Para o produtor pecuário: é possível manter ou melhorar a lucratividade conciliando o aspecto produtivo e o de sustentabilidade ambiental?
Vários Autores* – Por conta do aquecimento global ou por questões de geopolítica econômica, em que se estabelecem as forças competitivas entre países produtores, o setor agropecuário brasileiro e, em especial, a pecuária de corte, tem sido objeto constante de discussão. Para o produtor pecuário, esse contexto se traduz em única pergunta: é possível manter ou melhorar a lucratividade conciliando o aspecto produtivo e o de sustentabilidade ambiental? Este artigo coloca luz sobre os pontos relevantes que evidenciam os resultados positivos em relação à redução dos impactos ambientais e o aumento da rentabilidade da atividade.
Por que a pecuária nacional parece vitrine na questão do clima?
A agenda de sustentabilidade ambiental, em especial pelos efeitos dos gases de efeito estufa sobre o clima, deixou de ser um cenário futuro, como era tido 10 ou 15 anos atrás, para ser uma condição que já vivemos hoje. Dentre todas as atividades econômicas de produção, a pecuária é a sétima mais poluente, respondendo por 5.8% da emissão total de gases estufa no planeta. O Brasil é o segundo maior produtor e o primeiro maior exportador de carne bovina, com um rebanho de 187.55 milhões de cabeças, distribuídos em 165.2 milhões de hectares. Esses números mostram que a pecuária nacional tem um papel importante a desempenhar em relação ao tema. Mas, por trás dessa agenda legítima, há também os interesses ocultos; neste caso, as competições comerciais entre os países produtores para alterar o balanço competitivo de suas exportações.
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No total das atividades produtivas, o Brasil emitiu, em 2005, um total de 1.2bi tons CO2eq e deveria reduzir essas emissões em 43%, até 2030. Assumindo que esses 43% tivessem que ser reduzidos linearmente em toda e qualquer atividade econômica, esse seria o principal desafio da pecuária nacional. A boa notícia é que algumas pesquisas feitas em ambiente operacional mostram que, dependendo do sistema de produção, é possível uma redução de até 51%,8 na emissão dos tais gases estufa para um mesmo nível de produção pecuária.
Por que escolher um sistema de produção pecuária adequado é importante?
A determinação de um sistema adequado de produção deve considerar não apenas os fatores diretos, como manejo, sazonalidade de pastos e custos de produção, mas também os indiretos, como os impactos ambientais, sob o aspecto dos custos de produção e emissão dos gases de efeito estufa, de forma que a redução das emissões esteja condicionada não apenas à viabilidade econômica da atividade, mas também possa ser explorada como uma vantagem competitiva monetizável, transformável em margem incremental para o produtor. E como se faz isso?
Os custos que os pecuaristas estão acostumados a tratar, na gestão do seu negócio precisam ser trazidos a uma base comum, como, por exemplo, o hectare ou o quilo de peso-vivo para então serem somados, sob a ótica econômica, os aspectos operacionais e ambientais. Ressalvadas as obrigações de proteção ambiental, já determinadas em lei, a diferença entre os sistemas de produção consiste na diferença entre as alternativas de estratégia de alimentação dos animais. Então, é possível conciliar metas de lucro e sustentabilidade?
As análises matemáticas de trabalhos em ambientes de produção demonstram que sim e o uso de técnicas matemáticas, de apoio à tomada de decisão, como as implementadas na BovExo, otimizam a produção de carne de baixa emissão de CO2 eq, com um atrativo retorno econômico. Esforços conjuntos dos setores produtivos, institutos de pesquisas e agências de fomento são imprescindíveis para que se possa identificar e implementar, nas diversas regiões do país, sistemas otimizados, ambientalmente e economicamente de produção de carne. E qual é a mágica?
O que não parece natural, mas é matematicamente comprovado é que investimentos em melhoria das pastagens, através de fertilização ou substituição por pastagens mais produtivas, e a suplementação estratégica da dieta resultam em uma plena exploração do potencial de ganho de peso do animal. A melhor relação PB/kg MS do pasto corretamente manejado e a suplementação da dieta também permitem uma maior carga animal por hectare e um menor tempo de ciclo para atingir o ponto de venda/abate. Estes três fatores, conjuntamente, refletem-se em menores emissões8 e maior lucratividade, em comparação com sistemas menos intensivos, de menor investimento.
E como fica a questão da competitividade entre os produtores?
Nesse aspecto, o quadro é melhor ainda. A mesma produção pecuária atual poderia ser feita, sob este sistema de produção mais eficiente, em uma área 25% inferior à área atual, o que significa cerca de 40 milhões de hectares que poderiam ser liberados para um incremento da produção. Isso é de vital importância para o Brasil, dado sermos o único país do mundo com capacidade de atender o aumento futuro de consumo de carne bovina. A FAO estima que, em 2025, o mundo necessitará uma produção adicional de 9.9 milhões de tons, praticamente o montante produzido pelo Brasil na safra 2019-2020. E, mais ainda, esta menor emissão de gases-estufa deveria traduzir-se em créditos-carbono, aumento margem de lucro dos pecuaristas e redução dos preços de exportação, aumentando a competitividade da carne brasileira pelo aspecto da sustentabilidade (selo verde) e econômico (preço/margem). É uma janela de oportunidade de US$ 40 bilhões de receita adicional.
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Autores: Clandio Favarini Ruviaro – Zootecnista, Dr. em Agronegócios (Pesquisador/professor da Universidade Federal da Grande Dourados – MS) e Carlos J. P. Gomes, MBA Administração (Co-fundador & CTO BovExo)