“Deixar o pasto sementear antes do primeiro pastejo”: Verdade ou mito?

Quem nunca ouviu aquela famosa frase de que é preciso “Deixar o pasto sementear antes do primeiro pastejo”? Pois é, vamos desmitificar essa fala e entender se é verdade ou mito.

No mundo da pecuária, muitas práticas se perpetuam ao longo do tempo, sendo transmitidas de geração em geração. Uma dessas tradições é a crença de que é necessário deixar o pasto sementear antes do primeiro pastejo.

Mas será que isso realmente é necessário? No caso do capim Paredão, uma variedade de pastagem bastante comum no sistema rotativo, a resposta pode surpreender.

Capim Paredão

O capim Paredão, uma variedade do capim MG-12, é amplamente reconhecido por sua alta produtividade e resistência. Para otimizar seu desempenho, um manejo adequado é fundamental. Especialistas recomendam que o início do pastejo ocorra quando a altura do capim estiver entre 80 e 90 cm, e a saída dos animais deve ser feita quando o capim atingir entre 25 e 30 cm.

Historicamente, a prática de deixar o pasto sementear antes do primeiro pastejo tinha como objetivo garantir a qualidade das sementes, especialmente em épocas em que a oferta de sementes de alta qualidade era limitada. Contudo, com os avanços tecnológicos, a qualidade das sementes forrageiras no Brasil melhorou significativamente. Em 2024, o índice de amostras reprovadas em análises de qualidade de sementes caiu para 60%, refletindo um progresso contínuo na qualidade das sementes disponíveis no mercado.

Por que não é mais necessário deixar o pasto sementear?

A prática de deixar o pasto sementear antes do primeiro pastejo fazia sentido em uma época de escassez de sementes de boa qualidade. Naquele período, as sementes disponíveis apresentavam baixa taxa de germinação, o que comprometia a formação do pasto e exigia mais tempo para alcançar uma boa cobertura. No entanto, com a evolução da tecnologia e a melhoria da qualidade das sementes, a necessidade de deixar o pasto sementear praticamente desapareceu.

Hoje, as sementes de alta qualidade, com germinação superior a 90%, garantem uma boa formação do pasto desde o início. Deixar o capim crescer excessivamente antes do pastejo pode prejudicar a qualidade da forragem. Quando o capim atinge uma altura muito superior à recomendada, ele acumula mais fibra e perde proteína, o que reduz a palatabilidade e o valor nutricional para os animais.

Deixar o capim crescer excessivamente antes do pastejo pode resultar em aumento do teor de fibra e redução do teor de proteína, comprometendo a qualidade nutricional da forragem.

O impacto do primeiro pastejo no pasto

O primeiro pastejo não deve ser planejado com foco exclusivo nos animais, mas sim no pasto. O objetivo é estimular o perfilhamento da planta, ou seja, incentivar o crescimento de novos brotos para garantir que o capim se mantenha produtivo ao longo do tempo. Se o capim crescer demais antes do pastejo, a base das touceiras pode ficar sombreada, dificultando a formação de novos brotos e prejudicando a produtividade da pastagem.

Uma prática essencial para garantir que o pasto esteja pronto para o pastejo é o teste do arranquio. Esse teste consiste em simular o pastejo puxando as plantas com força para verificar se elas são facilmente arrancadas da raiz. Isso garante que, mesmo no primeiro pastejo, as plantas sejam apenas aparadas na parte superior, permitindo que se regenerem e cresçam continuamente.

Como garantir um bom manejo?

Para garantir o sucesso do manejo e da entrada dos animais no primeiro pastejo, é fundamental adotar boas práticas agrícolas, como calagem e adubação adequadas, além de utilizar sementes de alta qualidade. Com essas ações, o capim não será arrancado pelos animais, e o pasto terá as condições ideais para regenerar e sustentar o rebanho ao longo da temporada.

O primeiro pastejo deve ser feito com animais de porte mais leve, para evitar sobrecarregar a pastagem e permitir que a planta se recupere rapidamente. A entrada dos animais deve ocorrer quando o pasto atingir a altura ideal, e o teste do arranquio deve ser feito para garantir que a planta não será danificada de forma irreversível.

Impacto do Manejo no Desempenho da Pastagem

Deixar o capim crescer excessivamente antes do pastejo pode resultar em aumento do teor de fibra e redução do teor de proteína, comprometendo a qualidade nutricional da forragem. Além disso, plantas muito altas podem sombrear a base das touceiras, dificultando o surgimento de novos brotos e comprometendo a regeneração da pastagem.

O Teste do Arranquio

Uma prática recomendada para assegurar que o pasto está pronto para o pastejo é o teste do arranquio. Esse teste consiste em simular o pastejo puxando as plantas com força para verificar se elas são arrancadas da raiz. Se as plantas resistirem ao arranquio, significa que estão aptas para o pastejo, garantindo a integridade da pastagem e o bem-estar dos animais.

A ideia de que é necessário deixar o pasto sementear antes do primeiro pastejo é um mito que já não se aplica mais, especialmente com o avanço das sementes de alta qualidade e das boas práticas de manejo. O segredo para o sucesso está em observar a altura correta da planta, usar sementes de boa qualidade, realizar o teste do arranquio e, claro, sempre focar no manejo adequado da pastagem, priorizando a saúde e o desenvolvimento da planta para garantir o bem-estar do rebanho.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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