Efeitos do La Ninã na agricultura e como prevenir

Você deve estar acompanhando nas notícias que o fenômeno La Ninã está de volta. Ainda trouxemos algumas informações de como você pode se preparar e planejar a lavoura.

Efeitos do La Niña: saiba quais as chances de o fenômeno afetar a agricultura, como se preparar e as previsões para a safra 2021/2022. Com certeza você já ouviu alguém falar “esse ano é ano de La Niña” ou que “estamos em ano de El Niño”, não é mesmo?

O La Niña é um evento climático de resfriamento e aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Essas pequenas mudanças de temperatura têm efeitos mundiais! Saber mais sobre elas é fundamental para quem produz. Você sabe quais são as expectativas climáticas para a safra 2021/2022? Sabe como se preparar para elas? Confira a seguir!

Entenda os efeitos do La Niña: o fenômeno Enos

O La Niña e o El Niño são partes do mesmo fenômeno atmosférico-oceânico. Ele ocorre no Oceano Pacífico Equatorial e é chamado Enos (El Niño Oscilação Sul). O Enos é o aquecimento ou resfriamento anormal das águas do em regiões específicas. 

Diferentes regiões do Oceano Pacífico Equatorial sobre observação do fenômeno ENOS
(Fonte: Climate Data Library)

movimentação e relação entre atmosfera e oceano nessa região são conhecidas. Elas  apresentam níveis e variações consideradas normais, chamados anos neutros. Essas regiões do mapa são as mais importantes. Elas permanecem sob monitoramento para identificação desses fenômenos.

Quando as águas dessas regiões estão mais quentes, temos o El Niño. Quando mais frias, a La Niña. Saiba mais sobre cada um deles neste vídeo:

La Niña

O La Niña é o resfriamento anormal das águas superficiais do Pacífico Equatorial.

O fenômeno começa com a intensificação dos ventos alísios. Eles sopram no sentido Oeste, na faixa equatorial do continente americano. Isso faz com que grandes quantidades de água quente se acumulem no Oceano Pacífico Equatorial Oeste.

Relações oceano-atmosféricas de Walker normais (acima) e sob a influência do La Niña (abaixo).
(Fonte: UFBA Conquista)

Esse acúmulo de águas quentes causa chuvas abundantes na região, graças à grande quantidade de evaporação. Além disso, aumenta o fenômeno da ressurgência na costa da América do Sul. Essa alteração causada pelas águas frias da ressurgência muda as chuvas e a temperatura média de diversas regiões.

Alterações climáticas e efeitos do La Niña na agricultura

Veja os principais riscos de efeitos do La Niña sobre as diferentes regiões brasileiras:

(Fonte: Canal Rural)

Os efeitos do La Niña em dezembro, janeiro e fevereiro são:

  • chuvas acima da média nordeste brasileiro;
  • condições de frio acentuado no Sul do Brasil.
  • a Região Central do Brasil fica bastante instável e de difícil previsibilidade.

Nos meses de junho, julho e agosto:

  • toda costa Oeste da América do Sul sente temperaturas mais baixas, e o Sul do Brasil tem um inverno bastante seco.
Efeitos globais do La Niña
(Fonte: Enos – Cptec)

Efeitos do La Niña para a safra 2021/2022

O La Niña acontece quando em 5 trimestres consecutivos há alterações nas temperaturas das águas do Oceano Pacífico.

As alterações devem ser abaixo de -0,5.

Na safra passada, 2020/2021, houve uma La Niña moderada. Osvalores, do ONI (Oceanic Niño Index), foram de -0,5 a 1,5.

Variações do ONI (Oceanic Niño Index) nos anos de 2020 e 2021 (até setembro) (Fonte: Noaa)

O resfriamento das águas influenciará a safra 2021/22. A temperatura da superfície do mar esteve, entre julho e setembro, em -0,5 °C.

Portanto, prepare-se para os efeitos do fenômeno na próxima safra e fique sempre por dentro da situação climática.

Como preparar a lavoura para os efeitos do La Niña

Saiba o que esperar do clima

O mais importante é conhecer a sua região e usar ferramentas como o Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático).

O Zarc é um programa nacional que facilita o acesso e uso dos dados e informações de risco climático no Brasil.

Ele indica datas e/ou períodos de semeadura por cultura e por município. Além disso, o programa considera características do clima, o tipo de solo e ciclode cultivares. Isso garante com que as adversidades climáticas sejam evitadas. Assim, elas coincidem com as fases mais críticas das culturas, minimizando as perdas agrícolas.

É uma ferramenta essencial para a gestão agrícolae para a tomada de decisão!

Planeje-se e proteja a sua lavoura

Após se informar sobre as condições climáticas na época do plantio, algumas mudanças no planejamento agrícola podem ser bem-vindas.

  • Não antecipe a compra de defensivos para doenças, porque o clima seco proporcionado pelo La Niña desfavorece algumas doenças;
  • Invista em sementes resistentes e tolerantes à seca;
  • Compre insumos quanto antes e verifique se o maquinário está pronto para a semeadura. O ideal é aproveitar um período de mais umidade para o plantio;
  • Tente tornar a janela de plantio maior. Assim, você terá mais tempo para encontrar a umidade ideal.
  • Estude o histórico da safra passada e arquive os dados da safra atual para te ajudar na próxima. Avalie quais insetos, plantas daninhas e doenças estiveram presentes e previna-se contra eles. Esteja com o manejo integrado de doenças e pragas em dia.

Conclusão

 La Niña pode afetar as diferentes regiões produtoras do Brasil. Ainda não há definição de um evento climático de La Niña para a safra de 2021/2022. No entanto, as chances de sua ocorrência são grandes.

É importante agora ficar de olho nas notícias. Também é importante fazer o monitoramento das condições meteorológicas da sua região. Afinal, elas irão definir quando realizar os principais manejos e tratos culturais nas lavouras.

Fonte: Aegro

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