Descubra como assegurar a qualidade na produção de bioinsumos para agricultura

Esses insumos são empregados nas práticas agrícolas para incrementar a produtividade das lavouras, controlar pragas e doenças, enriquecer o solo com nutrientes e aprimorar sua fertilidade.

Os bioinsumos emergem como soluções promissoras para incrementar a produtividade agrícola de maneira ecologicamente responsável. De acordo com dados da Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII), o Brasil se destaca na vanguarda da adoção e do desenvolvimento desses produtos, particularmente dos inoculantes. Esses insumos são formulados com microrganismos que desempenham funções cruciais e benéficas no âmbito agrícola.

Um exemplo notável dessa tendência é observado no cultivo de soja. Segundo informações da Embrapa Soja, na temporada de soja 2022/2023, os inoculantes que contêm as bactérias Bradyrhizobium foram aplicados em 85% das áreas plantadas. Além disso, a prática de coinoculação, que combina Bradyrhizobium com Azospirillum, foi implementada em aproximadamente 35% das áreas de soja no Brasil, refletindo a adoção crescente dessa inovação tecnológica.

Em resposta a essa evolução, a Embrapa lançou o “Manual de Análises de Bioinsumos para Uso Agrícola: Inoculantes”. Este guia abrangente detalha os critérios de controle de qualidade na produção de bioinsumos, servindo como um recurso valioso para produtores que desejam integrar esses produtos em suas práticas agrícolas e para pesquisadores que estudam essas tecnologias.

Para entender melhor sobre bioinsumos e como este manual pode ser utilizado, continue lendo, pois estas informações serão exploradas a seguir. Aproveite a leitura!

O que são bioinsumos?

Os bioinsumos, também referidos como insumos biológicos, constituem uma categoria de produtos derivados de microrganismos, materiais vegetais, orgânicos ou naturais. Esses insumos são empregados nas práticas agrícolas para incrementar a produtividade das lavouras, controlar pragas e doenças, enriquecer o solo com nutrientes e aprimorar sua fertilidade.

Devido à sua natureza biodegradável e baixa toxicidade, os bioinsumos são classificados em diversas categorias, cada uma com funções específicas:

  1. Agentes biológicos de controle: Utilizam organismos vivos que atuam como predadores ou antagonistas naturais de pragas e doenças, proporcionando controle natural sem o uso de produtos químicos sintéticos.
  2. Bioestimulantes: Produzidos a partir de substâncias naturais, esses insumos são aplicados em sementes, solos e plantas para melhorar a germinação, o desenvolvimento das plantas, as raízes e os processos fisiológicos, visando um crescimento mais vigoroso e saudável das culturas.
  3. Biofertilizantes: Compostos por materiais orgânicos de origem animal, vegetal ou microbiana, esses fertilizantes não só aumentam a qualidade e a produtividade das colheitas, mas também contribuem para a saúde geral do solo.
  4. Condicionadores biológicos de ambiente: Esses produtos são criados a partir de substâncias que ocorrem naturalmente nas plantas, mas que podem estar deficientes. Eles ajudam a melhorar a atividade microbiológica no solo, otimizando o ambiente para o desenvolvimento vegetal.
  5. Inoculantes biológicos: Formulados com microrganismos concentrados, estes bioinsumos potencializam o processo natural de fixação biológica de nitrogênio no solo, além de promoverem o crescimento geral das plantas.

Os bioinsumos representam uma alternativa ecológica e sustentável dentro da moderna prática agrícola, oferecendo uma série de benefícios para o meio ambiente e para a produção agrícola de forma integrada e eficiente.

bioinsumo
Foto: Divulgação

Como é a produção dos bioinsumos?

A fabricação de bioinsumos para uso agrícola segue um processo rigoroso e metodológico de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), garantindo eficácia e segurança. Esse processo envolve várias etapas críticas:

  1. Identificação e investigação de novos ativos biológicos: Esta é a fase inicial, onde se descobrem e estudam potenciais componentes biológicos que podem ser úteis na agricultura.
  2. Padronização da produção e formulação do produto: Após identificar um ativo promissor, o próximo passo é desenvolver um método de produção que garanta a consistência e a qualidade do bioinsumo.
  3. Avaliação experimental em campo: Antes de serem comercializados, os bioinsumos passam por rigorosos testes de campo para verificar sua eficácia e aplicabilidade em condições reais de cultivo.
  4. Testes de segurança ambiental, animal e humana: É essencial que os bioinsumos sejam seguros não só para as plantas, mas também para o meio ambiente, animais e seres humanos. Esses testes são fundamentais para prosseguir com as etapas regulatórias.
  5. Registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa): Finalmente, todo bioinsumo deve ser registrado no Mapa, que avalia e assegura a conformidade com as normas nacionais.

Todo esse processo é conduzido dentro de instalações especializadas conhecidas como biofábricas, que devem operar de acordo com as regulamentações brasileiras. Essas instalações são essenciais para manter a qualidade e a padronização dos bioinsumos produzidos.

No Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lidera a pesquisa e o desenvolvimento de bioinsumos. A Embrapa não só desenvolve novos produtos como também estabelece as melhores práticas para sua utilização eficaz na agricultura.

Embrapa

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é uma instituição que tem desempenhado um papel pioneiro no desenvolvimento de bioinsumos no Brasil, com mais de três décadas de experiência no setor. A organização emprega 632 pesquisadores, que trabalham em 73 diferentes projetos distribuídos por 40 unidades pelo país. Um de seus importantes recursos é a manutenção de bancos de germoplasma, onde são conservadas e caracterizadas mais de 24 mil linhagens de bactérias, fungos e vírus, essenciais para o controle biológico e o estímulo ao crescimento vegetal.

Reconhecendo a necessidade de padronização e avaliação rigorosa da qualidade de inoculantes, a Embrapa lançou o “Manual de Análises de Bioinsumos para Uso Agrícola: Inoculantes”. Esse manual foi elaborado por Eduara Ferreira, analista, e pelos pesquisadores Marco Antonio Nogueira e Mariangela Hungria do Laboratório de Biotecnologia do Solo da Embrapa Soja, localizado em Londrina-PR. O manual detalha os métodos de produção de bioinsumos e as estratégias para avaliar sua qualidade, atendendo aos critérios estabelecidos pela legislação brasileira.

concurso da embrapa
Foto: Divulgação

Os inoculantes, definidos como substâncias que contêm microrganismos benéficos ao desenvolvimento das plantas, devem passar por um processo de avaliação meticuloso. O manual se destina a ser uma referência essencial no campo, fornecendo procedimentos que são reconhecidos e validados tanto nacional quanto internacionalmente, e oficialmente aceitos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Os microrganismos abordados no manual incluem gêneros como Azospirillum, Bradyrhizobium, Bacillus, Mesorhizobium, Priestia, Pseudomonas e Rhizobium. A publicação é destinada a servir não apenas à indústria, que necessita garantir a qualidade e as propriedades desejadas de seus produtos, mas também a cooperativas, revendedores e agricultores que buscam laboratórios qualificados para testar e validar a eficácia dos bioinsumos utilizados.

Bioinsumos no Brasil

O Brasil se destaca como um pioneiro global no campo dos bioinsumos, com mais de cinco décadas de avanços em pesquisa, desenvolvimento tecnológico, industrial e regulamentações específicas. Esses produtos, que podem substituir totalmente ou parcialmente os fertilizantes químicos nitrogenados, são uma peça chave para uma agricultura mais sustentável.

Atualmente, o Brasil promove três iniciativas governamentais que visam reforçar a sustentabilidade no setor agroalimentar e ambiental. Um desses programas é o Programa Nacional de Bioinsumos, lançado em 2020 pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Este programa busca promover e expandir o uso de bioinsumos através da divulgação de manuais de boas práticas para as unidades produtoras e do oferecimento de treinamento para assegurar a adoção dessas práticas.

Foto: Divulgação

Em continuidade aos esforços para promover práticas sustentáveis, o governo lançou em 2021 o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF). Este plano tem o objetivo de aumentar a competitividade na produção e distribuição de fertilizantes, incorporando também o segmento de bioinsumos, para fomentar uma abordagem mais ecológica na agricultura brasileira.

Mais recentemente, em 2022, foi criado o Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (ABC+). Com uma visão estabelecida até 2030, o plano visa a implementação de práticas, sistemas e produtos sustentáveis na produção agrícola. Um dos principais objetivos do ABC+ é expandir em 13 milhões de hectares a área que utiliza bioinsumos, demonstrando um compromisso robusto com a mitigação das mudanças climáticas.

Bioinsumo
Foto Divulgação

Esses desenvolvimentos sublinham o papel central dos bioinsumos tanto no futuro da agricultura brasileira quanto na global, oferecendo soluções sustentáveis que podem aliviar os impactos ambientais da prática agrícola. Com a correta informação e escolha de inoculantes, é possível contribuir significativamente para a proteção ambiental enquanto se sustenta a produtividade agrícola.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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