Desafios e promessas: Veja perspectiva para a carne bovina em 2024

Em 2024, vislumbramos um panorama desafiador e promissor, onde as oscilações na oferta e demanda, as pressões geopolíticas, os fenômenos climáticos e as mudanças nos padrões de consumo desempenharão papéis cruciais; entenda

O mercado de carne bovina, elemento vital do agronegócio brasileiro, é caracterizado por uma interconexão complexa de fatores que moldam suas dinâmicas. Em 2024, vislumbramos um panorama desafiador e promissor, onde as oscilações na oferta e demanda, as pressões geopolíticas, os fenômenos climáticos e as mudanças nos padrões de consumo desempenharão papéis cruciais. À medida que o Brasil continua a consolidar sua posição como gigante referência global nas exportações de carne bovina, questões locais e internacionais se entrelaçam, influenciando não apenas a saúde econômica do setor, mas também seu impacto ambiental e social.

Nesta análise, exploraremos as perspectivas para o mercado de carne bovina em 2024, abordando questões que vão desde a produção e exportação até os desafios enfrentados pelos produtores, destacando a necessidade de estratégias inovadoras em um ambiente marcado pela volatilidade econômica e mudanças climáticas.

Macroeconomia

No cenário macroeconômico brasileiro para 2024, a aprovação de reformas estruturais, como um novo Marco Fiscal e uma Reforma Tributária sobre o Consumo (IVA), promete uma evolução benigna da inflação. Apesar dos cortes de juros iniciados pelo Banco Central, a política monetária ainda se mantém restritiva, e os efeitos defasados ganham destaque, impactando o crescimento do PIB, que perde impulso. Globalmente, a incerteza prevalece, com riscos geopolíticos e a dependência dos dados futuros para determinar o ciclo de altas de juros.

Proteína animal

O mercado de proteína animal em 2024 enfrentará volatilidade devido a fatores climáticos, geopolíticos, riscos sanitários e poder de compra da população. Barreiras comerciais continuam desafiando as exportações, especialmente em meio à baixa previsibilidade. No segmento bovino, a oferta elevada permanece como desafio, com a desvalorização recorde do boi gordo em 2023. O consumo per capita deve se recuperar em 2024, impulsionado por projeções de aumento nas importações chinesas.

carne bovina
Foto: Divulgação

Desafios climáticos e mercado externo

O primeiro semestre de 2024 enfrentará desafios climáticos, com atenção especial à região Sul e ao El Niño. A oferta de vacas abatidas deve permanecer elevada, impactando as cotações do bezerro. As projeções indicam instabilidades nas chuvas na região Centro-Oeste, mas a forma de distribuição pode influenciar os resultados. Em regiões com precipitações adequadas, a qualidade da pastagem favorecerá a engorda do gado, impactando as negociações.

Perspectivas de produção e exportação

Após aumentos significativos no efetivo do rebanho bovino em 2021 e 2022, espera-se um novo aumento recorde de 1 a 2% na produção de carne bovina em 2024. As exportações, lideradas pela China, devem continuar crescendo, com aumento nas importações chinesas. A competição com a Nova Zelândia e Austrália, impulsionada pelo aumento na produção destes países, destaca-se no mercado internacional.

Desafios locais e oportunidades de exportação

A manutenção de preços menores da ração no mercado local favorecerá os custos do confinamento na segunda metade do ano. No entanto, a competitividade das carnes de frango e suína em relação à carne bovina aumentará. A volatilidade nos preços do boi gordo exige eficiência e produtividade, enquanto o avanço de casos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) eleva os riscos para o setor avícola.

Uso de derivativos como estratégia de mitigação

O ambiente de volatilidade nos preços do boi gordo destaca a importância do uso de ferramentas como derivativos para garantia de margens e mitigação dos riscos. Essas ferramentas tornam-se cruciais para os players do agronegócio enfrentarem a instabilidade do mercado. Entenda melhor a seguir:

Uso de derivativos

O uso de derivativos no mercado de carne bovina desempenha um papel fundamental como estratégia de mitigação de riscos, oferecendo aos produtores e demais participantes da cadeia de suprimentos uma ferramenta eficaz para enfrentar a volatilidade inerente ao setor. Aqui estão alguns aspectos relevantes sobre o uso de derivativos como estratégia de mitigação:

Proteção contra flutuações de preços

Os derivativos, como contratos futuros e opções, permitem que os produtores protejam seus negócios contra as flutuações nos preços do boi gordo. Isso é crucial dada a natureza volátil do mercado, sujeito a influências variadas, como condições climáticas, geopolíticas e demanda global.

Garantia de margens

Os derivativos proporcionam uma maneira de garantir margens de lucro, essenciais para a sustentabilidade financeira dos produtores. Ao fixar preços futuros por meio de contratos, os participantes conseguem planejar suas operações com maior previsibilidade, independentemente das oscilações do mercado.

Estratégias de hedging

O hedging é uma prática comum no uso de derivativos, onde os produtores se protegem contra possíveis perdas financeiras. Por exemplo, um produtor pode adotar contratos futuros para garantir um preço mínimo para sua produção, minimizando os impactos negativos de quedas súbitas nos preços.

Flexibilidade na gestão de riscos

Opções de derivativos oferecem flexibilidade na gestão de riscos. Produtores podem escolher entre diversas estratégias, como comprar opções de venda para se proteger contra quedas nos preços ou opções de compra para se beneficiar de possíveis aumentos.

Acesso a mercados internacionais

Para exportadores, o uso de derivativos é crucial ao lidar com a complexidade do comércio internacional. Estratégias de hedge podem proteger contra riscos cambiais e flutuações nos preços internacionais, permitindo uma maior previsibilidade nas transações globais.

Instrumentos personalizados

Derivativos podem ser adaptados às necessidades específicas de cada participante do mercado. Isso permite a criação de estratégias personalizadas de acordo com o perfil de risco e objetivos de cada produtor, trader ou empresa na cadeia de suprimentos.

Gerenciamento de custos de produção

Além de lidar com riscos de preços, derivativos também podem ser utilizados para gerenciar custos de produção. Contratos futuros de insumos, como ração animal, podem ser explorados para estabilizar os custos operacionais.

Em resumo, o uso estratégico de derivativos oferece uma camada crucial de proteção e estabilidade no mercado de carne bovina, capacitando os participantes a enfrentar os desafios inerentes ao setor e aprimorar a gestão de riscos em um ambiente dinâmico e complexo.

O que esperar do mercado de carne bovina em 2024?

Em 2024, o mercado de carne bovina no Brasil enfrentará um cenário desafiador, marcado por uma delicada balança entre oferta e demanda. A persistente oferta elevada, especialmente na primeira metade do ano, continuará desafiando o equilíbrio do setor, com abates de fêmeas e a manutenção de estoques machos impactando os níveis de oferta. As projeções de aumento nas exportações para a China oferecem uma perspectiva otimista, mas a competição internacional, impulsionada pela produção crescente da Nova Zelândia e Austrália, exigirá uma maior competitividade do Brasil nos mercados globais.

Divulgação/Abiec

Além disso, a influência de fatores externos, como condições climáticas e eventos geopolíticos, destaca a necessidade de uma abordagem estratégica e adaptativa por parte dos participantes do setor. A busca contínua por práticas sustentáveis e o uso de tecnologias inovadoras emergem como elementos essenciais para o futuro, enquanto desafios sanitários, como a ameaça de IAAP, ressaltam a importância do uso de derivativos para mitigação de riscos. Em suma, a capacidade de antecipar e responder de maneira eficaz a essa complexa interseção de variáveis será crucial para o êxito e a sustentabilidade no dinâmico mercado de carne bovina em 2024.

Escrito por Compre Rural com informações do Robobank Brasil.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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