“Tempo é dinheiro”. Essa frase ilustra bem uma das fases importantes da inseminação artificial de bovinos: a detecção do cio das fêmeas.
Em média, o tempo de duração do cio é curto, variando de 10 a 18 horas. Se o inseminador perder o timing, um novo cio só ocorrerá entre 17 a 24 dias, sendo que em média a repetição acontece a cada 21 dias. Como vaca vazia significa prejuízo financeiro para o produtor, é importante detectar porque o cio não ocorreu. Pode ter sido por problemas reprodutivos, estresse, cistos ou infecções uterinas, má nutrição ou alguma outra doença. Se esse não for o caso do seu rebanho, basta ficar atento aos sintomas do cio para aproveitar o período ideal de inseminação.
O sintoma mais claro de cio é o fato da vaca aceitar a monta do touro. Mas, além disso, existem sintomas secundários. Já no pré-cio é possível detectar alterações físicas e de comportamento da fêmea, tais como: Vulva inchada e brilhante, corrimento de cor de clara de ovo na vulva, cauda erguida, animal fica agitado e se movimenta mais, urina e muge constantemente, procura outras fêmeas no cio para montar, perde o apetite e produz menos leite no dia.
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Como as condições do dia, dentre eles o calor excessivo, podem atrapalhar a expressão desses sintomas, o melhor horário para identificar o cio é bem cedo pela manhã ou ao final da tarde. Os mesmos sintomas verificados no pré-cio ocorrem no cio, mas a diferença é que a vaca passa a aceitar a monta do touro. Este momento deve ser anotado, pois o inseminador terá em média 12 horas de tempo hábil para inseminar o animal com maior sucesso. Vale lembrar que se o cio foi identificado pela manhã, a inseminação deve ocorrer no período da parte da tarde do mesmo dia. E se ocorre no final da tarde, a inseminação deve ser realizada na manhã do dia seguinte.
Outros sinais de cio são pelo da garupa desarrumado pela monta de outro animal e muco grudado na cauda e nas pernas. Para ajudar na identificação do cio, o produtor pode ainda utilizar rufiões (machos submetidos à cirurgia ou fêmeas androgenizadas), ou os adesivos marcadores, mais utilizados hoje em dia. Assim, quando o touro ou outra femea sobe na vaca, marca as costas do animal, ajudando a perceber que ela aceitou a monta especialmente em horários em que o inseminador não esteja presente, como cios noturnos e cios curtos. Os rufiões devem ser incorporados ao lote de fêmeas um mês antes do início da estação de monta.
Além de saber quando inseminar, é preciso entender quando não aproveitar determinados cios. Por exemplo, se o animal apresenta infecção uterina (o muco da vagina tem cor turva ou aparenta sujo em decorrência da presença de sangue ou pus). Neste caso, o médico veterinário deve ser comunicado para definir o melhor tratamento para o animal. Cios que ocorrem antes dos 45 dias do parto também não devem ser aproveitados, pois o útero ainda não está preparado para uma nova gestação. As novilhas com baixo peso corporal, mesmo com cio identificado, não devem ser inseminadas para evitar comprometimento de seu desenvolvimento corporal. As fêmeas gestantes que apresentam os sinais de cio também devem ser descartadas.
Além de todas as técnicas citadas acima, existem outras tecnologias disponíveis no mercado que facilitam o trabalho do inseminador nesta etapa, mas ainda continua sendo fundamental para o sucesso da técnica que o profissional responsável pelo procedimento esteja capacitado e comprometido com o resultado do trabalho e saiba observar bem o comportamento da vaca antes de realizar a inseminação.
Há ainda a possibilidade do cio induzido, a partir da utilização de hormônios, método utilizado na Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), mas isso é assunto para um próximo artigo.
Via Sérgio Saud, Presidente da ASBIA