A tokenização de ativos está revolucionando a maneira como os produtores rurais acessam recursos financeiros um exemplo pioneiro dessa tecnologia é Valda, uma vaca holandesa da Fazenda Capão da Imbuia, no Paraná, que se tornou o primeiro animal do país a ser registrado como um ativo digital.
Você sabia que até mesmo o gado agora pode ser digitalizado e utilizado como garantia para crédito rural? No Brasil, o agronegócio movimenta mais de R$ 2 trilhões anualmente, e a busca por inovações que otimizem o setor nunca foi tão intensa.
Entre essas inovações, a tokenização de ativos está revolucionando a maneira como os produtores rurais acessam recursos financeiros. Um exemplo pioneiro dessa tecnologia é Valda, uma vaca holandesa da Fazenda Capão da Imbuia, no Paraná, que se tornou o primeiro animal do país a ser registrado como um ativo digital.
O que é a tokenização de vacas?
Tokenizar significa transformar algo físico em um ativo digital único, registrado em uma plataforma segura. No caso de Valda, isso incluiu a digitalização de informações detalhadas sobre sua saúde e bem-estar. Os dados foram armazenados em uma rede blockchain, tecnologia conhecida por garantir segurança, rastreabilidade e transparência.
Essa inovação foi concretizada pela startup brasileira Simple Token, em parceria com a agtech Cowmed. Enquanto a Simple Token liderou o processo de tokenização, a Cowmed forneceu coleiras inteligentes que monitoram em tempo real indicadores como ruminação, alimentação e descanso.
Como a tokenização está revolucionando o crédito rural
Com a tokenização, Valda e outras vacas da Fazenda Capão da Imbuia foram usadas como garantia digital para a obtenção de crédito. Segundo William Vriesman, dono da propriedade, o processo simplificou a negociação com bancos, pois os dados sobre a saúde das vacas são acessíveis diretamente pelas instituições financeiras.
A Simple Token busca facilitar o acesso ao crédito especialmente para pequenos e médios produtores. “Quanto maior o risco, maiores os juros. Reduzindo o risco para quem empresta, conseguimos reduzir os juros pagos pelo produtor”, explica Luiz Caldas Milano, diretor comercial da startup. A meta é viabilizar R$ 200 milhões em créditos para produtores até 2026, utilizando animais tokenizados como garantia.
Benefícios para os produtores
Para os pecuaristas, os ganhos da tokenização são inquestionáveis. O acesso ao crédito se torna mais rápido e seguro, reduzindo significativamente a burocracia tradicional. Antes da inovação, produtores enfrentavam desafios como a dificuldade de comprovar a saúde e qualidade dos animais oferecidos como garantia, além de taxas de juros elevadas devido ao alto risco percebido pelos bancos. Segundo um estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apenas 20% dos pequenos e médios produtores rurais conseguiam acesso a crédito formal em condições favoráveis.
Com o sistema de tokenização, o monitoramento constante da saúde do animal e a possibilidade de rastreamento em tempo real atraem maior confiança dos credores. Isso proporciona maior liquidez aos ativos dos pecuaristas e permite que eles invistam em melhorias como alimentação, infraestrutura e inovações genéticas, alavancando a produtividade e os resultados financeiros.
Impactos no mercado agropecuário
A tokenização tem o potencial de transformar profundamente o mercado agropecuário, aumentando a transparência das operações e atraindo investidores nacionais e internacionais. De acordo com a MarketsandMarkets, o mercado global de blockchain no agronegócio deve crescer de US$ 133 milhões em 2023 para US$ 948 milhões até 2028, um crescimento anual de 47,8%.
No Brasil, onde o agronegócio é responsável por cerca de 27% do PIB, a adoção dessa tecnologia pode resultar em maior eficiência e redução de riscos financeiros. Além disso, a tokenização pode abrir novas portas para investidores que buscam segurança e rastreabilidade em seus aportes. Um levantamento realizado pela Embrapa aponta que tecnologias que promovem transparência podem aumentar em até 25% o interesse de investidores no setor.
A legislação como ponto de partida
A implantação dessa solução foi possível graças à aprovação da PL 3019/2023, em junho de 2024, que regulamentou o uso de animais como garantia em operações financeiras. Isso abriu caminho para que fazendas como a Capão da Imbuia se tornassem pioneiras no uso dessa tecnologia.
Impactos no futuro do agro
Embora ainda seja um projeto-piloto, a tecnologia está ganhando terreno. A Simple Token já negocia com outros produtores no Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, e bancos começam a enxergar o potencial dessa solução. “Os credores entenderam bem como funciona o rastreamento dos animais dados em garantia. Isso facilitou os contratos e tive a liberação do dinheiro super rápido”, comemora Vriesman.
Um futuro promissor
O caso de Valda simboliza o início de uma revolução no crédito rural. Com mais produtores aderindo à tecnologia, o potencial para transformação do setor é imenso. Será que a ‘vaca tokenizada’ é o futuro do financiamento agropecuário? Tudo indica que sim.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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