Planejamento da estação de monta é imprescindível, até mesmo na decisão de usar touros no repasse ou focar somente na IATF.
André de Souza e Silva
A pecuária brasileira esta vivendo um momento único. O país esta superando uma das maiores crises após a redemocratização do Brasil, o setor econômico industrial atravessa momento de inconstâncias com oscilações em seu desempenho. Neste cenário o setor primário – o agronegócio brasileiro – se mostra o “esteio” da nossa economia. O jargão de que o “Brasil é Agro”, nunca se mostrou tão verdadeiro como agora.
O agronegócio brasileiro cresceu entre 2015 e 2016 mais de 15%, a pecuária por si só 12%. Em 2017, o setor correspondeu a 22% de todas as riquezas produzidas no Brasil (PIB). A pecuária contribuiu fortemente para mantermos a balança comercial positiva para o Brasil e ainda mais para o setor primário, correspondendo a 31% do setor.
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Analisando este atual cenário pecuário nos deparamos com uma grande questão: Podemos crescer e aumentar a produtividade ainda mais? Minha resposta é “indiscutivelmente sim”. Vamos olhar um pouco mais a fundo. Todo o setor do agronegócio da pecuária de corte faturou em 2017 R$96,04 bilhões. Para obtermos esse montante faturado, foram investidos em produtos e serviços dentro da atividade R$61,12 bilhões, o que corresponde a 63,64% do faturado, sendo que o investimento em reprodução (protocolos, matérias de Inseminação Artificial e sêmen) corresponde a apenas 0,86% de investimento dentro de uma propriedade.
Estamos falando da fase de maior impacto dentro da atividade pecuária e investimos tão pouco.
O rebanho brasileiro de matrizes de corte praticamente estabilizou em 56 milhões de cabeças desde 2012, oscilando muito pouco e o percentual de matrizes inseminadas também não teve grande variação.
Fazendo um comparativo com os dados os EUA, onde o rebanho de matrizes de corte é de aproximadamente 31,7 milhões de cabeças e o percentual de inseminações é superior a 90% do rebanho.
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Sendo assim vemos um grande potencial de crescimento produtivo na utilização de material genético de touros comprovadamente melhoradores e na maior adoção e incorporação da técnica da inseminação artificial dentro das propriedades. O Brasil é muito grande, nosso rebanho é um dos maiores do mundo e na grande maioria o pecuarista brasileiro ainda utiliza o famoso “boi de boiada” como reprodutor.
Segundo dados levantados juntos as associações de raças e programas de melhoramento genético, o Brasil produz por ano aproximadamente 70.000 touros com algum tipo de informação (controle genealógico e ou avaliação genética). A demanda por animais superiores é muito maior do que isso. E a maneira mais eficiente, rápida, fácil e de baixo custo é a inseminação artificial.
No gráfico acima, apresentamos um comparativo entre o custo de uma prenhez por touro e por inseminação artificial, com 2 cenários, um onde a taxa de prenhez obtida é 50% e no segundo onde a taxa de prenhez é de 55%.
Dentro dos parâmetros estamos considerando o custo de aquisição deste reprodutor, valor de mantença (custo operacional, sanitário e nutricional) por um período de 5 anos (vida útil do reprodutor), exames andrológicos pré-estação de monta e descontamos o valor da carcaça após o abate. Consideramos que a taxa de serviço do reprodutor seja de 25 vacas com 80% de prenhez. Com certeza temos outras particularidades pelo Brasil afora, afinal somos um país continental. Quanto aos parâmetros para os cenários de inseminação artificial, trabalhamos valores para protocolos de IATF, sêmen e mão de obra de veterinário, obtendo um valor total de R$60,00 por vaca inseminada. Podemos analisar através do gráfico que nos cenários de inseminação, a ressincronização é mais do que indicada e atualmente é uma constante nos planejamentos de estação de monta.
Estamos em um período em que a estação de monta está prestes a ser iniciada na grande maioria do Brasil, as primeiras chuvas estão chegando é a hora de se planejar, traçar os objetivos e alinhar os processos a serem utilizados para alcança-los. Tenho plena ciência na nossa vocação brasileira em produzir alimentos cada vez mais socialmente justos, ambientalmente corretos e economicamente rentáveis.
André de Souza e Silva
Coordenador do Programa Semex Progressive Corte
(47) 9.9650-0037
andre@semex.com.br