E agora? Preço do Bezerro sobe mais do que o boi gordo

Em novembro de 2019, o produtor precisava de 7,72 arrobas do boi gordo para comprar um bezerro; neste mês, relação subiu para 8,87 arrobas.

A arroba do boi gordo em São Paulo subiu de R$ 198,11 em novembro de 2019 para R$ 280,50 neste mês, valores sem impostos e a prazo, de acordo com levantamento da Scot Consultoria. Quem vê de fora da porteira a alta de 41,6% pode até pensar que o pecuarista está em uma situação mais confortável do que no ano passado. Mas essa não é a realidade.

A coordenadora da divisão de bovinos para reposição da Scot, Thayna Drugowick Andrade, afirma que o poder de compra do pecuarista ante o bezerro, que representa em média 60% do custo do produtor, piorou. Em novembro de 2019, eram necessárias 7,72 arrobas de boi gordo para comprar um bezerro. Este mês, o índice subiu 14,9%, para 8,87 arrobas.

Acontece que o preço do bezerro em São Paulo, no mesmo comparativo, saltou de R$ 1.530 para R$ 2.500, valorização de 63,4%.

Segundo levantamento foram negociados na Estância Leilopec, em Uberaba, lotes de animais cruzados, Nelore e reses de cruzamento industrial. Com lotes em pista, uma nova oferta de animais para cria, recria e engorda movimentou o recinto. O tradicional pregão mineiro foi organizado pela Leilopec e contou com o leiloeiro rural Davi Neto no comando do martelo.

O destaque da noite ficou para o lote de animais oriundos do cruzamento industrial que foram negociados pelo preço de R$ 2.840,00 por cabeça e com peso médio de 190 kg. O preço por kg alcançou quase R$ 15, um dos maiores já vistos até o momento.

Segundo os negócios registrados no aplicativo da Agrobrazil, o pecuarista de Campo Grande/MS, informou o preço de R$ 2.555,00 por cabeça, com pagamento à vista e idade de até 12 meses. Já em Lodrina/PR, o preço é de R$ 2.300,00 por cabeça, também com pagamento à vista.

Movimento natural

De acordo com a coordenadora, a cada quatro anos mais ou menos, a pecuária passa por uma mudança significativa: os valores do boi gordo levam o pecuarista a abater mais vacas para fazer caixa, o que acaba gerando, posteriormente, uma baixa na oferta de bezerros.

Esse movimento começou em 2018, segundo Thayna, e se estendeu durante 2019. Neste ano, as coisas começaram a mudar. Com o bezerro muito valorizado, o produtor resolveu segurar as fêmeas na propriedade.

Esse movimento pode ser comprovado observando-se o número de abate de fêmeas no primeiro semestre do ano. O abate de vacas caiu 18,2% em relação ao primeiro semestre de 2019 e o de novilhas, retraiu-se 12,3%. A tendência é que isso se mantenha ao longo de 2021 e 2022, segundo a coordenadora da Scot.

Entretanto, esse é apenas o primeiro passo para uma mudança no cenário. A disponibilidade de bezerros só deve crescer significativamente em meados de 2023, quando o ciclo natural da pecuária deve se inverter.

Arroba do boi gordo

A boa notícia é que os preços do boi gordo devem continuar firmes, apoiados principalmente pelas exportações aquecidas. A Scot Consultoria acredita que a China vai continuar demandando bastante em 2021, mas talvez não tanto quanto o visto neste ano e no ano passado.

A maior preocupação é uma recessão econômica em meio à pandemia da Covid-19, que afetaria o poder de compra do consumidor brasileiro. O mercado interno representa cerca de 75% da demanda por carne bovina.

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