não é”, afirmou Luciano.

Os pesquisadores do instituto identificaram que 25% do mercado de defensivos é ocupado por produtos de origem ilegal no Brasil.

Países da Europa e da Ásia, por exemplo, quando descobrem uma substância proibida devolvem a mercadoria e ainda podem aplicar sanções ao fornecedor. Sabendo desse risco, quem usa defensivos sem origem definida prefere o mercado nacional, segundo Barros.

“Então é o Brasil comendo um veneno de péssima qualidade, comendo produtos que chegam a mesa do consumidor com níveis de inseticidas, que estão proibidos na União Europeia há mais de 20 anos. Isso vem para a mesa do brasileiro”, afirmou Barros.

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