Comunicadora do agronegócio, Camila Telles, palestrou na abertura do Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite, em Chapecó; solenidade reuniu autoridades e lideranças do setor agropecuário
Considerado um dos maiores eventos técnicos-científicos do setor no país, o Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite iniciou nesta terça-feira (5), em Chapecó (SC). A palestra de abertura, no fim do primeiro dia, foi apresentada pela comunicadora e produtora rural, Camila Telles, com o tema “Empreendedor – a criatividade que o agro precisa”. O evento, promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), segue até quinta-feira (7), no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes.
Conhecida nas redes sociais como “agroinfluencer”, Camila Telles compartilhou sua trajetória, contou como saiu da propriedade dos pais para se formar em Relações Públicas e destacou a importância do apoio familiar para que o jovem desenvolva amor pelo agro. “Não voltei para a fazenda porque minha família exigiu, mas porque amo aquele lugar”.
Segundo ela, é impossível falar de empreendedorismo sem entender a comunicação e como as pessoas funcionam hoje. Enquanto a comunicação do agro para o agro é eficiente, com feiras e eventos de grande qualidade, Camila questionou se o mesmo acontece para o público em geral. “Esquecemos de colocar uma placa no supermercado para que as pessoas entendam que os produtos vêm do agro, que nós não paramos, por exemplo”.
A ideia é aproximar a cidade do campo. Ao pensar em empreender, a recomendação é comunicar o agro em todas as iniciativas e buscar conexão. Como exemplo, citou a Nucleostore — loja de produtos personalizados do Nucleovet — que representa um empreendimento beneficente dentro de um evento da cadeia produtiva.
Reiterou a questão se “o agro está comunicando bem para quem não é do setor?”. E complementou com a informação de que muitos jovens estão no TikTok consumindo conteúdo de outros setores e se perguntando por que o agro não está presente. “Não estou dizendo para vocês fazerem dancinha, mas para mostrar o dia a dia, de onde vem o alimento”, sugeriu, ao enfatizar que é essencial mostrar o verdadeiro Brasil — um país que, nos últimos 40 anos, saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um grande provedor para o mundo. “A importância desse protagonismo econômico e social merece ser valorizada”, sublinhou a comunicadora.
“Trabalhei e morei em vários lugares, fiz palestras pelo país, mas hoje meu trabalho e lucro estão na fazenda, e temos orgulho disso.” Ela frisou que o agro é uma cadeia produtiva completa e essencial, ajudando com novas tecnologias e inspirando futuras gerações. “Trabalhar no agro é positivo; é um setor para empreender e ousar. Há tantas ideias boas guardadas. Sugiro que arrisquem-se”.
Ela acredita que o próximo empreendimento pode estar nas ideias que cada um tem. “Quando temos propósito, nos unimos. E não há objetivo mais incrível do que produzir alimento para as pessoas”, finalizou.
Antecedente à palestra de Camila Telles, a cerimônia de abertura da 13ª edição do Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite reuniu autoridades e lideranças do setor.
Em seu pronunciamento, o presidente do Nucleovet, Tiago José Mores, sublinhou que a programação do evento foi cuidadosamente planejada por uma equipe de profissionais que avaliaram os temas mais relevantes da atualidade para o setor. “Com isso, criamos uma agenda de painéis que abordam desde a qualidade da forragem, um elemento essencial para a nutrição e bem-estar dos animais, até a indústria, o manejo e o ambiente, fatores que influenciam diretamente a produtividade e a sustentabilidade das operações”. A inclusão desses temas reflete uma visão completa da cadeia produtiva e da importância de promover uma pecuária de leite eficiente, moderna e sustentável.
Mores enfatizou os desafios que vêm afetando a cadeia produtiva no país. “Enfrentamos crises significativas decorrentes de eventos climáticos. Além disso, o setor sofre com o impacto das importações excessivas de leite, o que prejudica a remuneração do produtor nacional, em especial o pequeno e o médio produtor. Esse cenário exige uma nova política pública que atenda às necessidades, assegurando a sustentabilidade e competitividade do setor”, apontou. Entre as ações sugeridas, o presidente citou a redução de tributação, o combate às fraudes no setor, a criação de um mercado futuro para commodities lácteas e a consolidação de tarifas que protejam o mercado interno, além de garantir que os produtos lácteos de origem nacional tenham preferência em programas sociais.
Para além das dificuldades, Mores destacou a importância de lembrar que a bovinocultura de leite representa um setor de grande pujança e resiliência. “Com eventos como este Simpósio, fortalecemos nossa capacidade de adaptação e inovação. Vamos juntos construir o futuro da nossa pecuária leiteira”, exclamou.
Em seu discurso, o secretário de Estado da Agricultura de Santa Catarina, Valdir Colatto, reconheceu a importância do evento e a dedicação do Nucleovet para a entrega de mais uma edição. Ainda, valorizou a participação de técnicos e profissionais de diversas áreas, que vieram de diferentes regiões do país para aprimorar conhecimentos, e reforçou que o estado está comprometido com o desenvolvimento da cadeia leiteira.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de Santa Catarina (SINDILEITE-SC), Selvino Giesel, parabenizou o Nucleovet pela organização e a todos os participantes que vieram em busca de conhecimento para levar aos produtores, promovendo maior profissionalização no campo. Também apontou a necessidade de deixar a política “de lado” e focar no aprendizado e na atualização, pois “o mundo não para”.
O 13º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), com apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Santa Catarina (CRMV-SC), da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), da Prefeitura de Chapecó e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc).
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