
Há alguns dias, foi matéria nas diversas mídias, uma discussão entre preferências das gerações Y e Z. Com isso, o tema das diferentes gerações tornou-se mais conhecido no país.
Esse conceito de gerações vem sendo mais empregado nos últimos anos para avaliar comportamentos de consumo e traçar estratégias de marketing. Atualmente, tem-se 6 gerações convivendo juntas no país.
A geração silenciosa é composta por aqueles indivíduos nascidos antes de 1946 ou 1950 (esses limites variam de acordo com o autor considerado). Essa parcela da população nasceu em um período conturbado de guerras. Hoje em dia são aposentados e possuem preferência por estabilidade.
Osbaby boomers compreendem indivíduos nascidos entre 1946-1951 e 1964-1965. Esse nome está relacionado à explosão de natalidade que ocorreu após a Segunda Guerra Mundial. Geralmente, são focados no trabalho, pouco influenciados por marcas, buscam sempre a qualidade dos produtos e recebem uma forte influência da TV.
A geração X é constituída por aqueles que nasceram entre 1965 e 1976-1980. É a parcela da população que começou a ter contato com o meio acadêmico e com experiências internacionais. São influenciados por marcas, famosos e são tradicionais em suas escolhas.
A geração Y ou milênios compreende os nascidos entre 1976-1980 até 1990-1995. É a geração da tecnologia. São pessoas individualistas, capazes de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, não são influenciadas por marcas, sendo extremamente questionadores. Além disso, possuem grande preocupação com o impacto ambiental. É a geração que, atualmente, dita as regras, gerando mais impacto sobre o consumo de alimentos no mundo.
A geração Z engloba os nascidos a partir de 1995 até 2009-2015 e são indivíduos ansiosos, ainda mais individualistas que a geração anterior e não são influenciados por marcas. Já a geração alpha envolve os nascidos a partir de 2009 e 2015. Por ainda se encontrarem na fase infantil, ainda não se tem muitos estudos sobre estes indivíduos.
De acordo com os dados do IBGE, hoje a maior parte da população brasileira é composta das gerações Y e Z (Figura 1). A geração Z representa quase 34% da população do país e a geração Y representa pouco mais de 31%. Juntas, as duas gerações mais materialistas, individualistas e multitarefas, respondem por quase 70% da nação.


Devido a essa grande representatividade e também por seu poder de influenciar nas redes sociais, essas duas gerações têm sido ofoco das empresas no lançamento de produtos. No entanto, há alguns dias, o termo cringe tornou-se popular para descrever a vergonha alheia que a geração Z sente da geração Y e outras que vieram antes dela.
Assim, neste conflito de gerações, como ficou explícito na internet nas últimas semanas, para a geração Z é cringe tomar café da manhã, tomar cerveja de litrão etc. Mas, será que é cringe consumir lácteos?
Para responder a essa pergunta, foram empregados dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017/18 do IBGE. Utilizou-se os dados de consumo de 5 grupos de lácteos: leite fluido, queijo, iogurte, outros laticínios e total (soma de todas as outras categorias).
Em outros laticínios considerou-se o total de lácteos menos leite fluido, queijo e iogurte. Assim, em outros laticínios encontram-se manteiga, leite fermentado, leite condensado, creme de leite etc. Os valores de consumo médio e seus respectivos desvios padrões foram determinados por uma regressão linear não paramétrica que utilizou como variável categórica preditora a geração do informante.
Para a análise das gerações foram consideradas as seguintes datas de corte: geração silenciosa (nascimento anterior a 1951), baby boomers (entre 1951 e 1965), geração X (entre 1966 e 1975), geração Y (entre 1976 e 1995) e geração Z (entre 1996 e 2008). A Figura 2 apresenta os resultados.


Pela Figura 2, é possível perceber que a geração Z não é muito fã de queijos e iogurtes. Dentre todas as gerações analisadas, a Z foi a que apresentou menor consumo destes produtos.
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Para leite fluido, os maiores níveis de consumo per capita foram verificados para os dois extremos da população analisada: a geração silenciosa e a geração Z. Porém, a taxa de consumo da geração silenciosa supera em 1,7 vezes o consumo dos indivíduos da geração Z.
No entanto, quando se considera os demais lácteos (excluindo leite fluido, queijos e iogurte), é que a geração Z se destaca. O consumo dessa geração é bem superior aos demais, chegando a cerca de 7 vezes mais consumo do que as gerações silenciosa e X. Assim, no total de lácteos consumidos no país, a geração Z é a maior consumidora. Portanto, pode-se concluir que não é cringe consumir lácteos no Brasil.
Fonte: Milk Point