Modelos climáticos preveem que as tendências atuais continuarão, o que significa que a disponibilidade de água em muitas regiões da América Latina será ainda mais afetada no futuro.
A situação do abastecimento hídrico na América Latina enfrenta desafios significativos, tanto naturais quanto antropogênicos. A região é caracterizada por uma grande diversidade climática, variando de desertos áridos a florestas tropicais úmidas. No entanto, muitas áreas enfrentam escassez de água devido a uma combinação de fatores, incluindo padrões de precipitação irregulares, má gestão dos recursos hídricos, urbanização rápida e aumento da demanda por água devido ao crescimento populacional e atividades industriais.
A mudança climática exacerbou esses problemas, aumentando a frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como secas e inundações. Projetos de dessalinização têm sido usados para mitigar os efeitos da escassez de água. A dessalinização envolve a remoção do sal e de outras impurezas da água do mar ou de fontes salobras, tornando-a adequada para consumo humano e uso agrícola. A tecnologia envolve, normalmente, métodos de osmose inversa e destilação térmica. Embora essas tecnologias tenham custos iniciais elevados e consumam quantidades significativas de energia, avanços recentes têm tornado a dessalinização mais eficiente e economicamente viável.
As previsões sombrias relacionadas à mudança climática, mesmo em países com recursos hídricos aparentemente abundantes, como o Brasil, obrigam a pensar em projetos, de médio prazo, que compensem a aridez crescente. Exemplos recentes incluem: o governo do Ceará está construindo uma usina de dessalinização para tornar a água do mar potável e reforçar o abastecimento de Fortaleza em períodos de estiagem, usando a tecnologia de osmose reversa. O projeto é uma parceria público-privada entre o estado e a Cagece.
No Espírito Santo, a unidade da ArcelorMittal inaugurou em 2021 a maior planta de dessalinização de água do mar do Brasil, resultado de um investimento de R$ 50 milhões. A estrutura tem capacidade inicial para dessalinizar 500 m³ por hora, ou 140 litros por segundo, o suficiente para abastecer aproximadamente 80 mil pessoas por dia.
Mais recentemente, a Sabesp lançou um edital para companhias interessadas em construir uma usina de dessalinização, em Ilhabela. A previsão é que a usina seja implantada em 2026. Considerando as dificuldades em manter o abastecimento de água em São Paulo, é provável que outras usinas se seguirão, antes do que se possa imaginar como urgente.
Este cenário serve também como advertência ao agronegócio brasileiro. Uma de suas características de competitividade são justamente a água abundante, sobretudo nas novas fronteiras agrícolas, que impactam os “rios voadores” oriundos da Amazônia. Um patrimônio coletivo a ser preservado, num mundo que se vê, inevitavelmente, mais quente e seco.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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