Com vitória de Donald Trump, especialistas alertam para estratégias comerciais e ambientais que podem moldar o cenário agrícola mundial
Os olhares do mundo acompanham atentos a eleição presidencial nos Estados Unidos e o retorno do republicano Donald Trump à Casa Branca após quatro anos, ao derrotar a democrata Kamala Harris. Sendo a maior economia global, a mudança tende a impactar as relações internacionais de maneira ampla, com reflexos diretos e indiretos sobre o agronegócio brasileiro.
O sócio da BMJ consultores, Welber Barral, lembra que o Brasil não figura entre os principais exportadores agrícolas para os EUA e, em muitos casos, é um concorrente, como no caso da soja. No entanto, a depender da política adotada pelo futuro presidente norte-americano, o setor brasileiro pode ser impactado indiretamente.
“O Trump tem falado muito em medidas protecionistas e, em 2019, quando ele foi presidente, a guerra comercial contra a China beneficiou a soja brasileira”, lembra Barral. Ele acredita que, caso o republicano implemente sanções contra Pequim, um cenário semelhante poderá se repetir.
Na avaliação do sócio-diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira, tanto Trump quanto Kamala apresentaram propostas de intensificação do conflito comercial com a China. No entanto, a vitória do republicano, cria um movimento mais acelerado no conflito comercial, mas com efeito temporário.
“Na nossa tese de mercado hoje, a gente tem um efeito residual do pós-eleição muito rápido. […]Não teremos efeitos duradouros no mercado”, destaca Pereira, lembrando que em 2016, quanto Trump foi eleito, todo o efeito do pós-eleição nas commodities agrícolas foi revertido nos três meses subsequentes.
O analista comenta ainda a questão ambiental, que poderia receber mais destaque em caso de vitória de Harris. “Com o Trump vencendo, não só teríamos mais conflito comercial com os chineses, depreciando a nossa referência do mercado da soja em Chicago, mas também teríamos menos uso da soja para biocombustíveis dentro do território norte-americano”, afirma Pereira.
Ponto de atenção ao Agro brasileiro
A agenda verde do partido democrata é um ponto de atenção ao agro brasileiro. Barral observa que os EUA estão analisando regras semelhantes ao Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira da União Europeia, conhecido como CBAM. Esse mecanismo, que faz parte do acordo verde europeu, estabelece uma taxação de carbono sobre produtos importados, visando alinhar as emissões de carbono das importações aos padrões ambientais europeus.
Se adotadas, ‘essas regulamentações podem impactar toda a cadeia produtiva de exportação, exigindo maior transparência e práticas sustentáveis por parte dos produtores brasileiros’, comenta Barral.
A relação bilateral entre Brasil e EUA tem 200 anos de história. No último ano, o comércio de bens entre os dois países atingiu US$ 75 bilhões. No setor agrícola, as exportações de suco de laranja se destacam. Em setembro, os EUA foram o segundo maior mercado para o produto brasileiro, respondendo por 32,1% dos embarques, enquanto a Europa ocupou a primeira posição, com 52,8%.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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