Nas regiões do Brasil Central, aonde grande parte do rebanho bovino é criado a pasto, a estação chuvosa traz consigo o crescimento ativo das gramíneas tropicais.
Na busca por compreender melhor os desafios e oportunidades que a estação chuvosa traz para o manejo nutricional do gado leiteiro, O Presente Rural entrevistou André Novo, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária sudeste. Com vasta experiência na área de pecuária, André compartilha seu conhecimento e expertise para auxiliar pecuaristas na compreensão das principais mudanças e adaptações necessárias durante esse período.
Ele explica que nas regiões do Brasil Central, onde grande parte do rebanho bovino é criado a pasto, a estação chuvosa traz consigo condições favoráveis para o crescimento ativo das gramíneas tropicais. O aumento da luminosidade, temperatura e umidade cria um ambiente propício para o rápido crescimento das pastagens, o que pode tanto potencializar a produtividade por área como afetar o desempenho animal se o manejo nutricional não for adequadamente ajustado.
“A maior parte do rebanho bovino no Brasil Central é criado a pasto, onde durante a primavera e o verão estão presentes as condições de luz, temperatura e umidade para o crescimento ativo das gramíneas tropicais. Para estas espécies, quanto mais luz e mais calor, maior a taxa de acúmulo de forragem. Em outras palavras há uma grande produção de matéria seca em curto espaço de tempo e consequentemente há um enorme potencial de ter alta produtividade por área. Por outro lado, o desempenho animal pode ser afetado pelos mesmos fatores: excesso de calor e chuvas podem reduzir a performance de cada animal se o ambiente não for devidamente ajustado. São comuns a queda de produção quando não há cuidados com a ambiência dos animais no que se refere a falta de sombras adequadas, horários de pastejo, excesso de lama nas áreas de descanso e nos corredores, bebedouros muito distantes ou mal dimensionados entre outros fatores”, alerta o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste.
Manejo
Ele também destaca os principais nutrientes a serem considerados no manejo nutricional e as possíveis deficiências comuns que requerem atenção especial. A busca pela eficiência e qualidade no manejo nutricional de sistemas de leite é essencial para garantir a sustentabilidade e rentabilidade das propriedades rurais, mas o trabalho não é tão simples quanto pode parecer ser. “O rápido crescimento das pastagens na época do verão pode ser um desafio para rebanhos leiteiros manejados a pasto. Não é fácil ajustar a lotação em pastagens que crescem de forma muito vigorosa, às vezes 3 a 5 cm ao dia. Isso requer uma atenção diária no ajuste da oferta de forragem para o rebanho. Se o produtor não ficar atento pode haver facilmente sobra de forragem, maior altura de pastejo, maiores perdas nos pastejos seguintes, entre outras. Pode ainda haver menor qualidade se o pastejo não for bem feito”, destaca.
De modo geral, ponta André Novo, em sistemas rotacionados, intensivos e bem manejados, é possível obter bom consumo de matéria seca de forragem fresca com bom teor de proteína bruta e médio teor de energia na dieta. “Dessa forma o desafio para dietas equilibradas em vacas de maior produção fica por conta da energia a ser fornecida pelo concentrado. Muitos produtores têm usado a silagem de milho ou sorgo rehidratado como uma alternativa de alta qualidade e menor custo quando comparado as demais opções de concentrado energético”, orienta o pesquisador da Embrapa.
Deficiência nutricionais
As possíveis deficiências nutricionais comuns no gado leiteiro durante a estação chuvosa estão diretamente relacionadas às mudanças nas condições climáticas e no crescimento das pastagens. Durante esse período, podem ocorrer algumas carências nutricionais que afetam o desempenho e a saúde dos animais.
É importante destacar que as deficiências nutricionais e os ajustes na dieta podem variar de acordo com a região, o tipo de pastagem e as características do rebanho. Por isso, é fundamental que os pecuaristas busquem orientação técnica especializada para desenvolver um plano de manejo nutricional adequado para suas propriedades e condições específicas durante a estação chuvosa.
Confira algumas das deficiências mais comuns e exemplos de ajustes na dieta que podem ser feitos para enfrentar esses desafios.
Deficiência de energia: Com o rápido crescimento das pastagens durante a estação chuvosa, pode haver excesso de matéria seca disponível, o que dilui o teor de energia por quilograma de forragem. Essa redução na densidade energética da dieta pode levar à queda na produção de leite e ao desempenho insatisfatório do rebanho leiteiro.
Ajuste na dieta: Para suprir a deficiência de energia, os pecuaristas podem aumentar o fornecimento de concentrado energético na alimentação do gado leiteiro. Isso pode ser feito através da inclusão de alimentos como silagem de milho ou soro reidratado. A oferta de alimentos concentrados deve ser ajustada conforme as necessidades do rebanho e a qualidade das pastagens disponíveis.
Deficiência de proteína: Embora o crescimento vigoroso das pastagens proporcione alta taxa de acúmulo de forragem, a concentração de proteína bruta pode ser reduzida nesse período. A falta de proteína na dieta pode comprometer o desenvolvimento muscular, a produção de leite e a reprodução dos animais.
Ajuste na dieta: Para evitar a deficiência de proteína, os pecuaristas podem incluir fontes proteicas de alta qualidade na alimentação do gado leiteiro. Alimentos como farelo de soja, farelo de algodão e torta de algodão são opções comumente utilizadas para aumentar o teor de proteína na dieta do rebanho.
Deficiência de minerais e vitaminas: Durante a estação chuvosa, pode ocorrer lixiviação do solo, levando à redução dos níveis de minerais nas pastagens. Além disso, a menor exposição solar pode afetar a síntese de algumas vitaminas essenciais para o gado.
Ajuste na dieta: Para prevenir a deficiência de minerais e vitaminas, os pecuaristas podem fornecer suplementos minerais e vitamínicos adequados à dieta do gado leiteiro. A escolha dos suplementos deve ser baseada em análises do solo e do perfil nutricional do rebanho.
Desafios com manejo do pastejo: Com o crescimento rápido das pastagens, o manejo do pastejo se torna mais desafiador, e o rebanho pode acabar desperdiçando forragem ou pastejando em alturas inadequadas.
Ajuste na dieta: Para otimizar o manejo do pastejo, os pecuaristas podem adotar o sistema de manejo rotacionado, dividindo as pastagens em piquetes menores e ajustando a lotação conforme o crescimento das gramíneas. Isso permite um aproveitamento mais eficiente da forragem disponível e reduz o desperdício.
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Fonte: O Presente Rural
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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