Dia da Mulher Rural: quais os segredos do sucesso delas no agronegócio?

Diferentes perfis fazem a participação feminina crescer, ajudando a impulsionar o crescimento do setor no Brasil.

O Brasil encerrou o 2º trimestre de 2023 com o recorde de 28,3 milhões de pessoas ocupadas no agronegócio, segundo boletim do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Mais de 10,8 milhões de mulheres ocupam cargos no setor, com taxas de crescimento superiores às dos homens. Em diferentes funções, como dirigentes de entidades de classe, gestoras de propriedades e estabelecimentos rurais, produtoras, criadoras e competidoras, contribuem para a expansão do agronegócio no país. Apesar dos desafios que ainda enfrentam, suas conquistas são motivo de comemoração no Dia Internacional da Mulher Rural (15 de outubro), criado pela ONU em 1995 para conscientizar sobre o papel da mulher no campo.

Cristiana Gutierrez viveu no meio rural desde a infância e ganhou seu primeiro cavalo aos 15 anos de idade. Em 1985, formou-se em Medicina. Quando o pai faleceu, ficou com uma parte da Fazenda Morada Nova, em Inhaúma (MG), momento em que adquiriu suas primeiras éguas e começou a criação para uso em cavalgadas e lazer. Anos depois, comprou uma propriedade maior em São João da Ponte (MG), para pecuária de corte e leiteira. Cristiana se dedicou à medicina até 2004, quando passou a trabalhar na holding familiar de agropecuária, além da criação do Mangalarga Marchador.

Ela e os três filhos participavam de enduros. Quando um deles foi campeão brasileiro e começou a atuar em provas de longa distância, a família passou a trabalhar na criação de cavalos. São 34 anos de atividade, com vários títulos, como a melhor criadora da raça Mangalarga Marchador em 2021 e 2022. Hoje o plantel tem cerca de 400 animais, criados para sela, lazer e esportes. Para Cristiana, a nutrição é chave para o desenvolvimento dos cavalos. Desde 2011, é parceira da Guabi Nutrição e Saúde Animal. “É uma satisfação ter a marca inserida há tanto tempo na nutrição dos animais do meu criatório. Os animais geralmente superam as necessidades nutricionais exigidas para sela e competições”.

Na avaliação de Cristiana, apesar do número de mulheres ainda ser inferior à criação de equinos liderada por homens, as mulheres que atuam no meio são participativas. “Um dos diferenciais da execução da mulher na criação do Mangalarga Marchador é a sensibilidade, a criatividade aflorada, a organização, o olhar criterioso, o acolhimento. Não existe fórmula mágica, mas acredito muito na força do trabalho e na paixão que nos move”, diz. Em janeiro de 2022, tornou-se a primeira mulher a presidir a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM), “ciente da enorme responsabilidade que consiste em presidir uma entidade com 23 mil associados e com um orçamento maior que muitas dezenas de municípios do país”. Uma honra, mas um grande desafio, que ela espera concluir com a certeza de ter contribuído para o crescimento da raça, a maior do país.

Imagem: Heloísa Sant’Anna/ Arquivo pessoal

Êxito na sucessão

De família rural tradicional, Heloísa Sant`Anna frequenta fazenda desde criança. Após a morte do marido, deu continuidade ao criatório do cavalo mangalarga marchador no Haras Santa Fé, em São Gonçalo do Pará (MG). Com quase 50 anos de história, o local tem hoje cerca de 30 animais. O cavalo Orgulho de Santa Fé foi bicampeão nacional, além de conquistar vários títulos em exposições especializadas. Para Heloísa, a dieta adequada é um dos motivos para a alta performance. “Sou cliente da Guabi há mais de 20 anos, sempre com ótimos resultados em nutrição, o que nos deixa muito satisfeitos e confiantes”, pontua.

Imagem: Patrícia Miglioli/ Foto: Gerson Vega

Melhor amazona

Outro exemplo de protagonismo feminino no agronegócio vem do Mato Grosso do Sul. Depois que se casou e se formou em Direito e Medicina Veterinária, Patrícia Miglioli foi morar na fazenda com o esposo para tocar as propriedades rurais da família na região de Campo Grande. Passado um tempo, ela ficou responsável pela administração da parte de equinos na Fazenda Gruta Azul, em Dois Irmãos de Buriti (MS). Desde 2004, cria e comercializa cavalos da raça Quarto de Milha – atualmente são 185 animais. Hoje, por conta da escola das crianças, mora na cidade, de onde gerencia o dia a dia da propriedade. Mas costuma passar os finais de semana no haras, que tem um centro de treinamentos com 15 cavalos atletas, onde Patrícia treina para a média de dez competições anuais de apartação.

Nos últimos sete anos, Patrícia recebeu cinco vezes o prêmio ABQM Award de melhor amazona do ano na apartação. O haras também ganhou prêmios de melhor na modalidade, melhor criador, melhor treinador, melhor garanhão, cinco entre as dez melhores éguas e melhores animais em pista. “É fruto de um trabalho sólido iniciado há dez anos, para que a fazenda continue como referência na modalidade. Reestruturamos as instalações para tornar tudo mais funcional e a fim de dar uma criação melhor para os animais”, relata.

“Temos a melhor genética do mundo, mas também a parte de manejo e nutrição, uma equipe bem formada. E com apoio da Guabi, que nos ajuda a melhorar o plantel para oferecer ao mercado o que há de melhor”, destaca ela, parceira da empresa de nutrição animal há 20 anos. “São produtos de altíssima qualidade, rações específicas para cada tipo de animal e nunca tive problemas. Isso traz uma segurança muito grande para nós, que lidamos com animais de valor tão alto, na faixa de R$ 500 mil, pois sei que aquilo que os cavalos estão comendo supre o que precisam para dar o melhor na pista”, enfatiza.

Imagem: Neiva Almeira/ Arquivo pessoal

Negócio em expansão

Em Montes Claros (MG), o sucesso de Neiva Almeida vem da venda de produtos agropecuários. Ela trabalhava no ramo da educação, mas após se casar, se dedicou à vida do lar e a criar os dois filhos. Quando eles cresceram, por sugestão do marido, produtor rural, abriu a Nortepec. Em agosto de 2010, ela iniciou a loja com dois funcionários em um espaço de 35 metros quadrados, com 200 sacos de sal e uma caixa de papel toalha para vacas leiteiras.

Segundo ela, o salto no negócio aconteceu há dez anos, quando passou a vender produtos da Guabi, inicialmente para criadores de cavalos. “A Guabi sempre teve um nome forte. No começo, comprava um pouco de cada produto e hoje temos uma parceria estabilizada, com volume grande de toda a linha da empresa. A Guabi foi um divisor de águas para nós, porque trabalhamos com confiança nos produtos dela”, ressalta.

O rápido crescimento nas vendas levou Neiva a ampliar a loja, que hoje tem mais de 2 mil metros quadrados, oferece mais de 2 mil itens e emprega cerca de 30 pessoas. Há três meses, ela abriu uma segunda loja e planeja colocar vendedores para atenderem os produtores no campo. “Acredito muito em quem trabalha, homens e mulheres. A mulher é capaz de desenvolver qualquer trabalho, desde que queira. Quando a gente acredita em algo, se reveste de coragem, vai à luta, se dedica e persevera”, diz.

ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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