Dica de como reduzir o custo com ração para gado de leite

Silagem de soja na propriedade reduz custos com ração seca para gado de leite; Afinal de contas, a nutrição é o que mais pesa no custo de produção.

Um pecuarista do Sul de Minas Gerais está conseguindo economizar na ração seca, o chamado concentrado proteico, com a substituição desse insumo por silagem de soja, produzida na propriedade. Além de reduzir custos, a alternativa proporciona aumento no teor de proteína do leite. Em dois anos de uso da silagem de soja na alimentação das vacas, o produtor Renato de Souza afirma que já foi possível notar melhora no índice de proteínas no leite, em análise do produto feita em laboratório.

Renato tem uma propriedade no município de Extrema que pertence à família há mais de 100 anos. Há três anos, ele decidiu investir na produção de queijo, em busca de melhoria na renda. O plantel conta com 12 vacas da raça girolando, que produzem em média 250 litros de leite por dia.

“Uma das coisas que prejudica bastante o produtor é o preço dos insumos. A silagem de soja fornece 40% de proteína. Quando damos um quilo de silagem de soja, eu tiro um quilo de ração seca comprada pronta. Normalmente, fornecemos quatro quilos de silagem por dia para as vacas. A gente diminuiu muito o custo de ração seca, com esse tipo de silo.”

Além disso, o produtor conta que mandou o leite produzido, após a introdução da silagem de soja na dieta das vacas, para o laboratório, onde foi constatado o aumento do nível de proteínas, de 3,5% a 3,8% de proteínas para 4,2% a 4,3%. “Pra quem trabalha diretamente com laticínios, isso vai se reverter, em termos de valores, pois o laticínio geralmente paga a mais, por um leite com melhor qualidade.” Na produção de queijos, Renato de Souza comprovou a vantagem na prática, pois o rendimento na produção de queijos deu um salto de 40%.

Renato faz uma comparação dos custos, entre os dois insumos, o concentrado, comprado pronto, e a silagem de soja: “Hoje, para comprar uma tonelada de ração seca, gasto entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil por tonelada. No plantio da soja para a produção de silagem, o custo é de R$ 5 mil a R$ 7 mil, para 2,5 hectares, o que vai dar em torno de 40 a 50 toneladas de silagem, o que supre as necessidades do rebanho por um ano.”

O manejo da lavoura de soja para a silagem precisa seguir alguns cuidados. Para a produção de silagem com o teor adequado de proteína, a colheita precisa acontecer após 90 a 100 dias do plantio. O segredo é fazer um teste manual para verificar o teor de massa do grão de soja, que não deve conter água, apenas uma massa esverdeada. E é importante também não deixar passar do ponto, pois, se os grãos amarelarem, já não servem para a silagem.

Renato recebe atendimento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

Além de leite e queijo, ele produz iogurte, que é comercializado para a rede escolar pública do município, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). O extensionista do escritório local da Emater-MG em Extrema, Hélio João de Farias Neto, afirma que, com os preços do leite baixos, cada vez mais o produtor rural precisa descobrir alternativas para reduzir os custos da pecuária, e conseguir manter uma margem de lucro sustentável. E a substituição de parte da ração pronta por silagem de soja, é uma estratégia acessível aos agricultores familiares.

Mas o engenheiro agrônomo Hélio alerta que a silagem de milho continua sendo necessária, além de manter parte da ração seca pronta, para compor uma alimentação balanceada para o gado: “Uma coisa complementa a outra. Não estamos substituindo uma silagem de milho. E sim complementando um silo mais proteico, economizando na ração seca, que são os concentrados, que é o que realmente representa o maior custo para a produção de leite, com um peso de até 27%, o que pesa bastante no orçamento do produtor. Quando o produtor vende o leite fluido diretamente para o laticínio, o valor recebido não é suficiente para cobrir todos esses custos. Por isso, essa opção de complementar a alimentação com a silagem de soja é uma boa alternativa para  a agricultura familiar”, explica o extensionista da Emater-MG.

Para implantar uma lavoura de soja destinada à silagem, são necessários alguns implementos agrícolas, que nem sempre estão disponíveis nas propriedades menores, típicas na agricultura familiar. O extensionista da Emater-MG explica que, lá, essa dificuldade pode ser contornada por um projeto desenvolvido em conjunto com a prefeitura, o Patrulha Mecanizada Agrícola. São realizados empréstimos de máquinas como arado, enxada niveladora e plantadeira.

Os interessados devem ir ao escritório da Emater, com documentos próprios e da propriedade, para se candidatar ao benefício. Antes de se deslocar até o escritório da empresa, nestes tempos de pandemia do coronavírus, é recomendável obter informações pelo e-mail. O endereço eletrônico é extrema@emater.mg.gov.br.

Fonte: Assessoria de Comunicação – Emater-MG

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