Em busca das forrageiras ideais para o Sul do Brasil? Aqui você vai descobrir a forrageira perfeita, adaptada especialmente ao seu tipo de solo e às necessidades únicas do seu rebanho.
Imersos na vastidão dos estados do Sul do Brasil – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – desdobram-se aproximadamente 14 milhões de hectares dedicados às pastagens, conforme relata a Embrapa. Mas você já parou para considerar a importância vital das forrageiras nesse cenário? Estas não são apenas meras plantas; são os pilares que sustentam a qualidade e a produtividade das pastagens, proporcionando alimento, abrigo e bem-estar aos animais, ao mesmo tempo em que desempenham um papel crucial na conservação do solo e da água.
No entanto, diante da diversidade de forrageiras disponíveis, surge a pergunta: Como escolher aquelas ideais para cada região e sistema de produção? Neste artigo, desvendaremos as características distintivas e as vantagens das forrageiras mais apropriadas para o Sul do Brasil, uma região marcada por um clima frio e úmido. Acompanhe!
Pastagens na região Sul
Nessa região, as pastagens são predominantemente caracterizadas por gramíneas nativas, destituídas de árvores ou grandes arbustos. Elas abrangem pradarias de gramíneas altas, saturadas de umidade, e pradarias secas, com gramíneas curtas, sujeitas a verões escaldantes e invernos rigorosos.
Adicionalmente, as espécies autóctones apresentam deficiências nutricionais e são vulneráveis às geadas frequentes no inverno. Dessa maneira, com a chegada da estação fria e ocorrência das geadas, essas pastagens simplesmente se desidratam, ficando indisponíveis para a alimentação dos animais.
As áreas de pastagem no Sul do Brasil geralmente abrangem solos de fertilidade moderada ou baixa, caracterizados por sua aridez ou tendência à inundação. No entanto, apresentam uma camada superficial rica em nutrientes. Adicionalmente, as queimadas anuais, realizadas durante os meses de agosto e setembro para o manejo de arbustos, desempenham um papel crucial na reposição de potássio (K) e outros nutrientes no solo.
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Azevém
O azevém (Lolium multiflorum L.) destaca-se como a escolha proeminente entre as gramíneas anuais de inverno na região sul do Brasil. Reconhecido por seu crescimento acelerado, resistência às geadas e notável valor nutricional, o azevém floresce mesmo em solos considerados relativamente pobres. Contudo, sua sensibilidade à falta de água é uma característica a ser observada, embora raramente represente um problema durante os invernos da região sul.
Uma contribuição significativa para o cenário é a cultivar Azevém, desenvolvida pela Embrapa com o objetivo de estender o período de alimentação animal. Enquanto as variedades convencionais abrangem o pasto até outubro, a Azevém estende essa janela até novembro. Em outras palavras, oferece 30 dias adicionais de pastagem de qualidade excepcional, caracterizada por uma alta proporção de folhas e produtividade superior. Este avanço representa uma notável inovação para otimizar a qualidade e a extensão da alimentação animal na região.
Capim Elefante
A BRS Kurumi, uma cultivar de capim elefante anão (Pennisetum purpureum Schum.) desenvolvida pela Embrapa, surge como uma revolução no pastejo direto na região sul do Brasil. Destacando-se por seu porte baixo, touceiras semiabertas, folhas e colmos de vibrante coloração verde, e internódios curtos, essa cultivar impressiona pelo crescimento vegetativo vigoroso, expansão foliar ágil e elevado potencial de produção de forragem, além de possuir notáveis características nutricionais.
A propagação da BRS Kurumi ocorre por meio de estacas, sendo uma opção indicada para fins forrageiros nos estados do Sul. Sua adaptação requer solos profundos, bem drenados, de boa fertilidade e prática de adubação. A expressão plena de seu potencial produtivo, no entanto, é alcançada quando há a possibilidade de irrigação. Embora demonstre tolerância ao frio, é importante notar sua suscetibilidade a geadas, tornando-se assim um capim de destaque para o verão nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
Uma abordagem bem-sucedida para o manejo da cultivar BRS Kurumi inclui o início do pastejo quando a altura do capim atinge entre 75 e 80 cm, sendo recomendada a retirada dos animais quando restarem 35 a 40 cm. Sob as condições adequadas de manejo durante o período chuvoso, observa-se um período de descanso dos piquetes em torno de 22 dias.
Tifton 85
Fruto da colaboração entre o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e a Universidade da Geórgia, o Tifton 85 representa um avanço significativo na busca por um forrageiro com alto valor nutritivo, produtividade de matéria seca e resistência à estiagem. Este híbrido de tifton (Cynodon spp) é reconhecido como uma das gramíneas mais influentes globalmente, apresentando características únicas que o diferenciam.
Destacando-se pelo porte mais elevado, colmos generosos e folhas mais amplas em comparação com outras cultivares de tifton, o Tifton 85 também se distingue por seus rizomas, conferindo-lhe maior robustez contra o frio, a seca e o pisoteio.
Como planta perene, adapta-se tanto a climas frios quanto quentes, abrangendo regiões subtropicais e tropicais. Devido à sua natureza híbrida, sem produção de sementes viáveis, o Tifton 85 é introduzido por meio de estolões ou mudas, sendo as mudas enraizadas a opção mais eficaz, disponíveis em viveiros especializados.
Quanto ao manejo, recomenda-se iniciar o pastejo quando as plantas atingirem 30 cm de altura, retirando os animais ao atingir 10 cm. O intervalo médio de descanso é de 30 dias, tornando-o uma escolha versátil para bovinos, equinos, ovinos, caprinos, suínos e aves.
Lançado em 1992, o Tifton 85 ostenta uma impressionante produção de até 20 toneladas por hectare ao ano de massa seca. Sua excelente palatabilidade, digestibilidade e teor de proteína bruta entre 16% e 20% na matéria seca o tornam uma opção valiosa. Além disso, oferece a flexibilidade de ser manejado tanto para pastejo direto quanto para fenação, destacando-se como uma escolha sustentável e eficiente na produção forrageira.
Capim Pangola
Originário da África do Sul e amplamente disseminado no Brasil a partir de 1950, o Capim Pangola (Digitaria decumbens) destaca-se como uma fonte de valor nutritivo inestimável, aliada à alta digestibilidade e aceitação pelos animais. Sua resistência à seca faz dele uma escolha robusta, florescendo em regiões tropicais e subtropicais. Com um crescimento agressivo, esta cultivar não apenas suprime ervas daninhas, mas também se regenera rapidamente após pastoreio ou exposição a geadas.
Para otimizar seu desenvolvimento, o Capim Pangola prefere condições de sol pleno e solos úmidos e bem drenados. Revelando baixa tolerância à sombra, esta cultivar mostra-se pouco exigente quanto à fertilidade do solo, sendo introduzida por meio de estolões ou mudas. Sua sinergia é notável quando cultivada em conjunto com leguminosas, especialmente o Amendoim Forrageiro.
O manejo dessa pastagem sugere iniciar o pastejo quando atinge entre 30 a 40 cm de altura, retirando os animais quando resta um resíduo de 10 a 15 cm. Durante a estação quente, o intervalo médio de descanso é estimado em 30 dias. Versátil, o Capim Pangola é uma escolha apropriada para bovinos, equinos, ovinos e caprinos.
Os níveis de proteína bruta no Pangola rondam os 12,1%. Embora poucos estudos abordem o rendimento de matéria seca, em condições ideais de adubação e irrigação, pode atingir até 30 toneladas por hectare ao ano. Além disso, sua aplicabilidade se estende ao pastejo direto ou à produção de feno, consolidando-se como uma opção multifacetada e resiliente no cenário agropecuário.
Em conclusão, o reconhecimento da interdependência entre o clima frio e úmido característico do Sul e as forrageiras selecionadas é crucial para garantir pastagens robustas e animais saudáveis. Ao explorar as características específicas das forrageiras mais adequadas para essa região, percebemos que a escolha cuidadosa dessas plantas não é apenas uma decisão técnica, mas sim, uma estratégia fundamental para otimizar a qualidade e a produtividade nas áreas de pastagem.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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