Disparada de Bolsonaro coloca pesquisas de Lula em dúvida

Após uma das mais acirradas disputadas ao cargo de Presidente, Bolsonaro saiu na frente e, com uma “virada duvidosa”, Lula alcançou 48,4% contra os 43,22% do atual Presidente.

Os segundo turno para presidente e nos estados onde o pleito não foi definido no primeiro turno ocorrerá no dia 30 de outubro. Os brasileiros terão que esperar mais 27 dias para conhecer o próximo presidente da República. Na votação deste domingo (2), os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) chegaram à frente na corrida presidencial, mas não conseguiram o número de votos necessários para encerrar a escolha e terão que disputar um segundo turno.

Às 23h50, com 99,9% das seções totalizadas, Lula registrou o apoio de 57.173.187 eleitores, o equivalente a 48,4% dos votos válidos. O atual presidente Bolsonaro alcançou 51.051.226  votos (43,22%). Mas afinal de contas, o resultado é questionável ou esse discurso é inválido neste momento?

Os candidatos a presidente e a governador que passaram ao segundo turno podem voltar a fazer campanha depois de 24 horas do fim da votação — isto é, depois das 17h desta segunda-feira (3). A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão recomeça dia 7 e vai até o dia 28.

Twitter: termo ‘fraude’ é um dos mais comentados no final da apuração 

A maioria dos usuários da rede social que postaram conteúdos com o termo são apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Isso pode ser explicado pelo fato de que, do início até o meio da apuração, o candidato à reeleito esteve na liderança.

Além disso, alguns institutos de pesquisa, como o Ipec e o Datafolha, apontavam para a possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se eleito presidente ainda no primeiro turno das eleições, o que não aconteceu.

Outro fator que pode explicar o termo estar entre os assuntos mais comentados do Twitter é que, vendo a mobilização dos apoiadores do candidato do PL, os eleitores que votaram em Lula passaram tbm a citar “fraude” nos posts para rebater os adversários políticos. 

Luta pela reeleição

Jair Messias Bolsonaro, 67 anos, tenta permanecer no cargo após ter sido eleito presidente em 2018. Natural de Campinas (SP), é capitão reformado do Exército. Começou sua carreira política no Rio de Janeiro (RJ), em 1989, quando foi eleito vereador. Foi deputado federal por sete mandatos consecutivos, de 1991 e 2018 — ano em que se candidatou a presidente da República. Elegeu-se pelo PSL, mas atualmente está no PL. 

Em setembro de 2018, durante uma passeata em Juiz de Fora (MG), sofreu um atentado a faca e teve que passar por cirurgias e ficar internado. Com uma campanha voltada para temas morais, foi eleito no segundo turno de 2018, com 55% dos votos.

Bolsonaro é pai de cinco filhos. Três deles são políticos: Carlos Bolsonaro é vereador no Rio de Janeiro; Eduardo Bolsonaro é deputado federal por São Paulo; e Flávio Bolsonaro (PL) é senador pelo Rio de Janeiro. Ele também é pai de Jair Renan Bolsonaro. Sua caçula, Laura Bolsonaro, de 11 anos, é fruto do atual casamento, com Michele Bolsonaro.

O vice de Bolsonaro é Walter Souza Braga Netto, 65 anos. Mineiro de Belo Horizonte, ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1975 e alcançou o posto de general de Exército, o mais alto da hierarquia da Força.

Durante o governo Bolsonaro, foi ministro da Casa Civil (de fevereiro de 2020 a março de 2021) e da Defesa (entre março de 2021 e abril de 2022). Antes de entrar para a política, atuou como interventor federal no Rio de Janeiro (RJ), de fevereiro a dezembro de 2018, durante o governo do presidente Michel Temer (MDB). Também concorre pelo PL.

Tentativa de retorno

Luiz Inácio Lula da Silva, 76 anos, nasceu em Garanhuns (PE). Aos sete anos, migrou com a família para Santos (SP). Trabalhou em indústrias de metalurgia e foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Liderou greves na região do ABC paulista e, em 1980, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).

Lula foi deputado federal por São Paulo (1987-1991) e tentou a Presidência da República por três vezes (1989, 1994 e 1998) até ser eleito em 2002, e reeleito, em 2006. 

Em abril de 2018 foi preso, depois de condenado por corrupção. Assim, ele foi impedido de concorrer à Presidência da República naquele ano, com base na Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135, de 2010). O ex-presidente passou 580 dias preso em uma cela da Polícia Federal no Paraná. Em abril de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações de Lula, que recuperou seus direitos políticos.

Lula foi casado com Maria de Lourdes da Silva e com Marisa Letícia Lula da Silva, tendo ficado viúvo dos dois casamentos. Pai de cinco filhos, Lula hoje é casado com a socióloga Rosângela da Silva, conhecida por Janja.

O vice do candidato petista é Geraldo Alckmin (PSB), 69 anos. Médico anestesista e professor, começou sua carreira política em 1973, quando assumiu o cargo de vereador em sua cidade natal, Pindamonhangaba (SP). 

Em 1976 elegeu-se prefeito e, na sequência, deputado estadual e federal. Alckmin foi governador de São Paulo por dois períodos: de 2001 a 2006 e de 2011 a 2018, sendo o político que por mais tempo comandou o governo paulista desde a redemocratização do Brasil.

Ele também tentou a Presidência da República em 2006 e 2018. Em março de 2022, Alckmin migrou do PSDB para o PSB, para ser candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Lula.

Alckmin é casado, desde 1979, com Maria Lúcia Guimarães Ribeiro Alckmin, mais conhecida como Lu Alckmin. O casal teve três filhos: Sophia, Geraldo e Thomaz. Este último morreu em um acidente de helicóptero, em abril de 2015.

Lula após resultado

Lula falou à imprensa minutos antes do seu adversário. Sorrindo o tempo todo durante seu breve discurso, Lula fez uma fala otimista sobre a continuidade da campanha e se mostrou animado para travar um debate com Jair Bolsonaro sem outros candidatos para dividir a atenção.

“Vai ser a primeira chance de fazer um debate tête à tête com o presidente da República. Vamos deixar o segundo turno para debater, para a gente poder medir, fazer comparações do Brasil que ele construiu e do Brasil que nós construímos. A partir de amanhã eu estou em campanha. Nós vamos ter que viajar mais, fazer mais comícios, conversar mais com as pessoas e convencer a sociedade brasileira daquilo que estamos propondo”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro após resultado

Mais sério, Bolsonaro concedeu entrevista a um grupo de jornalistas que o aguardava na entrada da Residência Oficial do presidente da República. Para ele, serão quatro semanas para mostrar à população as consequências negativas do isolamento social, devido à pandemia, e da guerra na Ucrânia na economia do país.

“Temos um segundo tempo pela frente, onde tudo passa a ser igual e nós vamos mostrar melhor à população brasileira, especialmente à classe mais afetada, a consequência da política do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois’, a consequência de uma guerra lá fora e de uma crise ideológica”, disse ele. Bolsonaro também pretende usar governos de esquerda na América do Sul, como Chile e Argentina, de uma maneira negativa, afirmando que “certas mudanças vêm para pior”.

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