Descubra as doenças mais graves nos bovinos e como preveni-las

Para estabelecer um bom programa sanitário, é essencial conhecer as principais doenças que afetam o gado. A prevenção continua sendo o melhor remédio, e a capacitação dos trabalhadores rurais para utilizar corretamente os produtos preventivos é fundamental.

Quando se trata de manejo em uma fazenda de gado, um aspecto se destaca como crucial para o sucesso do negócio: a sanidade bovina. Sem a atenção a este fator, as chances de improdutividade e fracasso são praticamente certas. Como já discutido em artigos anteriores, manter a saúde do rebanho é uma questão de investimento inteligente. O custo para garantir a sanidade dos animais é insignificante quando comparado às perdas gigantescas que podem ocorrer devido a doenças.

Para enriquecer esta discussão, o Professor Doutor Iveraldo Dutra, uma das maiores autoridades em saúde animal e boas práticas sanitárias, revelou sua vasta experiência em uma entrevista ao Giro do Boi. Ele aborda as doenças mais temidas no campo e as estratégias essenciais para combatê-las. Confira a seguir!

O custo da sanidade

Os custos de alimentação de um animal confinado, por exemplo, podem representar uma fatia significativa do orçamento da fazenda, chegando a ultrapassar 50% dos custos de produção. No entanto, os custos para manter a saúde impecável do rebanho não chegam a 5%. Essa disparidade é impressionante, mas, infelizmente, muitos pecuaristas ainda não dão a devida importância à saúde de seus animais.

Com a retirada da obrigatoriedade da vacinação contra a febre aftosa em diversas regiões, o custo de manutenção da sanidade bovina ficou ainda menor. No entanto, isso também trouxe um novo desafio: a responsabilidade maior do pecuarista em manter a saúde dos rebanhos sem a imposição de um calendário obrigatório de vacinação.

O Professor Dutra destaca que estamos entrando em uma nova era na pecuária brasileira, onde a gestão da saúde animal precisa evoluir. Antes, os pecuaristas seguiram um calendário de vacinação imposto, o que garantiu uma certa regularidade nos cuidados com o rebanho. Agora, com a flexibilização dessas regras, é crucial que os produtores compreendam a importância de manter um programa sanitário robusto, adaptado à realidade de cada propriedade e bioma brasileiro.

Para estabelecer um bom programa sanitário, é essencial conhecer as principais doenças que afetam o gado. A prevenção continua sendo o melhor remédio, e a capacitação dos trabalhadores rurais para utilizar corretamente os produtos preventivos é fundamental. Entre as doenças mais temidas, destaca-se:

Febre Aftosa

Foto: Divulgação

A febre aftosa é uma das doenças mais temidas na pecuária bovina devido ao seu alto poder de disseminação e às consequências devastadoras para os rebanhos e a economia do setor. Causada por um vírus altamente contagioso, a febre aftosa provoca febre, lesões e feridas dolorosas na boca e nos pés dos animais, resultando em perda de peso, queda na produção de leite e, em casos graves, morte de gado.

A rápida propagação da doença pode levar à quarentena de regiões inteiras, comprometendo a exportação de carne e produtos de origem animal, o que acarreta prejuízos econômicos gigantescos.

A vacinação sistemática é a principal estratégia para prevenir surtos de febre aftosa. No Brasil, a vacinação é obrigatória e deve ser realizada de acordo com o calendário estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Brucelose

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Foto: Divulgaçãa

A brucelose bovina é uma doença bacteriana crônica que afeta principalmente o sistema reprodutivo dos animais, causando abortos, retenção de placenta, infertilidade e, em casos mais graves, morte do feto.

A transmissão ocorre principalmente através do contato com animais infectados, seja por meio de secreções, ingestão de produtos contaminados, como leite não pasteurizado, ou durante o parto. A transmissão silenciosa da doença no rebanho dificulta o diagnóstico precoce e o controle, o que torna a brucelose uma ameaça constante para os pecuaristas.

Clostridiose

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Foto: Divulgaçãa

A clostridiose é um conjunto de doenças causadas por bactérias do gênero Clostridium , que podem afetar o gado de diferentes formas, como o carbúnculo sintomático, a gangrena gasosa e a enterotoxemia. Essas doenças são caracterizadas por uma rápida evolução e alta mortalidade, tornando-as extremamente perigosas para os rebanhos. Os sintomas variam de acordo com o tipo de clostridiose, mas podem incluir inflamação nas áreas afetadas, dificuldade respiratória, apatia, perda de apetite, febre alta e, em muitos casos, morte súbita.

As bactérias Clostridium são naturalmente encontradas no solo, na água e no trato digestivo dos animais. Elas se proliferam em ambientes anaeróbicos, como feridas profundas ou no interior do intestino, e liberam toxinas potentes que causam danos às tecidos e órgãos. A transmissão pode ocorrer através da ingestão de esporos presentes apenas contaminados ou pela entrada de bactérias em feridas abertas.

Mastite

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Foto: DIvulgação

A mastite é uma inflamação da glândula mamária, principalmente nas vacas leiteiras, que pode ser causada por infecções bacterianas, virais ou fúngicas. É uma das doenças mais comuns e economicamente prejudiciais na pecuária leiteira, pois afeta diretamente a produção e a qualidade do leite. A mastite pode se apresentar de forma clínica, com sintomas visíveis como manifestação, manifestação, calor e dor nas mamas, além de alterações na aparência do leite (presença de grumos ou pus). Na forma subclínica, a doença pode passar despercebida, mas ainda assim compromete a produtividade, reduzindo o rendimento do leite e aumentando a concentração de células somáticas.

A mastite é geralmente causada por patógenos que não passam pelo canal do teto, principalmente devido à falta de higiene durante a ordem, lesões no teto, ou ambientes contaminados. A doença pode ser transmitida de vaca para vaca através do equipamento de ordem, mãos dos trabalhadores ou contato com superfícies sujas. Fatores como estresse, nutrição prejudicial e práticas de manejo prejudiciais também podem predispor as férias à mastite.

Diarreia viral bovina (BVD)

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Foto: Divulgação

A Diarreia Viral Bovina (BVD) é uma doença viral que afeta bovinos de todas as idades, causando uma ampla gama de problemas de saúde, desde infecções subclínicas até doenças graves, com alta mortalidade. Os sintomas mais comuns incluem diarreia persistente, febre, falta de apetite, e em casos graves, úlceras na boca e nos cascos, além de problemas adversos. Em férias, o BVD pode causar abortos, natimortos ou bezerros com malformações congênitas. A doença também pode comprometer o sistema imunológico, tornando os animais mais suscetíveis a outras infecções.

O vírus causador do BVD é transmitido principalmente por contato direto com animais infectados, incluindo bezerros persistentemente infectados (PIs), que são os principais disseminadores do vírus. A transmissão também pode ocorrer através de secreções corporais, como saliva, urina, fezes e leite, além de equipamentos contaminados e vetores como insetos. A introdução de novos animais no rebanho sem o devido controle sanitário é uma das principais vias de disseminação do BVD.

Tripanossomiase

Foto: Divulgação

A tripanossomíase, também conhecida como doença do sono bovino, é uma doença parasitária causada pelo protozoário Trypanosoma , que afeta o gado e outros animais de grande porte. Essa enfermidade pode se manifestar de forma aguda ou crônica, com sintomas que incluem febre, anemia, emagrecimento progressivo, apatia, surtos de gânglios linfáticos e, em casos avançados, paralisia parcial ou total, levando à morte se não tratada. A forma crônica da doença pode ser particularmente insidiosa, causando perda de produtividade a longo prazo sem sinais clínicos óbvios.

O Trypanosoma é transmitido por vetores, principalmente insetos hematófagos como a mosca tsé-tsé (em regiões da África) e outros tipos de moscas picadas. No Brasil, a transmissão pode ocorrer por moscas dos estábulos e carrapatos. A infecção acontece quando esses vetores picam um animal infectado e, posteriormente, transmitem o protozoário ao alimento de outro animal. A propagação pode ser favorecida em regiões com alta densidade de vetores e condições ambientais que apoiam sua prevenção.

Em suma, o manejo eficaz da saúde do gado é essencial para a produtividade e o bem-estar dos animais. Ao identificar e prevenir doenças mais graves, os produtores não apenas protegem seus rebanhos, mas também garantem a sustentabilidade e o sucesso de suas operações. A expertise do Professor Doutor Iveraldo Dutra oferece insights valiosos e estratégias práticas para enfrentar os desafios sanitários no campo. Com a adoção das medidas recomendadas e uma vigilância constante, é possível reduzir significativamente os riscos e promover um ambiente saudável para o desenvolvimento dos bovinos. Continuar a investir em conhecimento e boas práticas é a chave para um futuro próspero na pecuária.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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