O financiamento foi realizado no modelo conhecido como “debtor-in-possession” (DIP), ou “devedor em posse”, uma modalidade amplamente utilizada por empresas em recuperação judicial
O Banco Original, controlado pela J&F Participações, empresa dos irmãos Batista, proprietários da multinacional JBS, aprovou um financiamento de R$ 328 milhões para o Grupo Petrópolis, responsável pelas marcas de cerveja Itaipava e Petra.
O financiamento foi realizado no modelo conhecido como “debtor-in-possession” (DIP), ou “devedor em posse”, uma modalidade amplamente utilizada por empresas em recuperação judicial. Esse mecanismo é considerado essencial para manter as operações da companhia e reforçar seu fluxo de caixa. A transação foi concluída no início deste ano com o objetivo de estabilizar financeiramente o grupo em um momento crítico de sua trajetória.
O modelo DIP possibilita que empresas em dificuldade captem recursos diretamente de acionistas, credores ou investidores externos. Segundo nota oficial, essa modalidade de crédito está prevista na legislação brasileira e permite injetar recursos necessários para despesas operacionais, como a compra de matérias-primas, garantindo que compromissos financeiros sejam cumpridos sem interromper as atividades.
O Grupo Petrópolis enfrenta desafios significativos. Entre janeiro e setembro do ano passado, registrou uma queda de 35% nas vendas, acumulando um prejuízo de R$ 933 milhões no período. As perdas totais da companhia já ultrapassaram R$ 1 bilhão, evidenciando a urgência de medidas para reverter o cenário e assegurar a continuidade do negócio.
Entenda o caso
Em setembro de 2023, o Grupo Petrópolis apresentou um plano abrangente de recuperação judicial envolvendo 30 empresas vinculadas ao conglomerado. A proposta detalha ações para liquidar um montante de R$ 5,5 bilhões em dívidas. Entre as iniciativas descritas no plano estão a venda de ativos específicos, como parte da frota de caminhões e alguns recursos de energia, a concessão de prazos e condições diferenciadas para pagamentos e a renegociação de encargos financeiros.
Segundo o grupo, a necessidade desse plano emergiu de uma crise de liquidez, desencadeada pela queda expressiva no volume de vendas. O total de bebidas comercializadas caiu de 31,2 milhões de hectolitros em 2020 para 24,1 milhões em 2022, reduzindo significativamente a receita da companhia e colocando pressão sobre suas operações financeiras.
Em outubro de 2023, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro aprovou formalmente o plano. Essa homologação permitiu que a empresa avançasse na execução das medidas propostas, que foram aceitas por 96% dos credores participantes da assembleia geral realizada no dia 11 de setembro de 2023.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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