“E se não fosse o Brasil?”, qual seria a solução para o mundo

Nos próximos anos a estimativa do USDA é de que o Brasil chegará em 2032 a 61% da soja, 31% do milho e 25% do algodão comercializado no mundo. “E se não fosse o Brasil?”, qual seria a solução para o mundo

Fui convidada pelo Núcleo Feminino do Agronegócio para um encontro onde o grupo, formado por produtoras rurais, se reuniu para uma apresentação exclusiva e inédita do professor Marcos Fava Neves, pesquisador e professor da USP e FGV, sobre o papel do Brasil no panorama mundial como fornecedor sustentável de alimentos e energia renovável.

A reflexão que traz no título da palestra, “E se não fosse o Brasil?” mostra que diante de um quadro de aumento crescente da fome mundial e crise de energia renovável global, o Brasil se posiciona como uma solução, nosso país é um grande produtor e fornecedor de alimentos e energia renovável, se não fosse o Brasil, a situação no mundo seria muito mais grave defende Neves. Se soubermos trabalhar adequadamente, poderemos atualizar nossa imagem, controlar problemas recorrentes como desmatamento ilegal e assim conquistar cada vez mais mercados.

Dados da palestra mostram que o mundo precisa todo ano de uma expansão de 6,5 milhões de hectares para produção de grãos. A previsão é que a população continue crescendo e se urbanizando, mesmo que o crescimento aconteça a taxas menores, a urbanização segue firme, assim como a mudança de hábitos por pelo menos 20-25 anos.

O Brasil não comunicou ao planeta, mas nas últimas quatro safras, nosso país agregou quase 14 milhões de novos hectares de grãos, não abrindo novas áreas, que fique claro, mas sim agregando áreas anteriormente ocupadas por pastagens degradadas.

Olhando globalmente, neste período de quatro anos mencionado, o mundo precisaria de 24 milhões de hectares, portanto, o Brasil agregou 14 destes 24 milhões de hectares. “Estamos chegando perto de 70 milhões de toneladas de grãos a mais colocadas no mercado em 4 anos, imagine como estaria o mercado, se hipoteticamente retirássemos esses 70 milhões de toneladas produzidas pelo Brasil, onde iria parar o preço do milho e soja? “ perguntou Neves.

Falando em comercialização e entrada de dólares no país, analisando os dados que o professor Marcos trouxe, em 20 anos o Brasil saltou de 25 para 160 bilhões de dólares vendidos ao mundo, ou seja US$ 160 bilhões entrando no nosso país e levando desenvolvimento a cidades, trazendo oportunidades e qualidade de vida para todos, pois de acordo com os dados apresentados, nos municípios onde o agro se instala, o IDH (índice de desenvolvimento humano) é mais elevado do que a média geral do país.

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FOTO: WENDERSON ARAUJO/TRILUX

Cidades como Sorriso, Sinop, Quirinópolis, Luís Eduardo Magalhães, se transformaram em polos de desenvolvimento, nestes lugares o problema é o preço elevado das terras e a falta de mão de obra.

Falando especificamente da soja, o Brasil saiu de 82 para 153 milhões de toneladas, nosso Brasil produz hoje 41% da soja do mundo, ele compara isso ao poder de uma bomba atômica, chamando a soja de uma “arma” da sociedade Brasileira, visto que hoje 55% da compra mundial de soja vem do Brasil.

O milho foi outro produto destacado, hoje 30% do milho comprado no mundo vem do Brasil. O produto é utilizado para fazer alimentação, etanol, ração animal e também para exportação, além da transformação do milho em carne, com projetos de suinocultura e bovinocultura de corte. Portanto, nosso país é responsável hoje por 50% de toda a soja comercializada no mundo e 30% de todo o milho comercializado no mundo.

O algodão é outro setor que foi destacado pela sua eficiência, produtividade e sustentabilidade, de acordo com as previsões, o Brasil deve ultrapassar os Estados Unidos como o maior exportador mundial em 3 a 4 anos.

Olhando para o futuro, nos próximos 10 anos a estimativa do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) o Brasil chegará em 2032 a 61% da soja, 31% do milho e 25% do algodão comercializado no mundo. Dados de importação, de quanto que o Brasil vai pegar da troca mundial. Fica a pergunta, e se não fosse o Brasil?

O último ponto que o professor Neves foca é na sustentabilidade, onde ele defende que precisamos comunicar melhor nossa matriz energética renovável, a posição de campeão de uso de biocombustíveis entre os maiores países do mundo, uma das menores emissões de CO2 per capita entre os maiores países do mundo, uma das maiores coberturas florestais do mundo (66%).

Precisamos urgentemente eliminar o desmatamento ilegal e paralelo a isto comunicar o reflorestamento que vem sendo feito amplamente no nosso país, juntamente com tecnicas e tecnologias como bioinsumos, agricultura regenerativa, 3 safras por ano, ILPF e outras iniciativas de sustentabilidade do agro Brasileiro. Nossa agricultura é a mais verde do globo. Segundo Neves “O mundo tem fome e carência de energia renovável, e nós temos a oportunidade de expandir com sustentabilidade”.

*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.

Fonte: Helen Jacintho/Forbes Brasil

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