Desafios de expansão do sistema de Plantio Direto na região do Matopiba

Plantio Direto gera ganhos aos produtores, prevenção de doenças de solo e raízes, produtividade e menor uso de máquinas são alguns dos fatores.

O Sistema de Plantio Direto (SPD) é uma tecnologia com base conservacionista, que começou a ser desenvolvido no Brasil há aproximadamente 30 anos e atualmente é uma técnica bastante difundida entre os agricultores, tendo uma grande evolução na região do Matopiba. O SPD visa diminuir o impacto da agricultura e das máquinas agrícolas sobre o solo.

De acordo com o presidente da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação – FEBRAPDP, Jônadan Hsuan Min Ma, a federação busca o fomento e o desenvolvimento do Sistema Plantio Direto, o qual envolve não apenas os preceitos básicos, tais como, o não revolvimento do solo, a cobertura permanente do solo e a diversificação de plantas na rotação de cultivos, mas também o restabelecimento pleno do equilíbrio físico, químico e biológico, mantendo um sistema sustentável de produção, permitindo economia no uso de insumos e a potencialização da capacidade produtiva das plantas em equilíbrio com o solo e o meio ambiente.

“Todos estes fatores somados e bem trabalhados geram resultados que realmente condizem com a agricultura sustentável. Que procura devolver a terra a condição mais natural possível, onde ela possa produzir um alimento saudável, de qualidade e que contenha condições de preservação máxima do nosso meio ambiente”, destacou.

As espécies em uso para cobertura vegetal no plantio direto dependem essencialmente da região e do clima. No cerrado, as principais espécies utilizadas são: braquiárias, crotalárias e milheto, e essencialmente o consórcio milho e braquiária que é uma tecnologia onde se cultivam as duas espécies juntas, tendo como objetivo a produção de grãos e palha sucessivamente.

De acordo com o agricultor e multiplicador de sementes Kleber Sosnoski, as áreas têm que ser muito bem corrigidas antes de se iniciar um trabalho de plantio direto. A condução de uma área é muito mais complexa do que simplesmente dessecar e implantar uma cultura sem fazer o preparo do solo. “Temos que ser criativos, pois o sistema tem que se encaixar na rotina dos empresários rurais. Além disso, temos que ter mais trabalhos de pesquisas para validar as inúmeras tentativas e modelos locais feitos pelos produtores”, disse.

Sosnoski também afirma que são inúmeros os desafios na condução do SPD. “Observei que os maiores desafios começam em nós mesmos, como agricultores e como técnicos responsáveis pela mudança. Temos que sair da zona de conforto, acreditar e nos empenhar ao máximo para termos o melhor resultado possível. Por fim temos que trazer resultados econômicos vinculados ao sistema, mostrando que é sustentável e ao mesmo tempo eficiente”, afirmou Kleber.

Segundo o produtor rural do oeste baiano e também vice-presidente da FEBRAPDP, Luiz Pradella, o Sistema de Plantio Direto é a construção de uma ideia que se desenvolve dentro de uma propriedade de acordo com a aptidão do terreno. “Com as técnicas aplicadas é feito uma espécie de tampão no solo que o protege da temperatura, evita a transpiração e ajuda na subida de água presente. Quanto maior o número de espécies na rotação de cultura, melhor o resultado. É um aprendizado para o produtor que faz o plantio direto, com a questão da combinação de espécies diferentes e adaptadas a cada região. Os ganhos finais acabam sendo na prevenção de doenças de solo e raízes, na produtividade não somente de grãos e plumas, mas também das máquinas, pois assim o produtor garante menor uso de máquinas em uma maior área, diminuindo o custo de produção”, disse Pradella.

“Percebemos que o grande limitante hoje no Matopiba é o resgate da vida do solo, que precisa ser rico em biologia, rico em vida e que necessita ser trabalhado com uma visão sistêmica do processo. Então esta região é um grande desafio para nós, devido a limitação do clima do cerrado. É um desafio que aceitamos enfrentar e vemos boa disposição por partes dos produtores para que novas informações, inovações e tecnologias possam ser adotadas”, enfatizou Jônadan.

O presidente da Associação dos Produtores de Sementes dos Estados do Matopiba – Aprosem, Celito Missio, destaca que a prática do Sistema de Plantio Direto tem aumentado significante nos últimos anos na região e enfatiza a importância do sistema, que tem trazido inúmeros benefícios para a saúde e conservação do solo, proporcionando uma agricultura mais sustentável.

Via Ascom Aprosem

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