Criadores relatam alta mortandade do rebanho; Prejuízos giram em torno de R$ 25 mil a R$ 45 mil. Principal suspeita é de surto de verminose, caracterizado por diarreia e anemia.
Um surto que se caracteriza por diarreia e anemia tem causado a morte de ovinos e caprinos no Baixo Jaguaribe e Inhamuns. Alguns criadores desta última região relatam perdas superiores a 30% do rebanho.
O problema sanitário começou a ser identificado em maio deste ano e, atualmente, segundo o secretário de Agricultura de Tauá, Alberto Soares Júnior, tem causado a morte de até dois animais por dia. Ele aponta que a doença, cujo vetor ainda é desconhecido, tem gerado prejuízo na cadeia econômica regional de criação da ovinocaprinocultura, que é a principal atividade agropecuária dos Inhamuns.
“O impacto é significativo, alguns criadores expressam desinteresse em continuar com a atividade e outros amargam prejuízos que variam entre R$ 25 mil a R$ 45 mil. Já buscamos apoio técnico da Embrapa”, destacou Soares.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Caprinos e Ovinos, em Sobral, na região Norte do Estado, está apurando as causas das mortes. A princípio, a Embrapa trabalha com a hipótese de ser um surto de verminose.
“Nesse período de pandemia não foi possível irmos a campo para avaliar com mais precisão, mas já fizemos reuniões online para orientarmos os criadores e planejarmos as nossas ações a partir dos relatos colhidos”, explicou o veterinário da Embrapa, Marcel Teixeira.
Ele explica que a verminose é um dos principais problemas sanitários do rebanho de caprinos e ovinos. A doença afeta a digestão e a absorção de nutrientes; reduz eficiência reprodutiva e consequentemente a produtividade geral do rebanho.
A verminose, no entanto, ocorre com maior regularidade em período chuvoso, quando a pastagem está úmida. Já a mortandade do rebanho em ambas as regiões teve início já no início do período da pós-estação chuvosa. “Apesar da suspeita inicial, vamos realizar exames de fezes e outros diagnósticos clínicos para descobrir as reais causas”, acrescentou Marcel.
Afetados
Na localidade de Várzea do Boi, em Tauá, o criador Eli Sobreira registrou morte de mais de 40 caprinos e ovinos. Já no Riacho do Mato, também em Tauá, Claudinei Gonçalves, perdeu cerca de 100 cabeças. “É muito prejuízo. Ao todo, nossa criação tem 250 cabeças”, dimensiona.
Além de Tauá, na região dos Inhamuns, houve casos em Parambu, Aiuaba e Arneiroz. No Baixo Jaguaribe, criadores de Jaguaruana também relatam o surto da doença. O criador Marcos Machado revela já ter perdido “mais de 50 animais nos últimos dois meses”.
“O nosso medo é do problema se alastrar. Buscamos orientações, mas como ninguém sabe de fato do que se trata, os veterinários passam medicamentos diferentes e a gente fica sem saber o que fazer”.
Diante do alto número de animais mortos, a Embrapa acionou o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e pediu a liberação de recursos para instalação de um laboratório para exames e de uma estrutura básica para orientar os criadores, em Tauá. A Embrapa aguarda o retorno do MDR.
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O veterinário da Associação dos Criadores de Ovinos e Caprinos do Estado do Ceará (Acocece), Clécio Moura, alerta que, se confirmado se tratar de verminose, “é uma doença de controle difícil porque há resistência nos medicamentos”, pontuou. “Antes precisamos recuperar a saúde do animal e só depois aplicarmos o vermífugo adequado”.
Outro desafio, atesta o veterinário da Embrapa, “é isolar o animal para evitar contágio em outros, na mesma área de pastagem”.
Com informações do Diário do Nordeste