DHEERA: Índia perde touro multicampeão, famoso por puxar pedras

Último touro multicampeão dos torneios de puxadores de pedra; famoso, DHEERA era considerado um dos maiores touros da atualidade na Índia

A história da raça Nelore no Brasil é rica e remete, principalmente, ao século passado, grandes exploradores nos últimos 150 anos foram até a Índia buscar o Nelore – chamado de Ongole na Índia –, essa espetáculo zootécnico que transformou a pecuária nacional. Considerado um animal sagrado, os bovinos têm um grande significado para os indianos, que em sua maioria não se alimentam nem sequer do leite da vaca.

Os zebus, especialmente os reprodutores Ongole representam uma tradição rica que vai além da mera criação de animais. Na Índia são utilizados também como tração animal para arar as terras agricultáveis do extenso país indiano. Foi daí que surgiram os torneiros de puxadores de pedra, onde touros da raça Ongole são capazes de puxar pedras de mais de duas toneladas.

Fonte: Do “Gado de Ongole” ao “Nelore do Brasil” / Carlos Marino
Fonte: Do “Gado de Ongole” ao “Nelore do Brasil” / Carlos Marino

A Índia perdeu um desses grandes campeões dos torneios de puxar pedras, DHEERA. O animal era tri-campeão dos Seniores de Mahanandi, com três diferentes duplas, em 2008 com Chowtupalli. Gopalpetta era famoso pelo seu volume corporal, com caixa torácica extremamente ampla e larga.

DHEERA possuía 10 anos. Em 2021, foi Campeão da Categoria Sênior em Mahanandi ao lado de Rana. Em 2022, foi Bi Campeão ao lado de Abayanti. E em 2023 tornou-se o maior fenômeno vivo, ao se tornar Tri Campeão ao lado de Bodidi.

Casos notáveis, como o tricampeão DHEERA na Índia, personificam a harmonia entre estética e funcionalidade. Sua conquista em competições de puxadores de pedra não apenas ressalta sua imponência física, mas também evidencia a valorização da resistência e aptidão ao trabalho no contexto zebuíno indiano.

Carlos Marino, um dos especialistas no assunto, disse que se considerarmos os últimos trinta anos dos puxadores de pedra, é possível registrar o surgimento de alguns grandes touros que acabaram sendo recordistas, de animais que venceram mais de uma vez os grandes torneiros indianos, principalmente o torneio de Mahanandi. Dentro desse contexto o último touro que chegou nesse nível, de ganhar várias vezes o torneio de Mahanandi havia sido o DHEERA, que inclusive ainda treinava e participava ativamente dos torneios, até mesmo por isso foi um touro que atingiu uma grande fama na Índia, como não acontecia há muitos anos.

Já faziam mais de 10 anos que não aparecia um multicampeão como o DHEERA, era um touro que tinha características muito peculiares. “Além da conformação era um touro fortíssimo, grosso, bons aprumos, com arqueamento de costela muito forte o que dava a ela uma abertura de peito excelente, capacidade respiratória extraordinária, narinas dilatadas, dando ao campeão espaço suficiente para que os orgãos funcionassem de forma intensa para ser capaz de puxar pedras de mais de 2 toneladas. Dheera era muito masculino e com muita força no pescoço para realizar as provas” – revelou o engenheiro Agrônomo Carlos Marino, escritor do livro Do “Gado de Ongole” ao “Nelore do Brasil” – Edição “Puxadores de Pedra”.

Segundo Marino outro destaque era seu temperamento extraordinário, ele se apresentava sozinho, não era necessário nem puxar ele. “Até nas próprias corridas, sua equipe não tinha trabalho com ele, o animal não precisava de guias, coisa rara, era um touro que sabia o que tava fazendo” – destacou o especialista.

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Touro DHEERA / Foto: Team Ongole

Ainda segundo Marino o animal faleceu devido a um acidente, surpreendendo e gerando grande comoção em todo o povo indiano, muita gente abalada com a perda precoce do campeão. “Aqui no Brasil ele também criou seus fãs, acaba que a morte dele acaba de se tornando um acontecimento internacional, uma pena, era um exemplar da raça Ongole – nosso Nelore – bem especial, atual maior campeão de puxar pedra da Índia vivo.

DHEERA teria esse ano a chance de se tornar o único touro Tetra Campeão do torneio, e continuar sua carreira em direção ao maior campeão da história, Vemavaram.

Nelore: Puxadores de Pedra

As histórias das importações dos animais da Índia já foram contadas inúmeras vezes. Entretanto um dos maiores entendedores de Nelore, o engenheiro Agrônomo Carlos Marino, resolveu contar em seu livro a história dos “Puxadores de Pedra” nunca foi contada no Brasil. Observe que a tração foi a primeira aptidão procurada por aqui. E muito do que o “Nelore do Brasil” é hoje, se deve a descendentes diretos ou indiretos dessa cultura maravilhosa que existe na Índia. Teremos oportunidade também de estudar o estado da arte desse esporte, que é sagrado e fantástico.

Como funciona um torneio de puxador de pedra?

Um torneio de puxador de pedra, especialmente aqueles realizados na Índia, é uma competição única que destaca a força, resistência e habilidade de touros zebus em enfrentar tarefas desafiadoras. O evento normalmente ocorre em áreas espaçosas e envolve a preparação de uma pista onde os touros competirão.

Emparelhamento de touros: No início do torneio, os touros são emparelhados em duplas, geralmente escolhidos por critérios que equilibram a força e habilidade de cada animal. O emparelhamento é uma parte crucial, pois influenciará diretamente o desempenho na competição.

Esses torneios não apenas proporcionam entretenimento, mas também servem como uma forma prática de avaliar as habilidades dos touros, destacando não apenas a força física, mas também a resistência e a capacidade de trabalho dos bovinos.

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