Nesse cenário de dificuldades, as cooperativas mantiveram seu protagonismo, liderando ações para estimular atividades, investimentos e criação de novos negócios.
Por Luiz Vicente Suzin* – Um ano em que as dificuldades e as crises se sobrepuseram em camadas, uma mais grave que as outras, desafiando o Brasil e o Mundo. Assim pode ser resumida qualquer avaliação retrospectiva do ano que chega ao seu término. O clima, a pandemia, a guerra e a inflação atormentaram todos os países, exigindo imensos esforços para a proteção da população mais pobre e para manter a economia funcionando. Nesse complexo e perturbador cenário as cooperativas catarinenses de todos os setores continuaram operando e cumprindo seus objetivos.
A pandemia perdeu força graças à vacinação, mas continuou gerando despesas para as empresas e o Poder Público. As intempéries arrasaram lavouras e atrasaram plantio. De todos os fatores marcantes do período, a volta do processo inflacionário foi o fenômeno que teve o maior impacto na vida das famílias e das empresas – as primeiras empobreceram, as segundas perderam rentabilidade e competitividade. O aumento dos preços dos alimentos, gás de cozinha, combustíveis, energia elétrica e aluguéis impactou na qualidade de vida das pessoas.
Esse contexto foi agravado pelo conflito Rússia-Ucrânia que causou transtornos em todos os continentes e muito sofrimento. Além do drama humanitário, a guerra desorganizou as cadeias produtivas, afetou a variação cambial (aumento do dólar), provocou a escassez e o encarecimento de insumos, como defensivos e fertilizantes, e elevou a cotação do barril de petróleo. Tudo isso repercutiu no aumento geral dos preços dos alimentos.
O Brasil e Santa Catarina sentiram de modo especial os efeitos desse conflito em face da ameaçadora escassez de insumos. O Brasil importa 25% dos fertilizantes russos, embora tenha outros fornecedores como China, Canadá, Israel, países africanos, mas, no mundo existem poucos fornecedores.
A questão preocupou Santa Catarina porque as principais lavouras cultivadas em solo barriga-verde – soja, arroz, trigo e milho – são as culturas que mais necessitam de fertilizantes. A cultura da soja, por exemplo, demanda mais de 40% dos fertilizantes aplicados no mercado nacional.
O conflito russo-ucraniano revelou um preocupante processo de desindustrialização e a triste constatação que produzir no Brasil é caro e pouco competitivo. É mais barato importar. É curioso que o Brasil seja dependente das importações ( 9 milhões de toneladas de insumos por ano), mas tem todas as matérias-primas para produzir, como gás natural, rochas fosfáticas e potássicas e micronutrientes. É o quarto consumidor mundial de fertilizantes, atrás de China, Índia e EUA, mesmo assim não priorizou a construção de indústrias nacionais.
As eleições para presidente da República, governadores, senadores e deputados foram marcadas pela radicalização e pela polarização de posicionamentos ideológicos. A nação está literalmente dividida. Unir a sociedade brasileira e criar um ambiente de harmonia e respeito entre as diferentes correntes do pensamento político em favor de ações de interesse da coletividade nacional será uma das missões do futuro governo. É fundamental preservar o estado democrático de direito – a maior conquista civilizatória do País no último século.
Nesse cenário de dificuldades, as cooperativas de todos os ramos mantiveram seu protagonismo, liderando ações em suas respectivas áreas de influência para estimular atividades, investimentos e criação de novos negócios. Destacam-se, entre elas, as cooperativas dos ramos crédito (financiando as atividades produtivas e os novos empreendimentos), agropecuário (gerando proteína animal e vegetal para a agroindustrialização), saúde (assegurando a assistência no combate a Covid-19) e infraestrutura (fornecendo energia), todas buscando desenvolver as cadeias produtivas, gerar emprego e renda.
As cooperativas catarinenses foram essenciais para assegurar a produção de alimentos, tendo em vista, principalmente, a relevância da produção catarinense de proteína, sendo o maior produtor e exportador de suínos e o segundo maior produtor/exportador de aves do País.
Paralelamente, as cooperativas se preocuparam com as pessoas, o meio ambiente, a cadeia logística, os controles de sanidade, o fomento às fontes de energia alternativa, o aumento da produção de grãos, acessibilidade telemática no campo. Como ficou comprovado, a atuação das cooperativas tem reflexo direto no IDH – Índice de Desenvolvimento Humano.
Sim, 2022 foi um ano de dificuldades, mas as cooperativas contribuíram para que as pessoas, as famílias as empresas as superassem.
Luiz Vicente Suzin é Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)
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