Levantamento da Ponta Agro, empresa de tecnologia focada na gestão da informação na pecuária, mostra que, em setembro deste ano, a atividade deve registrar o melhor desempenho desde 2020.
O preço futuro do boi gordo para novembro de 2024 se aproximou de R$ 320,0 por arroba no final de outubro (28), no maior patamar entre os contratos com vencimento em aberto. O movimento de valorização segue firme ao longo da segunda metade de 2024, consolidando uma perspectiva mais otimista de preço ao produtor, tanto no Brasil como no cenário global.
A perspectiva de a queda na produção mundial de carne bovina, especialmente dos EUA, aliado ao forte ritmo de abate de fêmeas no Brasil nos últimos anos sustentam esse otimismo. Vale destacar ainda que os efeitos da “virada” para alta no ciclo pecuário do longo prazo tendem a ser observados ao longo dos próximos anos, com a mais evidente recuperação do preço da categoria de reposição e a menor oferta de vacas para o abate.
Esse forte movimento dos últimos meses podem produzir um lucro recorde para os confinamentos brasileiros. Levantamento realizado pela Ponta Agro, mostra que, em setembro deste ano, a atividade deve registrar o melhor desempenho desde 2020, com margem de lucro líquido superior a R$ 1.400 por cabeça na região Sudeste e a R$ 800 no Centro-Oeste. O valor leva em consideração apenas a cotação de balcão, podendo os ganhos serem maiores com as bonificações.
“Trata-se de um cenário hipotético no qual um produtor comprou animais de reposição há três ou quatro meses. Ou seja, em um momento no qual os preços ainda estavam muito baixos. Então, agora há uma oportunidade de o confinador ganhar muito dinheiro. Neste momento, há todas as combinações favoráveis, ou seja, reposição e nutrição baratas e preço de arroba de venda alto. No curto prazo, o pecuarista tem tudo para recuperar o fôlego, já que vem passando alguns ciclos de muito aperto, de arroba baixa”, disse, em nota, Paulo Dias, CEO da Ponta Agro.
Confira a série histórica da empresa, a região Sudeste obteve o seguinte lucro líquido:
- 2020, R$ 1.273,34;
- 2021, R$ 670,03;
- 2022, 301,19;
- 2023, R$ 364,47.
Já na região centro-oeste, foi:
- 2020, R$ 1.270,33;
- 2021, R$ 867,17;
- 2022, R$ 693,18;
- 2023, R$ 718,86.
Dias salienta, no entanto, que, embora o momento seja de recuperação da lucratividade e de reposição de perdas passadas, o confinador deve ficar atento ao médio e longo prazos. “O mercado está bagunçado, com a arroba aumentando, e tendência de subida de preços de insumos e de animais de reposição”, diz.
Em setembro de 2024, o Índice de Custo Alimentar Ponta (ICAP) registrou R$ 13,53 para a região Centro-Oeste e R$ 11,86 no Sudeste. Comparado a agosto de 2024, o ICAP no Centro-Oeste teve uma queda de 1,24%, enquanto no Sudeste houve um aumento expressivo de 6,94%, rompendo a tendência de queda que vinha sendo observada desde março de 2024.
Segundo a empresa, esse aumento no Sudeste reflete o término dos efeitos favoráveis da safra e da renovação dos estoques de insumos, sendo agora o custo das dietas influenciado por uma demanda crescente por insumos devido a condições climáticas desfavoráveis, queimadas e migração dos animais para o cocho. Além disso, a maior procura por proteína animal nos mercados interno e externo pressiona o custo da alimentação.
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