Além das perdas quantitativas, o setor sementeiro agora enfrenta o desafio das perdas qualitativas, com muitas áreas de multiplicação não atingindo os padrões necessários para a comercialização de sementes; veja
O excesso de chuvas provocado pelo fenômeno climático El Niño na última safra gerou perdas significativas na produção de grãos e forragens na região Sul do Brasil. Além das perdas quantitativas, o setor sementeiro agora enfrenta o desafio das perdas qualitativas, com muitas áreas de multiplicação não atingindo os padrões necessários para a comercialização de sementes.
Vladirene Vieira, do setor de produção de sementes da Embrapa Trigo, explica que as condições climáticas quentes e úmidas durante o inverno e a primavera de 2023 afetaram tanto a qualidade fisiológica das sementes quanto a sua qualidade sanitária. O ambiente propício para doenças nas espigas dificultou o controle, levando a perdas generalizadas.
No Rio Grande do Sul, a quebra na produção de sementes de trigo alcançou 50%, enquanto no Paraná, a estimativa é de uma queda de 20%. Essa redução na oferta está impactando os preços, com o valor do saco de sementes de trigo variando entre R$ 130 e R$ 150, um aumento em relação aos R$ 120 praticados na safra anterior.
A Associação de Produtores de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul) observou uma taxa de uso de sementes certificadas estimada em 78%, a maior já registrada pela entidade, indicando uma menor utilização de sementes salvas devido ao risco de baixa qualidade.
No entanto, a escassez não se limita apenas às sementes de trigo. O mercado também enfrenta uma falta significativa de sementes para a implantação de pastagens, com reduções de até 80% na oferta de sementes de azevém em comparação com o ano anterior.
Diante desse cenário desafiador, os produtores estão buscando alternativas, como importações, mas até mesmo os países vizinhos enfrentam problemas de safra, resultando em escassez e atrasos na entrega.
A falta de sementes forrageiras está impactando diretamente a produção de feno e silagem, além da cobertura do solo, levando a um aumento nos custos de produção e preocupações com o fornecimento de alimentos para o gado.
Para mitigar os impactos, especialistas recomendam o uso de sementes de qualidade e o tratamento adequado para proteger as plantas contra doenças. No entanto, o desafio persiste, e os agricultores estão sendo instados a adotar medidas profissionais para enfrentar os desafios até o final da safra.
Com a incerteza sobre o clima futuro, a comunidade agrícola está se preparando para uma temporada desafiadora, buscando soluções criativas e estratégias para minimizar os efeitos de longo prazo causados pelo clima adverso.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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