Desvendando o mito sobre o uso de hormônios em frangos

O uso de hormônios em frangos de corte é um tema controverso e, em muitos países, é estritamente regulamentado ou mesmo proibido. Confira os principais mitos sobre essa questão e seus esclarecimentos

Nos tempos contemporâneos, em que a busca por uma alimentação saudável e sustentável está no centro das preocupações globais, a indústria avícola enfrenta um desafio constante: desvendar e esclarecer mitos em torno do processo de produção de carne de frango. Um dos temas mais debatidos e controversos é o uso de hormônios para promover o crescimento acelerado dessas aves. Esta questão suscita debates acalorados, alimentados por desinformação e crenças populares enraizadas, exigindo uma análise detalhada e embasada para separar os fatos da ficção.

No entanto, o esclarecimento sobre esse tema crucial emerge com base nos estudos do Engenheiro Agrônomo Juarez Morbini Lopes, cuja experiência de mais de três décadas na área de nutrição e avicultura lança luz sobre a verdade por trás dessa crença popular.

Sobre o uso de hormônios nessas aves

Granja-Araújo-granja-de-frangos-avicultura-fotao
Foto: Granja Araújo

O uso de hormônios em frangos de corte é um tema controverso e, em muitos países, é estritamente regulamentado ou mesmo proibido. Isso se deve a várias razões, incluindo preocupações com a saúde pública, bem-estar animal e regulamentações governamentais. No entanto, é importante entender como os hormônios são utilizados em aves de forma geral, apesar de sua proibição na produção de frangos de corte.

Estudos e pesquisas: Em algumas situações, hormônios podem ser usados em estudos e pesquisas científicas para entender melhor o desenvolvimento e o comportamento das aves. Isso pode incluir pesquisas sobre o papel dos hormônios no crescimento, reprodução e metabolismo das aves.

Produção de aves reprodutoras: Em algumas operações avícolas, hormônios podem ser utilizados na produção de aves reprodutoras, como galos e galinhas de postura. Nesses casos, as substâncias podem ser usados para controlar o ciclo reprodutivo das aves, estimulando a produção de ovos ou a fertilidade.

Controle do ciclo reprodutivo: Hormônios também podem ser usados para controlar o ciclo reprodutivo das aves em programas de reprodução artificial. Por exemplo, podem ser administrados para sincronizar o ciclo de postura de galinhas poedeiras ou para induzir a maturação sexual em aves jovens.

Melhoria da eficiência reprodutiva: Em certas situações, hormônios podem ser utilizados para melhorar a eficiência reprodutiva das aves, aumentando o número de ovos produzidos ou a taxa de fertilidade. No entanto, é importante ressaltar que o uso de hormônios para esse fim geralmente não é aplicável na produção comercial de frangos de corte.

É crucial notar que, mesmo em situações onde o uso de hormônios é permitido ou tolerado, isso é feito sob estritas regulamentações e supervisão, visando garantir a segurança dos consumidores e o bem-estar animal. Na produção comercial de frangos de corte, as práticas modernas de manejo, seleção genética e nutrição são os principais impulsionadores do rápido crescimento e eficiência da produção, sem a necessidade de uso de hormônios.

O que diz a legislação brasileira

A legislação brasileira sobre o uso de substâncias hormonais na produção de aves e ovos destinados ao consumo humano é clara e rigorosa. O Projeto de Lei 6329/02, aprovado pela Comissão de Seguridade Social e Família, estabelece a proibição do uso de hormônios, sejam naturais ou sintéticos, com o objetivo de acelerar o crescimento e a engorda dos animais. O relator do projeto, deputado Darcísio Perondi, ressalta a importância dessa medida, destacando que resíduos desses produtos podem permanecer na carne e nos ovos, representando riscos à saúde humana, como câncer, disfunções no sistema reprodutivo e distúrbios no sistema imunológico.

frango

É relevante notar que o projeto não proíbe o uso de outras substâncias, como enzimas, vitaminas, proteínas e probióticos, que também podem acelerar o ganho de peso das aves, mas não apresentam riscos à saúde. Essas substâncias continuam permitidas, uma vez que não deixam resíduos prejudiciais ao homem nos subprodutos derivados dos animais tratados com elas. Além da proibição do uso de hormônios, o projeto determina a apreensão e destruição, pelos órgãos de fiscalização, de carnes e ovos que contenham resíduos de anabolizantes, reforçando o compromisso com a segurança alimentar e a proteção dos consumidores.

Em tramitação com caráter conclusivo, o projeto ainda passará pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e Constituição e Justiça e de Cidadania. Essa etapa do processo legislativo é crucial para a análise detalhada da proposta, garantindo que todas as questões pertinentes sejam consideradas antes de sua eventual promulgação como lei.

Desvendando os principais mitos

Os mitos em torno do uso de hormônios na produção de aves e ovos destinados ao consumo humano têm sido persistentes e amplamente difundidos, mesmo em face das evidências científicas e regulamentações que contradizem essas concepções equivocadas. Um dos mitos mais difundidos é a crença de que os hormônios são utilizados pelos avicultores para acelerar o crescimento e a engorda dos animais de forma significativa. No entanto, é importante esclarecer que, conforme destacado pela legislação brasileira, o uso de hormônios na produção avícola é proibido, seja de substâncias naturais ou sintéticas, devido aos riscos à saúde humana e aos potenciais efeitos colaterais prejudiciais.

Frango de granja x frango caipira- mitos e verdades 2
Foto: Divulgação

Outro mito comumente propagado é a ideia de que resíduos de hormônios utilizados na produção avícola não representam um risco significativo à saúde humana. No entanto, evidências científicas indicam que o consumo de alimentos contaminados com resíduos de hormônios anabolizantes pode estar associado a uma série de problemas de saúde, incluindo câncer, distúrbios do sistema reprodutivo e comprometimento do sistema imunológico. O relator do Projeto de Lei 6329/02, deputado Darcísio Perondi, destaca que tais efeitos indesejáveis dos resíduos de hormônios são particularmente preocupantes em grupos vulneráveis, como crianças e jovens.

É importante desmistificar a ideia de que o uso de hormônios é essencial para garantir o rápido crescimento e a eficiência da produção avícola. Como mencionado anteriormente, os avanços científicos e tecnológicos na genética, nutrição, manejo e controle sanitário desempenham papéis fundamentais no crescimento saudável das aves, sem a necessidade de uso de hormônios. Além disso, a legislação brasileira reforça o compromisso com a segurança alimentar e a proteção dos consumidores, proibindo o uso de hormônios e estabelecendo medidas para a apreensão e destruição de produtos contaminados. É fundamental que os consumidores sejam informados e conscientes sobre essas questões, buscando fontes confiáveis e embasadas para tomar decisões alimentares responsáveis.

Assim, a carne de frango é segura

frango
Foto: Divulgasção

Com base em décadas de experiência na área e em estudos científicos, o Engenheiro Juarez Morbini Lopes, demonstra a ineficácia do uso de hormônios, citando evidências que contradizem essa concepção. Ele enfatiza que o rápido crescimento das aves é resultado de avanços na genética, nutrição e manejo, não de substâncias hormonais. Além disso, destaca a ilegalidade do uso de hormônios na produção avícola, conforme estipulado pela legislação brasileira, reforçando a importância da conformidade com as regulamentações para garantir a segurança alimentar.

Portanto, Morbini tranquiliza os consumidores, assegurando que a carne de frango é uma opção segura e saudável, livre de quaisquer hormônios exógenos em sua composição. A ciência, aliada às regulamentações e à ética na produção, garante a qualidade e a confiabilidade dos alimentos que chegam à mesa dos consumidores.

Escrito por Compre Rural.

VEJA TAMBÉM:

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM