A seca na Argentina caiu como uma luva para os produtores brasileiros de milho, que vinham tendo dificuldades para escoar os elevados estoques acumulados em 2017.
Além de motivar a alta dos preços no mercado internacional, as intempéries no vizinho ampliaram a demanda pelo cereal do Brasil. A demanda também cresceu em razão das rusgas entre o governo Trump e o México.
Em busca de novos fornecedores, os mexicanos têm recorrido mais ao milho brasileiro. Segundo Andrea de Sousa Cordeiro, analista da Labhoro Corretora, em alguns casos oferecendo até mais do que pagariam pelo produto dos Estados Unidos.
Com esses “estímulos”, em janeiro os embarques de milho pelo porto de Santos, por exemplo, aumentaram 193,1% na comparação com o mesmo mês de 2017, para 1,7 milhão de toneladas. Em janeiro, a demanda externa foi ao encontro da disposição dos produtores brasileiros em vender – até para abrir espaço nos armazéns para mais uma grande safra de soja -, o que já não aconteceu em fevereiro.
Embora cerealistas e cooperativas ainda tenham em estoque cerca de 18 milhões de toneladas de milho, muitos produtores voltaram a segurar as vendas no mês passado à espera de preços melhores. Mas a estratégia deverá ter vida curta, já que a colheita de soja não terminou e o volume da oleaginosa a ser armazenado é grande.
Ainda que o Brasil seja o segundo maior exportador de milho do mundo, o mercado doméstico absorve cerca de 70% da produção. Daí porque os frigoríficos de aves e suínos instalados no país também estarem na corrida pelo produto.
Apesar dos estoque elevados no país, todas as projeções indicam que a disponibilidade vai diminuir nos próximos meses, sobretudo no segundo semestre, já que as estimativas para a produção no Brasil nesta safra 2017/18 indicam que haverá forte queda em relação ao ciclo passado. A partir de então será possível esperar altas mais sustentadas dos preços da commodity.
Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.