Dono da Marfrig, vira réu por suposta manobra envolvendo frigorífico

Marcos Molina, o controlador da Marfrig e grande acionista da BRF, acaba de se tornar réu em um processo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ele responde por suposta manobra para manter frigorífico no principal índice da Bolsa.

Ele é acusado de ter operado para, supostamente, criar “condições artificiais de demanda, oferta ou preço” com ações da Marfrig. O objetivo final da estratégia investigada, ocorrida em 2018, teria sido impedir que os papéis do seu frigorífico saíssem do principal índice da Bolsa, o Ibovespa — o que traria consequências negativas para o valor da companhia e, portanto, para o patrimônio do bilionário.

Além de Molina, são acusados no processo a MMS Participações (veículo do empresário) e David Tang (diretor da Marfrig que, no mês passado, foi multado em R$340 mil pela própria CVM por falhas na comunicação ao mercado sobre a compra de fatia da BRF). Agora, os réus serão julgados pelo colegiado da CVM. A data do julgamento ainda não foi marcada.

O processo começou com a detecção de indícios de irregularidades pela BSM — órgão ligado à Bolsa que faz a supervisão do mercado — em operações com ações da Marfrig (MRFG3, com voto). Elas faziam parte de uma estratégia combinada nos mercados à vista e a termo (contrato de compra e venda numa data futura) realizadas pela MMS.

Possível tentativa de fraude

Segundo a investigação, o objetivo da operação era influenciar no chamado índice de negociabilidade da ação da Marfrig — que avalia a liquidez do papel e é um fator determinante para inclusão das empresas em índices da Bolsa. Nesse caso, de acordo com a apuração, a finalidade era manter o frigorífico no Ibovespa, principal índice da B3.

Isso porque o papel estava prestes a ser excluído do Ibovespa no período das supostas irregularidades. “A MMS teria elevado de forma abrupta o giro dos negócios com ações MRFG3, no período entre março e agosto de 2018, com o objetivo de influenciar e elevar o índice de negociabilidade das referidas ações para os efeitos do rebalanceamento do Ibovespa”, resumiram os técnicos da CVM em parecer sobre tentativa de acordo de R$ 2 milhões proposta pelos réus e que foi rejeitada pelo órgão em abril.

Segundo as investigações, David Tang foi responsável por cotar junto a corretoras as taxas e condições dos negócios da MMS, cujas ordens seriam confirmadas por Molina. Tang — que à época dos fatos era diretor sem função designada e hoje é diretor de relações com investidores da Marfrig — teria chegado a mencionar, nas conversas com as corretoras, a importância de atingir determinado índice de negociabilidade.

Antes de a CVM rejeitar a proposta de acordo em abril, a área técnica da CVM havia
argumentado ao colegiado que “em razão do ineditismo e da gravidade em tese do caso, que teria envolvido possível tentativa de fraude, em tese, ao índice Ibovespa” não seria conveniente a celebração do acordo, segundo ata do órgão.

O que dizem os acusados

Procurados pela coluna por meio de sua assessoria de imprensa, “a MMS e seu controlador consideram que as operações de rolagem de estratégia combinada entre os mercados à vista e a termo ocorreram dentro da mais absoluta normalidade e das regras impostas pelo regulador.”

“Ao exercerem seu direito de defesa, a MMS e seu controlador terão a oportunidade de apresentar fatos e argumentos que corroboram essa convicção”, acrescentaram. É a segunda vez que Molina se torna réu na CVM. Há menos de 2 anos, o bilionário pagou R$ 20,2 milhões para encerrar investigação que o acusava de ter feito uso indevido de informação privilegiada na compra de ações da Marfrig antes de o frigorífico anunciar a aquisição do controle da americana National Beef, em 2018.

Fonte: oglobo.globo.com

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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