Neste 15 de julho, data que é comemorado mais um Dia do Pecuarista; biotecnologia e digitalização vão modificar o funcionamento de toda a cadeia pecuária, da compra de insumos até a distribuição da carne ao consumidor final
Neste 15 de julho, data que é comemorado mais um Dia do Pecuarista. Esses produtores se dedicam à alimentação, sanidade, reprodução e bem-estar animal, sendo responsáveis por fortalecer e movimentar a economia do país. É indiscutível que o Brasil é um grande celeiro para o mundo, fornecendo alimentos e insumos para todos os continentes.
Um setor que movimenta a economia brasileira, gera emprego e fornece alimento de qualidade à população. Vale destacar que a pecuária de corte ou de leite, engloba não apenas a criação de bovinos, mas também a suinocultura, a ovinocultura, a produção avícola, entre outros.
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), são mais de 1,37 milhão de pecuaristas no País. Cerca de 90% são micro, pequenos e médios criadores com média de até 100 animais. No caso da cadeia produtiva bovina, em 2022, o país contabilizou no total 234,4 milhões de animais, ficando atrás apenas da Índia, conforme os dados levantados pelo IBGE.
Os profissionais do setor têm diversos motivos para celebrar as conquistas históricas. Ainda mais, quando envolvem medidas que englobam os avanços econômicos em conformidade com as práticas sustentáveis e a valorização da diversidade no campo. “A pecuária tem um papel relevante em nossa economia. Pois, vem evoluindo com investimentos em tecnologia e gestão, levando-nos a uma pecuária intensiva com maior eficiência dos sistemas de produção. A correlação entre o crescimento do setor e o avanço do desmatamento é inegável, mas é importante lembrar que, em qualquer setor”, enfatizou a administradora e sócia diretora da fazenda Anamelia, BrangusHP, em Martinópolis (SP), Tita Lancsarics.
Outro fator de destaque é a participação significativa da mulher à frente dos negócios. Segundo o Censo Agropecuário de 2017, cerca de 18% (450 mil) dos estabelecimentos de pecuária, conta com a força feminina à frente da gestão. A inserção das profissionais no setor, em muitos casos, acontece por meio da sucessão familiar, como a pecuarista Camila de Almeida, que produz queijos premiados internacionalmente. “Eu sou mestre em ciência e tecnologia de leite e derivados, mestre queijeira e administradora. Sou neta de produtores rurais, então já nasci no mundo rural e convivo com tudo que envolve o agronegócio”, ressalta a pecuarista.
Segundo a proprietária da Fazenda do Engenho, em Pirajuí, Érika Bannwart, que administra a produção junto com a irmã, Verena Bannwart, a gestão feminina na pecuária tem sido inovadora para o setor, mas ainda encontra certa resistência por grande parte dos profissionais e mesmo ocupando função gerencial na empresa, não exime de executar atribuições que requerem práticas rurais.
“Eu sou da terceira geração de produtores rurais e assumi o gerenciamento desde nova ajudando meu pai. A minha rotina é intensa, já que somos enxutos de mão de obra de funcionários. Por isso, eu participo, diretamente, em tudo o que acontece no curral, seja na apartação, vacinação, inseminação, por exemplo”, explicou Érika Bannwart.
Números da Pecuária
O engenheiro agrônomo Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária, divulgou algumas conquistas do setor no Dia do Pecuarista.
Analisando números oficiais gerados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento), INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e Secex (Secretaria de Comércio Exterior), é possível concluir os seguintes avanços entre o início da década de 1990 e a média dos últimos três anos (2021 a 2024):
- Acréscimo de 150% na produção de carne, com aumento de 30,4% no rebanho, o que reduz significativamente a quantidade de emissões de carbono por quilograma de carne produzida.
- Aumento de 640% nas exportações, enquanto houve acréscimo de 98% na disponibilidade de carne no mercado interno. Com isso, o consumo percapita estimado de carne bovina aumentou 45% no período.
- Redução de 14,6% na área de pastagens, mesmo computando todo o desmatamento do período como novas áreas de pastos; o que prova que a pecuária de corte não é demandante por novas áreas, podendo ser aliada aos compromissos formalizados pelo Governo brasileiro em relação à recuperação e conversão de áreas de pastagens degradadas e/ou de baixa produtividade.
- A produtividade média aumentou 190% no período.
Pecuária dos próximos 20 anos
Estudo produzido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aponta diversas tendências para a pecuária brasileira nos próximos 20 anos. Entre eles, o pesquisador Guilherme Malafaia, que coordena o Centro de Inteligência da Carne Bovina (Cicarne), responsável pelo estudo, destaca dois: biotecnologia e digitalização.
O estudo da Embrapa, não é surpresa para muitos pecuarista que estão no campo. É notório que a cada ano a tecnologia, gestão e planejamento fazem parte daqueles que se destacam da média nacional. A sustentabilidade norteia e garante um novo movimento que acontece no setor.
Segundo ele, esses dois fatores devem levar à evolução de toda a cadeia produtiva, desde os insumos necessários à atividade até a carne que chega na mesa do consumidor final.
“São fatores disruptivos, que vão mudar o patamar da pecuária. O produtor tem que estar preparado para dar respostas à demanda cada vez mais exigente com questões ambientais e bem-estar animal”, diz.
Quem não se adaptar às mudanças ficará para trás, destaca Malafaia. Além do movimento natural de êxodo rural, a pecuária também sofre com a maior atratividade da agricultura. “Esses dois movimentos farão com que tenhamos menos produtores, mas produtores mais tecnificados”, finaliza.
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