Veja como escolher touros para a reprodução; veja experiências de produtores que colocam mais de 100 vacas para cobertura em monta natural com somente 1 touro
Segundo a literatura o ideal é ter um reprodutor para cada 25 a 30 vacas, no máximo. Essa quantidade também é conhecida como 25:1. Esse número é o mais indicado a partir de diversas avaliações. Entre elas, sobre a libido do animal, por exemplo. Será?
Quais são os pontos cruciais para a seleção de touros na nossa realidade no Brasil? Existem várias respostas para essa pergunta, mas o foco principal é a questão reprodutiva. E, escolher um animal adequado e realizar o manejo de forma correta pode levar o aumento da cobertura de 30 para mais de 100 vacas para um único touro.
Segundo o médico veterinário e diretor técnico da Vet Plus Laboratórios, Fernando Galvani, escolher animais que tenham boa variação genética é fundamental, e animais que tenham boa variação reprodutiva, que dispersam maior quantidade de genes na população. E, para escolher esses animais, o produtor pode usar algumas características que são pontuais no indivíduo tentando pegar, além dos avaliados os adaptados ao ambiente, animais que passaram por programas de melhoramento e da parte reprodutiva.
Para o especialista em reprodução uma das coisas preocupantes, mas que no cenário nacional os produtores não se atentam muito é a questão de aprumos e também umbigo.
“Essas questões que todo mundo sabe, mas a aplicação tem sido levada um pouco menos a sério do que a parte que foca na avaliação de sêmen em si. Na maioria dos sistemas de reprodução os touros têm que andar atrás das vacas que estão em cio, e esse andar depende praticamente dos aprumos, que são as pernas literalmente, e dentro das avaliações das pernas você vai olhar ângulo de jarrete, então animal que tem perna reta ele fica trocando o pé para frente e para trás vai ter mais dificuldade para encontrar a fêmea em cio da mesma forma, principalmente nas raças européias você encontra a forma com a perna um pouco mais curvilínea e esses animais também terão dificuldade. Outra coisa que você encontra muito no campo são os animais que tem problemas nos cascos, e aí você tem que dar manejo para tentar corrigir os problemas com cascos, a gente não olha quase nunca aprumo”, explicou.
Pigmentação e adaptação ao ambiente
Outro critério que ele julga ser muito importante na escolha de um bom reprodutor é a pigmentação, para que o animal consiga cumprir o desafio de cobrir fêmeas. O gosto da maioria dos pecuaristas é o touro branco, porém, para tomar a decisão é necessário verificar se há sombreamento na propriedade para que o animal tenha maior adaptação.
“Se for um animal zebuíno o ideal é que seria aquele que tem o pelo branco que reflete mais calor e gera mais conforto, porém a pele tem que ser escura, e como eu sei disso? Eu olho para o animal e vejo se as extremidades, a canela, nas mãos a ponta do testículo, o fucinho, envolta do olho as mucosas, o anus são escuros, então mesmo ele tendo a pelagem branca com as extremidades escuras é o melhor de adaptação depois disso o que tem a pelagem um pouco cinza, evitar os animais com a pelagem muito clara e se você conseguir ver se tem pelagem rosada na parte de baixo você evita porque tendem a ser menos adaptados. E se tiver a oportunidade de ver o animal molhado as manchas de despigmentação ficam mais evidentes e facilita a escolha”, indicou.
Escolha de touro aumenta o número de vacas cobertas
Galvani alerta que estamos desatualizados 30, 40 anos quando se pensa em proporção touro x vaca. E tem proposto em vez de usar um touro para 25 vacas usar para 50 inclusive clientes que usam até 100, como é o caso da Fazenda Vale do Boi, localizada no norte de Tocantins que trabalha com o Fernando Galvani há mais de 30 anos.
No ano de 2004 a propriedade participou de um experimento onde touraram 120 vacas com um reprodutor Nelore por 90 dias obtendo uma taxa de prenhes de 90%.
“Estamos equivocados com o sistema de uso de touros, se o pecuarista tiver critério para escolher o touro ele pode ter desafio maior. A gente tem larga experiência em usar até para 100 desde que esses critérios sejam observados, principalmente a fertilidade de sêmen de boa qualidade e aquelas coisas que fazem com que esse sêmen chegue até o óvulo da vaca, aprumo, adaptação ao meio, ou seja, o conjunto da obra como um todo”, disse Galvani.
1 touro para 150 vacas na reprodução
Maurício Fraga, que foi diretor da Agropecuária Corona, localizada no sudeste do Pará, contou que na Agropecuária realizaram vários experimentos com touros guzerá usando diferentes proporções de vaca por touro, no início 30 vacas por touro e depois da realização de exame ultralógico e teste de libido, com os resultados chegaram a 150 vacas por touro.
“Tinha lote de 40, 50, 60 e 80 e chegamos até a 150 e o resultado foi muito positivo, funcionou muito bem. Tivemos até uma preocupação se na Estação de Monta as vacas estariam emprenhando, mas poderiam estar perdendo o cio e nós acabamos fazendo um desafio grande colocamos mais de 400 novilhas com dois touros e em 21 dias e cada touro desses emprenharam 4 vacas por dia foi um trabalho que teve resultado excepcional”, contou Fraga.
Segundo Fernando Galvani o segredo para chegar nesse resultado é a conjugação de informações, a avaliação da qualidade do sêmen, a produção de espermatozóide, e depois a capacidade de achar a fêmea em si, e se ele tem interesse que é libido.
“E, a partir dessa conjugação de informações, você começa a estratificar a quantidade de vacas que você vai colocar para esse touro. Seguramente nós estamos desatualizados quando a gente pensa de proporção touro x vaca, os nossos touros estão extremamente subutilizados. Na nossa experiência a gente tem inúmeros clientes que conseguem obter o mesmo desempenho reprodutivo com a diminuição da quantidade de touros nas propriedades”, destacou Galvani.
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